Deus ordenou que Moisés erguesse um altar de
terra (Ex 20,24). Não sem intenção, pois o altar, como logo veremos, representa
Jesus Cristo, e assim o Senhor anunciava ao mundo, segundo S. Boaventura, que
seu Filho se tornaria terra e poeira pela Encarnação. Deus quis ainda que se
Lhe elevasse outro altar, desta vez de pedra, de pedra bruta, caso contrário,
ele teria sido contaminado pelo contato do sisal do operário.
Não percamos de vista
o que dissemos, o altar figura Jesus Cristo. Ora, os santos Padres ensinam que
o Salvador é apto, por ser sem pecado, a fazer parte do templo espiritual e
imperecível do qual Ele é a pedra angular, sem sofrer com isso, qualquer
preparação. A pedra que não necessita ser polida para tornar-se um altar santo,
o representava, então, de uma maneira admirável. Também, para figurar sua misericórdia,
e a santa unção derramada por Deus Pai sobre sua adorável humanidade, que no
deserto, Jacó derramava óleo sobre o altar de Betel.
A fim de recordar a
montanha do Calvário, o altar dos cristãos foi elevado acima do solo e dominado
pelo símbolo sagrado de nossa Redenção.
O Altar ou Jesus Cristo
A Igreja fez do altar
uma figura de Jesus Cristo, que ela chama em sua liturgia de o altar
de Deus. O altar propriamente dito, ou seja, a parte sobre o qual
repousam as santas espécies, deve ser sempre de pedra, porque a pedra é um dos
símbolos de Nosso Senhor.
Os testemunhos da
Escritura sobre isso são abundantes. S. Paulo chama Cristo de .a pedra
principal e angular (Ef 2,20).
Em uma visão profética, o Salvador aparece para Daniel sob o símbolo .de uma
pedra desprendida da montanha, que se torna, por sua vez, uma grande montanha
que cobre toda a face da terra (Dn 2,45).
O Rei-profeta também
diz que: a pedra rejeitada pelos construtores se tornou a pedra principal e
angular (Sl 117)passagem que sempre foi
aplicada a Jesus Cristo. Enfim, as águas jorrando do rochedo sob a vara
poderosa de Moisés e refrescando Israel no deserto, não era uma figura
profética de Jesus Cristo, pedra divina, que refresca por seu sangue, que jorra
pela lança do soldado, o povo da nova aliança? Esta é a doutrina do grande
Apóstolo (Cor 10,14).
Colocam-se três grãos
de incenso no túmulo escavado no interior da pedra em memória dos diferentes perfumes
que Jesus recebeu em sua sepultura: os aromas de José de Arimatéia, de Maria
Madalena e das santas mulheres.
As relíquias que ali
são depositadas significam a união estreita e inseparável de Jesus Cristo com
seus santos mortos, em sua graça e em seu amor.
As sete aspersões
feitas em torno do altar ilustram a efusão dos sete dons do Espírito Santo derramados sobre a pessoa adorável de Jesus Cristo. Também achamos aí uma
imagem dos sete sacramentos que brotam do coração de Jesus imolado.
O altar propriamente dito, seja qual for sua dimensão, é feito de uma única pedra para melhor representar a unidade da pessoa em Jesus Cristo. Esta pedra inteira não é, ela também, uma alusão a esta circunstância predita pelo profeta, que o Cordeiro divino não teria nenhum osso quebrado sobre a cruz?
Se ainda resta alguma dúvida sobre a verdade desse simbolismo, o despojamento e a lavagem dos altares com vinho e água no sábado santo bastariam para dissipá-los. No espírito da Igreja agoniada,
Nosso Senhor é naquele dia despojado de tudo, de sua glória, de seus amigos, de suas vestes, e lavado no sangue e na água jorrando de seu lado.
Compreendemos agora porque estas toalhas sobre o altar, e esta guarnição que o cerca? Por que os incensamentos? Por que esses beijos respeitosos que ali deposita o padre?
As toalhas devem ser no número três, sempre de linho ou cânhamo, para representar o sudário e os outros mantos cuja piedade dos discípulos envolvera no corpo do Salvador antes de colocá-lo no sepulcro. A guarnição em torno do altar é como uma diadema real sobre a augusta fronte que os judeus coroaram de espinhos.
O padre envolvendo o altar de perfumes e da fumaça do incenso, ali colocando afetuosamente seus lábios, nos recorda, entre outras obras, Maria Madalena derramando seu perfume precioso sobre a cabeça de Jesus, e as santas mulheres beijando seus pés sagrados.
Além do mais, esse simbolismo do altar inicia a alma cristã na inteligência de várias cerimônias, geralmente incompreendidas. Se o padre abençoa o cálice e a hóstia, ele tem a mão esquerda posta sobre o altar; se ele reza em união com Nosso Senhor, ele toca o altar e ali apóia de algum modo sua fraqueza; se ele deseja a paz aos fiéis, ele beija antes o altar. Como compreender o sentido dessas cerimônias se ignorarmos que o altar representa Jesus Cristo, fonte de toda benção, o mediador poderoso que quer unir nossas orações às suas, o autor e dispensador de toda paz?
Luzes do Altar
A Igreja proíbe que seja celebrado o culto sem luzes. Ela quer que se empregue cera, para as velas do altar, e óleo, para as lâmpadas do santuário. Estas prescrições deixam entrever algo de misterioso grande nas luzes do templo. Estudemos essas riquezas e esses mistérios.
Cada coisa tem sua razão de ser na religião, como em todo objeto de nosso conhecimento. Buscar estudar, saber essa razão de ser, é buscar Deus, diz o sábio cardeal Cusa; é estudar a face do Verbo que está por toda parte (como criador de todas as coisas).
Que vasto horizonte se desenrola diante de nós! Jesus Cristo por toda parte e em tudo41. Deus pôde gravar na criação a nota de seu ser, e, a cada passo, ela nos oferece o selo da Santíssima Trindade. O tempo, nas três épocas que o constituem; a natureza, em seus três reinos; a matéria, em suas três dimensões; a alma, em suas três faculdades.
A Igreja é a criação de Jesus Cristo. Ela é seu reino. É, então admirável que Ele tenha colocado em todo lugar sua marca e seu selo? Encontramos Jesus Cristo no altar, com seu sudário, sua faixa, suas cinco cruzes, seus três grãos de incenso. Nós o achamos no padre e no templo. Vamos agora buscá-lo nas luzes do santuário.Há, diz Pedro d.Esquelin, na vela acesa, três coisas que existem em Jesus Cristo: a cera, casto produto da abelha, significa a carne pura do Salvador, nascido da Virgem imaculada; o pavio, envolto na cera designa sua alma santíssima, escondida sob o véu da carne; e a chama é o emblema de sua divindade.
Examinemos em detalhe esse simbolismo. Maria é chamada, na língua piedosa da Idade Média, a abelha mística. Como aquela, ela vivia entre os lírios, e hoje ela habita a pátria florida dos anjos. Ela passa seus dias em Nazaré, e este nome gracioso quer dizer flor. Ela traz para terra o mel da misericórdia, como no canto do Esposo nos Cânticos (Ct 4,11).
Assim, a brancura da vela designa a pureza da carne do Salvador. Se a cera da vela lembra a humanidade de Jesus, o fogo simboliza sua divindade. Frequentemente, Deus se manifestou sob esta forma. Basta citar a sarça ardente, o Sinai, a coluna de fogo no deserto, o tabernáculo e o Cenáculo.
Nosso Senhor não se nomeia em diversos momentos como a luz do mundo? Onde achar, com efeito, um simbolismo mais expressivo da divindade? De todos os elementos, o fogo é o menos material, se
aproximando da
substância espiritual. Ele (o fogo) está por toda a parte. O céu sulcado por um
raio, o oceano sob ação do sol nos trópicos, as praias de areia do deserto, a
lava expelida pela terra, nos mostram o fogo, por assim dizer, como Deus na
imensidão. Ele produz ao mesmo tempo a luz e o calor, viva imagem da geração do
Filho, luz das inteligências, e da pocessão do Espírito Santo, calor das almas.
OS
CASTIÇAIS DO ALTAR
Após a instrução que permitiu os castiçais sobre o altar, a Igreja limitou seu número entre seis e sete, dispostos de tal modo que, dominados pela cruz, eles decrescessem formando uma espécie de triângulo.
Quanto a seu significado, ele nos é dado por S. João no Apocalipse: Vi, diz ele, sete castiçais de ouro, e estes sete castiçais são as sete igrejas.
Inocêncio III diz expressamente que os dois castiçais prescritos para a celebração da Missa baixa significam os dois povos, os judeus e os pagãos. Sua luz é a fé que os ilumina. Entre os dois castiçais brilha a cruz no meio do altar. Ela é o troféu daquele que, mediador entre os dois povos, recebeu as homenagens dos pastores da Judéia e dos magos do Oriente.
As bases dos castiçais do altar são ordinariamente formadas de patas ou garras de animais. Evidentemente, e este pensamento não escapou aos liturgistas, há aí uma alusão aos animais que Ezequiel viu e que era a profecia figurada dos Evangelistas. Do que temos dito sobre o sentido da luz e dos castiçais, se compreende facilmente porque de tal memória.
OBS:
Evidentemente se trata do Rito Romano (em Latim) e dos outros ritos aceitos
pelo papa São Pio V.
Na missa
inventada por Paulo VI é muito difícil enxergar toda essa beleza e sacralidade
descrita acima, pois, é uma missa inspirada não em princípios católicos e sim,
protestante, ver aqui e aqui.
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