terça-feira, 11 de novembro de 2014

juízo e castigo dos pecadores



Considera o fim em tudo que fazes, como terás que te apresentar diante de um juiz que julga segundo a justiça e a quem nada escapa nem se deixa iludir com benesses nem com vãs desculpas.
Pobre e insensato quem teme contrariar os homens e não sabe o que responder a Deus por seus pecados!
Como não te preparas para o dia do juízo? Cada um, então, suportará sozinho o peso de seus pecados, sem ser defendido por outros ou poder se desculpar.
Hoje teu esforço é compensado, tuas lágrimas aceitas, teus clamores ouvidos e tua dor é satisfatória e purificadora.
Grande, salutar e purificadora é a paciência que suporta as injúrias, levando-nos a sofrer mais com a malícia dos que nos ofendem do que com a própria dor, a orar por eles e a lhes conceder perdão, estando prontos a perdoá-los mais do que a nos irritar com eles, reprimindo, pois, nossos impulsos espontâneos e deixando-nos conduzir inteiramente pelo espírito.

É muito melhor purificarmo-nos agora dos pecados e corrigir os maus hábitos do que deixar isso para vida futura
Precisamos nos convencer de que o apego às nossas próprias inclinações nos pode facilmente iludir.
Só os pecados serão eliminados por aquele fogo.
Quanto mais os evitares, deixando de seguir tuas próprias inclinações, menos oferecerás matéria a ser eliminada.
Os frouxos serão punidos com aguilhões ardentes, os gulosos, com fome e sede.
Os luxuriosos, dados aos prazeres lascivos, serão cobertos de piche e de enxofre e, por causa da dor, uivarão como cães raivosos.
Cada vício terá então seu próprio castigo.
Os vaidosos serão completamente envergonhados e os avaros relegados à mais extrema miséria.
A simples obediência contará então mais do que toda astúcia deste mundo.
A consciência simples e pura trará mais alegria do que um notável saber filosófico.
Mais peso terá o desprezo das riquezas do que todos os tesouros da terra.
A oração trará mais consolações do que os alimentos sofisticados.
O silêncio terá sido mais precioso do que as longas trocas de ideias.
As boas obras valerão mais do que as belas palavras.
A vida austera e a dura penitência valerão mais do que todos os prazeres mundanos.
Aprende, pois, agora a sofrer um pouco para então te libertares de pesos maiores.
Experimenta agora o que virias a sofrer depois.
Se mal consegues suportá-los agora, como poderás suportar o castigo eterno? Se uma pequena contrariedade te torna impaciente, que será de ti quando estiveres no inferno?
As alegrias deste mundo não são compatíveis com as futuras, no reino com Cristo.
As honras e prazeres em meio aos quais vives nos dias de hoje de nada te adiantariam se viesses a morrer de repente. Tudo é vaidade (Ecl 1:2), exceto amar a Deus e a ele somente servir.
Que ama a Deus de todo coração não teme a morte, nem os castigos, nem o juízo nem o inferno, pois o amor, quando perfeito, nos assegura o acesso a Deus.
Não admira que tema a morte e o juízo quem ainda encontra prazer em pecar.
Se, contudo, o amor não te afasta do mal, é melhor que o medo do inferno te retenha.
Quem, no entanto, despreza o temor de Deus, não conseguirá de forma alguma se libertar das astúcias do diabo.
 
Imitação de Cristo – Tomás de Kempis
 

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