Considera o
fim em tudo que fazes, como terás que te apresentar diante de um juiz que julga
segundo a justiça e a quem nada escapa nem se deixa iludir com benesses nem com
vãs desculpas.
Pobre e
insensato quem teme contrariar os homens e não sabe o que responder a Deus por
seus pecados!
Como não te
preparas para o dia do juízo? Cada um, então, suportará sozinho o peso de seus
pecados, sem ser defendido por outros ou poder se desculpar.
Hoje teu
esforço é compensado, tuas lágrimas aceitas, teus clamores ouvidos e tua dor é
satisfatória e purificadora.
Grande,
salutar e purificadora é a paciência que suporta as injúrias, levando-nos a
sofrer mais com a malícia dos que nos ofendem do que com a própria dor, a orar
por eles e a lhes conceder perdão, estando prontos a perdoá-los mais do que a
nos irritar com eles, reprimindo, pois, nossos impulsos espontâneos e deixando-nos
conduzir inteiramente pelo espírito.
É muito
melhor purificarmo-nos agora dos pecados e corrigir os maus hábitos do que
deixar isso para vida futura
Precisamos
nos convencer de que o apego às nossas próprias inclinações nos pode facilmente
iludir.
Só os pecados
serão eliminados por aquele fogo.
Quanto mais
os evitares, deixando de seguir tuas próprias inclinações, menos oferecerás
matéria a ser eliminada.
Os frouxos
serão punidos com aguilhões ardentes, os gulosos, com fome e sede.
Os luxuriosos,
dados aos prazeres lascivos, serão cobertos de piche e de enxofre e, por causa
da dor, uivarão como cães raivosos.
Cada vício
terá então seu próprio castigo.
Os vaidosos
serão completamente envergonhados e os avaros relegados à mais extrema miséria.
A simples
obediência contará então mais do que toda astúcia deste mundo.
A consciência
simples e pura trará mais alegria do que um notável saber filosófico.
Mais peso
terá o desprezo das riquezas do que todos os tesouros da terra.
A oração
trará mais consolações do que os alimentos sofisticados.
O silêncio
terá sido mais precioso do que as longas trocas de ideias.
As boas obras
valerão mais do que as belas palavras.
A vida
austera e a dura penitência valerão mais do que todos os prazeres mundanos.
Aprende, pois,
agora a sofrer um pouco para então te libertares de pesos maiores.
Experimenta
agora o que virias a sofrer depois.
Se mal
consegues suportá-los agora, como poderás suportar o castigo eterno? Se uma
pequena contrariedade te torna impaciente, que será de ti quando estiveres no
inferno?
As alegrias
deste mundo não são compatíveis com as futuras, no reino com Cristo.
As honras e
prazeres em meio aos quais vives nos dias de hoje de nada te adiantariam se
viesses a morrer de repente. Tudo é
vaidade (Ecl 1:2), exceto amar a Deus e a ele somente servir.
Que ama a
Deus de todo coração não teme a morte, nem os castigos, nem o juízo nem o
inferno, pois o amor, quando perfeito, nos assegura o acesso a Deus.
Não admira
que tema a morte e o juízo quem ainda encontra prazer em pecar.
Se, contudo,
o amor não te afasta do mal, é melhor que o medo do inferno te retenha.
Quem, no
entanto, despreza o temor de Deus, não conseguirá de forma alguma se libertar
das astúcias do diabo.
Imitação de Cristo – Tomás de Kempis
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