Agostinho
afirma que “Deus é verdadeira e sumamente simples”.
Que Deus seja
totalmente simples se pode provar de várias maneiras:
1 - Pelo que procede. Como em Deus não há
composição nem de partes quantitativas, pois não é um corpo; nem de forma e de
matéria, nem distinção de natureza e supósito; nem de essência e ser; nem
composição de gênero e diferença, nem de sujeito e de acidente, fica claro que Deus não é
composto de nenhuma maneira, mas totalmente simples.
2 – Porque
todo composto é posterior a seus componentes e dependente deles. Ora, Deus é o
primeiro ente, como já demonstrado.
3 – Porque
todo composto, tem uma causa. Assim as coisas que por si são diversas não
conformam uma unidade, a não ser por uma causa, como foi demonstrado, sendo a
primeira causa eficiente.
4 – Porque em
todo composto há de existir potência e ato, o que não há em Deus, porque, ou
uma das partes é ato em relação à outra, ou pelo menos as partes se encontram
todas em potência com respeito ao todo.
5 – Porque
todo composto é algo que não coincide com qualquer de suas partes. Isto é
manifesto nas totalidades formadas de partes dessemelhantes: parte nenhuma do
homem é o homem, e nenhuma parte do pé é o pé. Por outro lado, nas totalidades
de partes semelhantes, embora algo que se diz o todo, se diga da parte, por
exemplo: uma parte do ar á ar, uma parte da água é água, no entanto, algo se
diz do todo que não convém a algumas das partes; assim se toda água mede dois
côvados, não se segue que cada parte também o meça. Por conseguinte, em todo
composto existe algo que com ele não se identifica. Daí que, como Deus é forma,
melhor dizendo, é o mesmo ser, de maneira alguma pode ser composto.
Portanto,
deve-se dizer que o que procede de Deus a Ele se assemelha, como os efeitos da
causa primeira a ela se assemelham. Ora, pertence à razão de ser causado ser
composto de alguma maneira, porque pelo menos seu ser é distinto de sua
essência.
Deve-se
afirmar que para nós, os compostos são melhores do que os simples, porque a
perfeição da bondade da criatura não se encontra em um único simples, mas em
muitos; ao passo que a perfeição da bondade divina se encontra em um único
simples.
São Tomás de Aquino: Suma Teológica
Vol I; Questão 3; artigo 7.
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