sábado, 30 de maio de 2015

A completa reformulação da própria vida







Sê vigilante e diligente no serviço de Deus e pensa com frequência que, como cristão:


É chamado a viver com Deus e crescer espiritualmente? Empenha-te, portanto, em caminhar nessa direção e em breve receberás a recompensa de seus esforços, superando o medo e a dor.


Faze, enquanto é tempo, um pequeno esforço e alcançarás a paz e a alegria definitivas.

Deus é fiel e generoso para os que demonstram fiéis e fervorosos em tudo que fazem.


Deves sempre esperar, mas nunca alimentar uma indevida segurança, para não afrouxar nem se envaidecer.


Conheço alguém que outrora, assaltado pelo medo e pela dúvida, veio prostrar-se numa igreja, diante do altar, e formulou, no coração, a seguinte prece: Ó se tivesse a certeza de perseverar!


Logo ouviu a resposta divina: Que farias se o soubesses? Faze-o então, e não mais duvidarás de que tens todas as garantias por parte de Deus.


Confortado e consolado, entregou-se inteiramente à vontade de Deus e superou toda ansiedade.


Não quis mais saber de conhecer o futuro, procurou, ao contrário, o que agrada a Deus no momento presente. Esta é a melhor forma de começar a fazer o bem e realizá-lo até o fim.


Espera no Senhor e faze o bem, assim permanecerás na terra e terás segurança, diz o profeta (Sl 37,3).


O horror da dificuldade e a dureza do combate dificultam, em geral, o progresso espiritual e a mudança de vida.


 No entanto os que mais progridem são justamente aqueles que enfrentam maiores obstáculos e contrariedades.


Pois mais progride e merece sempre graça maior quem se vence a si mesmo e mortifica-se no espírito.


Nem todos, é verdade, precisam lutar tanto nem se mortificar.


No entanto, quem se mostra mais valente e enfrenta maiores tentações, progride mais do que aquele que não precisa se empenhar com tanto ardor.


Duas coisas, sobretudo, são favoráveis a uma mudança radical de vida: renunciar com decisão às inclinações desordenadas e trabalhar com ardor para conseguir a virtude que mais se precisa.


Procura evitar e combater em ti mesmo o que mais te desagrada  nos outros.


Verás melhor o que te falta ao ver ou ouvir falar dos bons exemplos que te impressionam favoravelmente.


Se, porém, perceberes algo de repreensível, não o imites e procura corrigir-se, se, por acaso, já começaste a seguir no mesmo caminho.


És visto com os mesmos olhos com que vês os outros.


Como é agradável e consolador admirar os irmãos fervorosos e dedicados, sábios e sóbrios! Como é triste e penoso reconhecer que procedem mal, faltando à sua vocação cristã!


Negligenciar as propostas da própria vocação e se satisfazer com o que lhe é alheio é terrivelmente prejudicial.


Lembra-te do que prometeste e olha para a imagem do Crucificado.


A vida de Jesus Cristo te confunde, pois, embora se dizendo cristão, não fazes maiores esforços para o imitar melhor no caminho de Deus.


O cristão que medita com afinco na santíssima vida e paixão do Senhor, encontra a plenitude de tudo que lhe é necessário e favorável, sem precisar ir buscar nada fora de Jesus.


Se Jesus crucificado viesse habitar em nosso coração aprenderíamos tudo de que precisamos!


O cristão fervoroso aceita e compreende tudo quanto lhe é imposto.


Quando negligente e frouxo, pelo contrário é assaltado por contradições e angústia sem fim, que lhe tiram todo gosto espiritual e o privam de qualquer satisfação tanto interior como exterior.


Quem vive fora do Evangelho corre grande risco de fracassar.


Quem anda somente à procura de facilidades e de bem-estar, nunca estará satisfeito e viverá sempre inquieto.


Como procedem os religiosos sob a disciplina claustral?


Raramente saem às ruas, vivem recolhidos, alimentam-se com frugalidade, vestem-se com simplicidade, trabalham muito e pouco falam, velam até tarde e cedo se levantam para suas longas orações, dedicam-se à leitura e observam a regra com rigor.


Considera os cartuxos e cistercienses, por exemplo, religiosos e religiosas de tantas congregações, que se levantam à noite para salmodiar.


É vergonhoso que tenhas preguiça de rezar, a ponto de às vezes pegar no sono, enquanto tantos outros cantam louvores a Deus.


Como seria bom nada ter a fazer senão louvar ao Senhor nosso Deus de todo coração!


Que bom seria se não precisasse comer, beber e dormir e pudesse te dedicar às coisas espirituais, no louvor de Deus!


Serias mais feliz do que agora, que estás obrigado a satisfazer as necessidades materiais.


Quem dera não houvesse tais necessidades, mas nos sustentássemos unicamente com os alimentos espirituais, que hoje não raramente experimentamos.


Quando a pessoa não mais procura nenhuma consolação nas criaturas, começa então a fazer uma autêntica experiência de Deus.


Estará então, contente, aconteça o que acontecer. Não se entusiasma mais com a s grandezas e não se entristece com as coisas mais modestas. Fixa-se fiel e totalmente em Deus, de quem tudo recebe em todas as ocasiões, por quem todas as coisas existem sempre obedecem.


Lembra-te sempre do fim e de que não se recupera o tempo perdido.


Sem empenho e aplicação nunca adquirirás as virtudes.


Se começares a afrouxar, é que a coisa vai mal.


Mas se sentes maior fervor, encontrarás a paz. O amor da virtude te fará servir a Deus com mais facilidade.


A pessoa fervorosa e diligente está preparada para tudo.


Resistir aos vícios e aos afetos desordenados é mais difícil do que fazer sacrifícios materiais.


Quem não combate os menores movimentos interiores cai nos piores.


Se empregares bem o teu dia, alegrar-te-ás ao anoitecer.


Cuida de te mesmo. O que quer que aconteça, dá atenção a ti mesmo.


Tanto mais aproveitarás quanto mais investires no autoconhecimento. Amém.


Imitação de Cristo – Tomás de Kempis.

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