sexta-feira, 29 de maio de 2015

Faça o bem, sempre olhando a quem


 




Analisando uma passagem do Livro Eclesiástico 12: 1-7, vemos a verdadeira caridade se interpondo ao sentimentalismo atual:


Se fizeres bem, sabe a quem o fazes, e receberás gratidão pelos teus benefícios.


 Faze o bem para o justo, e disso terás grande recompensa, senão dele, pelo menos do Senhor, pois não há bem para quem persevera no mal e não dá esmolas; porque o Altíssimo tem horror dos pecadores, e usa de misericórdia com os que se arrependem.


 Dá ao homem bom, não ampares o pecador, pois Deus dará ao mau e ao pecador o que merecem; ele os guarda para o dia em que os castigará.


Dá àquele que é bom, e não auxilies o pecador.

  
Faze o bem ao homem humilde, e nada dês ao ímpio; impede que se lhe dê pão, para não suceder que ele se torne mais poderoso do que tu.


Pois acharás um duplo mal em todo o bem que lhe fizeres, porque o próprio Altíssimo abomina os pecadores, e exerce vingança sobre os ímpios.”




De fato, como estamos em um cristianismo açucarado com uma tolerância melosa, que não é o verdadeiro cristianismo, aliás, a pessoa tende a duvidar se o texto será ou não será apócrifo, ou pelo menos, se não ser mal traduzido.

Claro que nenhum texto bíblico é tão fácil de ler sem a orientação de um bom intérprete. Então nos voltamos para Straubinger que ilustra com comentários notáveis.

"Faça o bem sem olhar para quem é, ao contrário do que muitos desconfiam, é uma máxima mundana e não evangélica. Observe como excelente é a Bíblia que, depois de mil vezes inculcar as virtudes da caridade, hospitalidade, etc. adverte contra os enganos da maldade humana.

O amor ao próximo  só é válido quando vem do amor de Deus (I Cor. 13) e este amor nos move obviamente preferir os verdadeiros amigos Dele. Isso é o que Cristo parece feito para Si mesmo. (Cf. Mt. X, 40 ;. XXV, 40 e Lc.VI, 32).

"Ele vai dar o seu merecido, etc". Isso nos liberta da presunção de acreditar que somos chamados a remover da terra todas as dores que muitas vezes são permitidas por Deus como prova e proveito do que sofre. A caridade é espiritual e não sentimental, porque conta com a ação de Deus que alimenta até os pássaros e dá tudo por acréscimo a quem busca o seu reino (Mat. 6:33). Claro que pode haver exceções como no caso de Jó. Por isso dizemos que a caridade é espiritual e não pode ser fechada por regras fixas, pois "o Espírito sopra onde quer" (Jo. 3,8). Quem ama sabe como fazer (Gal. 5:18). Daí a regra de Santo Agostinho, "Ama e faz o que queres", porque quem é movido por amor, sempre deseja dar o quanto pode.

"Faça o bem aos humildes." Deus odeia o pobre soberbo. "Isso impede que lhes dê de comer" em hebraico: "não lhes   armas de guerra para que não te combatas com elas" (Veja o que Jesus ensinou em Mateus 7.6). O Sermão da Montanha nos manda amar nossos inimigos. Aqui são os inimigos de Deus.

OBS: Straubinger foi um biblista Alemão que, traduziu pela primeira vez para o espanhol, a tradução americana direto dos textos primitivos.

Adaptado do original:Panorama Católico: Hacer el bien pero mirando a quién...



 

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