23 de Abril
Mártir,
padroeiro da Inglaterra, sofreu em ou perto de Lida, também conhecida como Dióspolis,
na Palestina, provavelmente antes da época de Constantino. De acordo com a
investigação muito cuidadosa de toda a questão recentemente instituída pelo Padre
Delehaye, o Bolandista, à luz das modernas fontes de informação, a declaração
acima resume tudo o que pode-se afirmar seguramente sobre São Jorge, apesar de
seu culto ser bem antigo tanto no Oriente como no Ocidente (ver Delehaye,
"Saints Militaires", 1909, pp. 45-76).
Existem
muitas lendas sobre São Jorge, por isso, o texto aqui se orientará pelos
vestígios reais como obras, construções e testemunhos de pessoas contemporâneas.
Um culto
antigo, que remonta a uma época muito precoce e conectada com uma localidade
definida, por si só, constitui um forte argumento histórico. Tal temos no caso
de São Jorge. As narrativas dos primeiros peregrinos, Teodósio, Antoninus, e
Arculphus, do sexto ao oitavo século, todos falam de Lida ou Dióspolis como a sede
da veneração de São Jorge, e como o lugar de descanso de seus restos mortais
(Geyer "Itinera Hierosol.", 139, 176, 288). A data de início das
dedicatórias para o santo é atestada por inscrições existentes nas igrejas em
ruínas na Síria, Mesopotâmia e Egito, e da igreja de São Jorge em Tessalônica
também é considerada por algumas autoridades como pertencentes ao século IV. Além disso, o
famoso decreto "De Libris recipiendis", atribuído ao Papa Gelásio em
495, atesta que certos Atos de São Jorge
já existiam, mas inclui-lo entre os santos, “cujos nomes são justamente
reverenciado entre os homens, mas cujas ações são conhecido apenas a Deus”.
Jorge teria nascido
na antiga Capadócia, região do
centro da Anatólia que, atualmente, faz parte República
da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a
Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela
própria originária da Palestina, Lida,
possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge
entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural
índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação
e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da província da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando
grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador Diocleciano.
Em 302, Diocleciano publicou um édito que
mandava prender todo soldado romano cristão e que todos os outros deveriam
oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador
para objetar, e perante todos declarou-se cristão. Não querendo perder um de
seus melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras,
dinheiro e escravos. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo o imperador
tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada
tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a
Jesus para adorar aos deuses romanos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo
seu martírio, aos poucos, ganhado notoriedade e muitos romanos, tomado as dores
daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo Finalmente, Diocleciano não tendo êxito, mandou
degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia
na Ásia Menor.
A lenda do dragão
Este episódio
do dragão teve na verdade desenvolvimento muito tarde, que não pode ser rastreado antes do século XII
ou século XIII. Pode ser encontrado na Legenda Áurea ou Lenda Dourada (Historia
Lombardic de James de Voragine) e, a esta circunstância que provavelmente deve
a sua ampla difusão. Ele pode ter sido derivado de uma alegorização do tirano
Diocleciano ou Dadianus, que às vezes é chamado de um dragão (ho bythios
drakon) no texto mais antigo, mas a origem da história do dragão permanece
muito obscura. Em qualquer caso, a ocorrência tardia deste desenvolvimento
refuta as tentativas de que vieram a partir de fontes pagãs. Por isso,
certamente não é verdade, como afirma Hartland, que na pessoa de São George “a
Igreja se converteu e batizou o herói pagão Perseus” (The Legend of Perseus,
iii, 38). No Oriente, São Jorge (megalomartyr ho), tem desde o início sido
classificado entre os maiores dos mártires. No Ocidente também o seu culto é
muito antigo. Além da origem antiga de São Jorge, em Velabro em Roma, Clovis
(c. 512) construiu um monastério na Baralle em sua honra (Kurth, Clovis, II,
177). Arculphus e Adamnan provavelmente
o fez conhecido na Grã-Bretanha no início do século VIII. Seus atos foram traduzidos
para o anglo-saxão, e igrejas inglêsas
foram dedicadas a ele antes da conquista normanda, por exemplo, uma em
Doncaster, em 1061. As cruzadas, sem dúvida, reforçaram a sua popularidade.
São Jorge e o dragão
A forma mais conhecida da lenda de São Jorge
e o Dragão é a que se tornou popular pela “Legenda Aurea”, e traduzido para o
Inglês por Caxton. Conta-se que, um terrível dragão tinha devastado toda a
região em volta de uma cidade da Líbia chamada Selena, fazendo sua toca em um pântano.
Seu hálito era venenoso e matava envenenados os moradores da cidade. Para saciar
sua fome, o povo dava ovelhas todos os dias, mas, quando não se tinha ovelhas, uma
vítima humana era necessária e eram realizados sorteios para determinar a
vítima. Em uma ocasião, a sorte caiu para a filha do rei. O rei ofereceu toda a
sua riqueza para comprar um substituto, mas as pessoas não aceitavam nenhum
substituto, e assim, a donzela vestida de noiva, foi levada ao pântano. Jorge,
o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em
seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que
se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súbditos se converteriam ao
cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do
"dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta
se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro e, com o impacto, São Jorge
cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira,
onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto para
lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada
Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em
dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava
sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai
muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a
arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o
dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá,
Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda cidade se
tornam cristãs.
O dragão (o demónio)
simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo
defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
Padroados
Inglaterra: Não
há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado padroeiro da Inglaterra. Seu nome era
conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o
que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas influíram bastante
na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que o santo tenha sido
escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo
III fundou a Ordem da
Jarreteira, também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348. De acordo com a história
da Ordem da Jarreteira, Rei
Artur, no século VI,colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras. Em 1415, a data de sua comemoração
tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
Portugal - Pensa-se que os Cruzados Inglêses que ajudaram o Rei Dom Afonso
Henriques a conquistar Lisboa, em
1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No
entanto, só no reinado de Afonso IV de Portugal que o uso de "São
Jorge!" como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior
"Sant'Iago!".
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, condestável
do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a
Ermida de São Jorge a testemunhar
esse fato. O Rei Dom João I de Portugal era
também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a
cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
Brasil - A influência de São Jorge na cultura
portuguesa acompanhou a fundação do Brasil pelos portugueses.
Este santo é o
padroeiro extraoficialmente, da cidade do Rio
de Janeiro (título oficialmente
atribuído a São Sebastião) e da
cidade de São Jorge dos Ilhéus,
além de ser padroeiro dos escoteiros,
e da Cavalaria e do Exército
Brasileiro.
Fonte: Enciclopédia
Católica e Wikipedia (parcialmente).
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