segunda-feira, 24 de abril de 2017

São Jorge




                                                                 23 de Abril


Mártir, padroeiro da Inglaterra, sofreu em ou perto de Lida, também conhecida como Dióspolis, na Palestina, provavelmente antes da época de Constantino. De acordo com a investigação muito cuidadosa de toda a questão recentemente instituída pelo Padre Delehaye, o Bolandista, à luz das modernas fontes de informação, a declaração acima resume tudo o que pode-se afirmar seguramente sobre São Jorge, apesar de seu culto ser bem antigo tanto no Oriente como no Ocidente (ver Delehaye, "Saints Militaires", 1909, pp. 45-76).


Existem muitas lendas sobre São Jorge, por isso, o texto aqui se orientará pelos vestígios reais como obras, construções e testemunhos de pessoas contemporâneas.
Um culto antigo, que remonta a uma época muito precoce e conectada com uma localidade definida, por si só, constitui um forte argumento histórico. Tal temos no caso de São Jorge. As narrativas dos primeiros peregrinos, Teodósio, Antoninus, e Arculphus, do sexto ao oitavo século, todos falam de Lida ou Dióspolis como a sede da veneração de São Jorge, e como o lugar de descanso de seus restos mortais (Geyer "Itinera Hierosol.", 139, 176, 288). A data de início das dedicatórias para o santo é atestada por inscrições existentes nas igrejas em ruínas na Síria, Mesopotâmia e Egito, e da igreja de São Jorge em Tessalônica também é considerada por algumas autoridades  como pertencentes ao século IV. Além disso, o famoso decreto "De Libris recipiendis", atribuído ao Papa Gelásio em 495, atesta que certos  Atos de São Jorge já existiam, mas inclui-lo entre os santos, “cujos nomes são justamente reverenciado entre os homens, mas cujas ações são conhecido apenas a Deus”.


 Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, Lida, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da província da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador Diocleciano.
Em 302, Diocleciano publicou um édito que mandava prender todo soldado romano cristão e que todos os outros deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador para objetar, e perante todos declarou-se cristão. Não querendo perder um de seus melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras, dinheiro e escravos. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar aos deuses romanos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio, aos poucos, ganhado notoriedade e muitos romanos, tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo Finalmente, Diocleciano não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia na Ásia Menor.

A lenda do dragão

Este episódio do dragão teve na verdade desenvolvimento muito tarde,  que não pode ser rastreado antes do século XII ou século XIII. Pode ser encontrado na Legenda Áurea ou Lenda Dourada (Historia Lombardic de James de Voragine) e, a esta circunstância que provavelmente deve a sua ampla difusão. Ele pode ter sido derivado de uma alegorização do tirano Diocleciano ou Dadianus, que às vezes é chamado de um dragão (ho bythios drakon) no texto mais antigo, mas a origem da história do dragão permanece muito obscura. Em qualquer caso, a ocorrência tardia deste desenvolvimento refuta as tentativas de que vieram a partir de fontes pagãs. Por isso, certamente não é verdade, como afirma Hartland, que na pessoa de São George “a Igreja se converteu e batizou o herói pagão Perseus” (The Legend of Perseus, iii, 38). No Oriente, São Jorge (megalomartyr ho), tem desde o início sido classificado entre os maiores dos mártires. No Ocidente também o seu culto é muito antigo. Além da origem antiga de São Jorge, em Velabro em Roma, Clovis (c. 512) construiu um monastério na Baralle em sua honra (Kurth, Clovis, II, 177). Arculphus e Adamnan  provavelmente o fez conhecido na Grã-Bretanha no início do século VIII. Seus atos foram traduzidos para o anglo-saxão, e  igrejas inglêsas foram dedicadas a ele antes da conquista normanda, por exemplo, uma em Doncaster, em 1061. As cruzadas, sem dúvida, reforçaram a sua popularidade.
São Jorge e o dragão
A forma mais conhecida da lenda de São Jorge e o Dragão é a que se tornou popular pela “Legenda Aurea”, e traduzido para o Inglês por Caxton. Conta-se que, um terrível dragão tinha devastado toda a região em volta de uma cidade da Líbia chamada Selena, fazendo sua toca em um pântano. Seu hálito era venenoso e matava envenenados os moradores da cidade. Para saciar sua fome, o povo dava ovelhas todos os dias, mas, quando não se tinha ovelhas, uma vítima humana era necessária e eram realizados sorteios para determinar a vítima. Em uma ocasião, a sorte caiu para a filha do rei. O rei ofereceu toda a sua riqueza para comprar um substituto, mas as pessoas não aceitavam nenhum substituto, e assim, a donzela vestida de noiva, foi levada ao pântano. Jorge, o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súbditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda cidade se tornam cristãs.
O dragão (o demónio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.

Padroados

Inglaterra: Não há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado padroeiro da Inglaterra. Seu nome era conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas influíram bastante na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348. De acordo com a história da Ordem da Jarreteira, Rei Artur, no século VI,colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras. Em 1415, a data de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.

Portugal -  Pensa-se que os Cruzados Inglêses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Afonso IV de Portugal que o uso de "São Jorge!" como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior "Sant'Iago!".
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse fato. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
Brasil -  A influência de São Jorge na cultura portuguesa acompanhou a fundação do Brasil pelos portugueses.
Este santo é o padroeiro extraoficialmente, da cidade do Rio de Janeiro (título oficialmente atribuído a São Sebastião) e da cidade de São Jorge dos Ilhéus, além de ser padroeiro dos escoteiros, e da Cavalaria e do Exército Brasileiro.

Fonte: Enciclopédia Católica e Wikipedia (parcialmente).

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