!9 de Março
<<A Igreja celebrou com solenidade especial a festa de São José, porque é um dos maiores santos, Esposo da Virgem Maria, pai legal de Jesus Cristo, e porque foi declarado patrono da Igreja universal>>. A Liturgia da Missa descreve com rasgos eloquentes a missão
que Deus Lhe confiou:
<<Ele é o homem justo que
deste por marido da Virgem Mãe de Deus; o servo fiel e prudente que puseste à frente de sua Família, para que, agindo como um pai, cuidara do seu Filho único, concebido pelo Espírito Santo, Jesus Cristo, nosso Senhor.>>
Marido de Maria e pai virginal de Jesus Cristo. Aqui começa a grandeza de São José e, em virtude desses títulos, forma parte integrante do mistério da Encarnação.
Suarez
sugeriu que há certos ministérios que tocam a ordem da união hipostática, e que
nesta ordem está São José, ainda em seu ínfimo grau. Isto mesmo defenderam
muitos teólogos depois de Suarez, alguns dos quais argumentam que São José
intrinsecamente pertence a esta ordem. Mas é melhor e mais comum dizer que
pertence unicamente extrínseca ,moral e mediatamente, forma na que - como defende
o padre Lhamera - cooperou São José para a constituição da ordem hipostática,
concluindo que <<São José está dentro do decreto divino da Encarnação>>.
Esta opinião argumenta José María Bover:
<<Em
relação ao Filho de Deus, enquanto homem, era a verdadeira autoridade o poder paterno: Jesus Cristo, enquanto homem, estava sujeito
a José, a quem devia obediência. No que diz respeito à Mãe de Deus, a paternidade
de José era como o complemento congênito da maternidade divina de Maria, cujo
status foi elevado. Em relação a Deus Pai, foi uma participação misteriosa, a
comunicação ou extensão da paternidade
divina.
Sob esta
relação tripla, a paternidade inefável de São José se conectava à ordem da união
hipostática.
E esta ordem
suprema pertencia, consequentemente, a graça de José: não de ordem ministerial –
como a de São João Batista ou dos apóstolos - mas a graça de ordem e caráter
hipostático, como era a graça da Mãe de Deus, embora que em um grau inferior a
dela.
1. São José, esposo virginal de Santa
Maria
Que existiu
verdadeiro matrimônio entre Maria e José é doutrina certa em teologia. Então Leão XIII
ensina:
<<É verdade que a dignidade da Mãe de Deus é
tão grande que nada pode ser mais sublime; mas, porque a Santíssima Virgem e José se estreitou um
vínculo conjugal, não há dúvida de que aquela altíssima dignidade pela qual a
Mãe de Deus ultrapassa de longe todas as criaturas, ele chegou mais perto do
que qualquer outro. Já que o matrimônio é o máxima união e amizade - a que por si, está ligado a comunhão dos bens -
resulta que, se Deus deu a José como esposo da Virgem, lhe deu não só como um
companheiro de vida, testemunho de
virgindade e guardião da honestidade, mas também para que participasse, através
do pacto conjugal, na excelsia grandeza dela.>>
No entanto, surge
a dificuldade de harmonizar um verdadeiro matrimônio com um voto antecedente de
virgindade, e certamente absoluto ( <<Como
pode ser isso, pois não conheço homem algum?>> Lc 1, 34). A resposta
é que o contrato natural entre os dois tiveram uma característica bastante
excepcional como era a finalidade intentada por Deus com este matrimônio: a
salvaguarda da virgindade perpétua de Santa Maria com a virgindade de São José.
O objetivo
deste consentimento era realmente o direito ao corpo, precisamente porque foi
verdadeiro matrimônio; por isso, porém, foi dado que, simultaneamente, a
condição de não usar esse direito. Mas esta condição, neste caso, parece que
passou a verdadeira obrigação, contraída simultaneamente com o direito
adquirido ao corpo. Esta obrigação não nascia em verdade da virtude da justiça
(porque assim se daria verdadeira contradição neste consentimento e contrato),
mas sim a virtude da religião e da fidelidade. Assim, parece que se pode
explicar a união virginal.
2. São José, pai legal de Jesus Cristo
A paternidade
de São José sobre Jesus Cristo é descrito como virginal e legal.
Virginal, porque ele não tem qualquer
cooperação positiva na concepção de Cristo, legal, porque a seu fundamento não
é físico, mas legal; ou seja, o mesmo contrato matrimonial de José com Maria, simultaneamente
com o nascimento de Jesus neste matrimônio (embora não nascido do matrimônio);
e isto enquanto dito matrimônio foi decretado por Deus precisamente para obter este nascimento de Jesus de modo mais
conveniente.
Também vemos
no Evangelho que São José exerceu sobre Jesus o papel e os direitos que
correspondem a um verdadeiro pai. Por exemplo, quando Maria se refere a ele e
chamando-o assim (Lc 2, 48) ou quando se
diz que “Jesus era submisso a eles”
(v 51)., Ou seja, obedecendo a todos e submetendo-se à autoridade do São José.
Também não se
pode esquecer o papel de São José no cumprimento das promessas feitas por Deus
no Antigo Testamento, de um modo muito particular, a profecia de Davi pela boca
de Natan (2 Rs 7: 12-16). E como a casa de Davi é o depositário das promessas
feitas aos patriarcas, consideramos São José como o Patriarca do Novo
Testamento.
Mateus e
Lucas apresentam o marido de Maria como um descendente de Davi (Mt 1, 6. 16; Lc
1, 27). Para o anúncio do Anjo (<<O
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai>>, v. 32), Jesus teve
que reunir N’ele o sangue de Davi que recebeu de sua Mãe e o direito à coroa que
recebeu de seu pai adotivo. Bem sabia disso os judeus, porque senão os inimigos
de Cristo teria acusado de impostor quando ele foi saudado como <<Filho de Davi>> (Mt 21: 9-11).
3. São José, Patrono da Igreja
Como é
sabido, Pio IX proclamou São José como Patrono universal da Igreja, por decreto
da Sagrada Congregação dos Ritos de 08 de dezembro de 1879 (Quemadmodum Deus)
Sabemos que a
glória dos bem-aventurados se corresponde com a missão exercida na terra e já
temos visto em que consistiu a obra confiada por Deus a São José: ser <<guardião legítimo e natural, cabeça e
defensor da Sagrada Família>>.
Agora, a
Igreja é o Corpo Místico de Cristo, que continua em todo o mundo a obra do
Salvador por esse São José a vigia e protege agora como ele fez com Jesus
Cristo, enquanto viviam na terra.
<<O Santo Patriarca contempla a multidão de
cristãos que compõem a Igreja como especialmente confiados aos seus cuidados,
esta família ilimitada, espalhou-se por toda a terra, sobra a qual, uma vez que
é o marido de Maria e pai de Jesus Cristo, preserva alguma autoridade paterna.
Por isso, é altamente desejável e digno do Bem-aventurado José que, da mesma forma que tutelou e
protegeu a Sagrada Família de Nazaré, proteja e defenda agora com o seu celeste
patrocínio a Igreja de Cristo>>.
Como o
patronato de São José sobre a Igreja é
algo real, a sua proteção deve chegar a cada um dos fiéis que fazem parte dela.
<<A proteção de São José com seus
devotos é poderosíssima, porque não é de crer que Jesus Cristo queira negar
qualquer graça a um santo que esteve sujeito na terra>>. Confie, portanto,
sempre e em toda parte em São José, por isso é representado com o Menino nos
braços, em sinal de que dispõe do amor e o poder de Deus.
<<É coisa que assusta os grandes favores que
Deus tem me feito através deste santo abençoado, e dos perigos que me tem
livrado, tanto do corpo como da alma;
que outros santos parece que o Senhor deu a graça para socorrer numa
necessidade; mas a este glorioso santo eu tenho experimentado socorro em tudo,
e o Senhor nos quer dar a entender que,
assim como ele foi submisso na terra, porque, carregava o nome de pai, sendo seu
responsável, ele poderia comanda no céu quando lhe pede.
E isso tem comprovado algumas pessoas,
a quem eu disse que a ele se encomendassem, também pela experiência; e ainda há
muitos que começaram a ter devoção, tendo experimentado esta verdade. >>(Santa Teresa, O livro da
Vida)
Sem dúvida,
São José acode com mais generosamente aqueles que o amam. Portanto, quanto mais nós
nos declaramos seus filhos, clamando a ele com uma confiança cordial, mais o
seu coração vai nos mostrar como o de um pai. Para merecer a proteção de São
José, também devemos imitar as suas virtudes, especialmente a fé, humildade e
perfeita conformidade com a vontade divina, que têm sido sempre a regra de suas
ações.
Peçamos neste
dia a São José para salvar a Igreja de todos os seus inimigos, internos e externos,
a graça especial que devemos esperar dele é a de uma boa morte, porque o Santo Patriarca
teve a alegria de morrer nos braços de Jesus e Maria. Que ele nos sustente com
o seu patrocínio e que experimentando sua intercessão na terra mereçamos vê-lo
um dia no céu.
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ (Leão XVIII)
Avós são José, recorremos em nossa tribulação e,
depois de termos implorado o auxílio de vossa santíssima Esposa, cheios de
confiança, solicitamos também o vosso patrocínio. Por esse laço
sagrado de caridade que nos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor
paternal que tiveste ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis
um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com seu sangue e
nos socorrais em nossas necessidades com vosso auxílio e poder.
Protegei ó guarda providente da Divina Família, o
povo eleito de Jesus Cristo. Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo a
peste dos erros e dos vícios que aflige o mundo. Assistimos do alto do céu, ó
nosso fortíssimo sustentáculo, da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim
também defendei agora a santa Igreja de Deus contra as ciladas dos seus
inimigos e contra toda a adversidade. Amparai a cada um de nós com o vosso
constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo e sustentados como vosso
auxílio, possamos viver virtuosamente, piedosamente morrer e obter no céu a
eterna bem-aventurança. Amém.
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