segunda-feira, 22 de maio de 2017

Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis

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                                                                     22 de maio



Modelo de mulher, esposa e mãe.

Nascimento

Rocca Porena, pequeno povoado próximo de Cássia, foi o lugar abençoado no qual veio ao mundo Santa Rita. Situa-se na Úmbria, província da Itália, onde nasceram também São Bento, São Francisco de Assis e Santa Clara.

Antônio Mancini e Amata Serri, os pais de Rita, formavam um casal exemplar. Eram conhecidos como “os pacificadores de Jesus Cristo, porque procuravam harmonizar os conflitos locais.

Sua felicidade ainda não era completa porque, mesmo passados muitos anos, a Providência não lhes dera um filho. Amata tinha já 62 anos, mas nem por isso deixava de confiar que Deus atenderia as suas preces.

Certo dia, um anjo lhe apareceu e revelou que daria à luz a uma menina, escolhida por Deus para manifestar os seus prodígios. Rita, diminutivo de Margherita, em italiano – foi o nome revelado pelo anjo, pelo qual a menina seria conhecida em todo o mundo.
Assim, no dia 22 de maio de 1381, nasceu essa admirável criatura, sendo logo batizada na Igreja de Santa dos Pobres, em Cássia.

As maravilhas começam...

O primeiro episódio maravilhoso deu-se quando Antônio e Amata foram ao campo trabalhar e colocaram a filhinha à sombra das árvores, num cestinho de vime. De repente, um grande enxame de abelhas brancas a envolveu. Muitas delas entravam em sua boca e aí depositavam mel, sem porém a picar.

Um lavrador que havia se ferido com uma foice buscava socorro. Passando perto da criança, viu a cena das abelhas e tentou afastar o enxame com as mãos. Espanto e surpresa! Viu sua mão curar-se milagrosamente. As exclamações cheias de alegria do lavrador atraíram a atenção dos pais de Rita, que correram na direção da menina.
Aquelas abelhas se dispersaram. Mas, muitos anos depois, quando Rita ingressou como religiosa no mosteiro de Cássia, a colmeia foi alojar-se nas paredes do jardim interno.



A escalada para a santidade

A prática das virtudes cristãs já se fazia notar nela desde a mais tenra idade, sendo estimulada por seus pais. Embora não soubessem ler nem escrever, ensinavam a Rita a fé em Jesus Cristo e a devoção a Nossa Senhora, como também lhe contavam as vidas dos santos. Assim, o desejo de servir ao Senhor e imitá-los cresceu em sua alma.

Através da janela de sua casa via ela um rochedo escarpado, que escolheu como local de oração. À noite, subindo os 120 metros, reclinava-se sobre uma rocha, que ali havia, para orar. Diz a tradição que seus joelhos e cotovelos marcaram essa pedra.

A pequena Rita era muito caritativa com os pobres e dizia que tinha mais gosto no que dava, do que naquilo que comia.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo despertou nela, desde cedo, o desejo de unir-se a seus sofrimentos e reparar os pecados que feriram Sagrado Coração. Quis confirmar definitivamente sua consagração a Jesus Cristo por meio do voto de castidade e chegou a pedir licença a seus pais para se tornar religiosa.

Eles, porém, tendo idade avançada e guiados pelo amor natural, resolveram casá-la com um jovem.

A vitória da mansidão

Paulo Fernando tinha aproximadamente 20 anos. Ele é descrito por seus contemporâneos como aventureiro, irrequieto e colérico. Sua família possuía terras e um moinho.
Quanto padeceu ela ao longo dos 18 anos que viveu com seu esposo! Injuriada sem motivo, não tinha uma palavra de ressentimento; espancada, não se queixava.
Mansidão e docilidade, as virtudes da esposa, alcançaram a vitória desejada. Paulo Fernando não pode resistir à graça que as súplicas de Rita obtiveram de Deus para ele.
Agradecendo aos céus por tamanho benefício, ela se alegrou também por poder educar nos princípios da religião seus dois filhos, João Tiago e Paulo Maria.

Mas uma nova amargura a aguardava. Sua felicidade foi passageira pois o marido morreu brutalmente assassinado por inimigos. Ao mesmo tempo em que multiplicava suas orações e penitências em sufrágio da alma de seu esposo, Rita praticou o ato heroico de perdoar aqueles que o tinha matado. Sua alma nunca foi manchada pelo menor rancor e ressentimento.

Novo sobressalto! Ela percebeu que os filhos já não a escutavam e que talvez se deixassem vencer pelo ímpeto de vingar a morte do próprio pai. Mas Deus tem seus caminhos insondáveis! Ambos adoeceram e, com pequeno intervalo de tempo também entregaram sua alma a Deus, um ano após a morte do Pai.

As portas do Convento se abrem

Desligadas dos laços matrimoniais, reacendeu-se em sua alma o desejo de consagrar-se exclusivamente ao serviço de Deus, no convento das agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia. Por três vezes bateu à porta do convento, pedindo para ser recebida. E sempre a resposta foi negativa.

Em Roccaporena, ela entregou-se resignada e confiantemente às orações no seu local preferido: a “rocha da oração” (scoglia dela preghiera). Até que chamam seu nome: “Rita! Rita!”. Olha e nada vê. Mas, pouco depois, ouve novamente: “Rita! Rita!”. Ao sair, reconhece seus protetores: São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino, que a convidavam a segui-los.

Tomada admiração, ela os seguiu, e em pouco tempo, estavam em Cássia, diante do convento de Santa Maria Madalena. E embora as portas estivessem trancadas, os santos a conduziram ao interior do convento.

Diante desse milagre tão estupendo, a superiora e as irmãs se convenceram de que era a vontade de Deus sua admissão.

A virtude brilha no interior do Convento

As virtudes de Santa Rita se desabrocharam no interior do convento. E as freiras foram agraciadas por Deus com 40 anos de convívio com a santidade!

Um episódio manifesta claramente sua vida exemplar. A superiora do convento eu ordem a ela que regasse um tronco seco, de manhã e à tarde! Com admirável simplicidade, Rita cumpriu essa tarefa durante um ano inteiro, sob os olhares admirados das demais irmãs. E Deus premiou sua obediência, pois, para o assombro de todas, a vida ressurgiu naquele ramo ressequido. Surgiram brotos, apareceram folhas e uma bela videira se desenvolveu maravilhosamente, produzindo a seu tempo deliciosas uvas. E essa videira ainda hoje está viçosa no convento.

Deus, porém, queria premiá-la com uma graça ainda maior. Na Quaresma de 1443, São Tiago de La Marca pregou, em Cássia, sobre a Paixão de Nosso Senhor. Profundamente tocada de amor pelo Redentor, Rita se prostra ante um crucifixo e suplica ardentemente: Amado Jesus, fazei-nos participante, senão de toda a vossa Paixão, pelo menos de uma parte. Que eu seja ferida por um dos espinhos que atravessaram vossa sacrossanta cabeça.


Eis que um espinho se destaca da coroa do Crucifixo, e penetra profundamente em sua testa, produzindo uma dor mortal e fazendo-a cair desmaiada.


Essa milagrosa chaga se diferenciava das que marcaram São Francisco e outros santos, pois tinha um aspecto purulento e fétido, de maneira que, para não incomodar às outras freiras da casa, Rita teve de viver numa cela distante, onde uma religiosa lhe dava o necessário para viver. E isso durante 15 anos.

Peregrinação a Roma e os primeiros milagres

Em 1450 foi celebrado o jubileu em toda a Cristandade e, como algumas irmãs estavam se preparando para ir a Roma, Rita manifestou o ardente desejo de as acompanhar.
Mas seu estado de saúde estava se agravando, devido à ferida que o espinho havia deixado em sua testa.

Sendo assim, as irmãs acharam que não era conveniente Rita ir.Ela então pediu a Deus para a ferida desaparecer e foi, mais uma vez, atendida. Acompanhou as irmãs agostinianas à Roma, com grande júbilo para sua alma. Mas logo que retornou da viagem, a ferida reapareceu de novo.

Nesse período ela chegou a ficar sozinha até quinze dias seguidos, absorta nos pensamentos do céu. Porém, a fama de sua santidade logou espalhou-se nos arredores e chegou a países longínquos, donde afluía muita gente para recomendar-se às suas orações e pedir graças. Deus fazia ver quanto amava sua fiel serva.

Uma mulher de Cásia recorreu a ela, pedindo que rezasse por uma de sua filhas gravemente enferma. Voltando para casa, encontrou-a perfeitamente curada. Suplicaram que orasse por uma mulher possessa do demônio. Rita rezou e o demônio teve de deixar a mulher. A notícia dessas graças fez acorrerem ao convento pessoas que necessitavam de conselhos, preces, amparo. Ninguém voltava sem ser atendido e profundamente maravilhado com sua santidade.

Últimos anos – Milagre da rosa e dos figos

Em 1453 Rita foi acometida pela enfermidade que a fez padecer durante quatro anos e a levou à morte. Incapaz de se alimentar, ela se nutria apenas da santa comunhão. Em meio às dores que o atormentavam seu corpo, ela conservava sempre a alegria de espírito e um sorriso angelical.

Em pleno inverno, uma parente veio visitá-la. Antes de deixa-la, perguntou se ela desejava algo. –Sim! Gostaria que me trouxesse a rosa que desabrochou no meu antigo jardim. Pensando que Rita delirasse, e para não entristecê-la, prometeu. Pelo caminho refletia: Nesse inverno colher rosas?! Qual não foi sua surpresa ao entrar no jardim e encontrar uma rosa magnífica que sobressaía em meio aos arbustos contraídos pela geada! Colheu-a e levou para Rita que se alegrou e rendeu graças a Deus por ter sido tão bom para com ela.

Com confiança redobrada, novamente pediu à sua parente: - Já que foste tão amável em me trazer a rosa, gostaria que me trouxesses agora dois figos frescos que nasceram na figueira do meu jardim... Desta vez, a dúvida não a acometeu. Voltou ao jardim e colheu os figos perfeitamente maduros para entregar a Rita.

A partida para o céu

Num dos últimos dias de sua vida, uma luz iluminou sua cela e Jesus lhe apareceu, acompanhado de sua santa Mãe. Rita, arrebatada em êxtase, disse: - Quando enfim, ó Jesus, poderei possuir-vos e estar na vossa presença? – Em breve, respondeu Jesus -  mas não ainda. Em três dias estarás comigo no céu.

Rita sempre confiante, soube esperar. Pediu para receber o santo viático e a unção dos enfermos e, apertando contra o peito o crucifixo, dirigia-lhe afetuosas súplicas. Era o dia 22 de maio de 1457, quando sua alma partiu para o céu.

Apenas exalara o último suspiro, Deus quis manifestar por diversos prodígios sua entrada no céu. O sino tocou sozinho e todos se encheram de admiração quando perceberam que de seu corpo exalava um perfume de paraíso! A ferida estava cicatrizada e o seu semblante era belo e sorridente. Uma das irmãs, Catarina Mancini, que tinha um braço paralítico, quis abraçá-la e o conseguiu perfeitamente, porque acabava de ser curada pela santa.

No processo de beatificação lê-se que várias pessoas a viram subir à glória.





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