22 de maio
Modelo de mulher, esposa e mãe.
Nascimento
Rocca Porena,
pequeno povoado próximo de Cássia, foi o lugar abençoado no qual veio ao mundo
Santa Rita. Situa-se na Úmbria, província da Itália, onde nasceram também São
Bento, São Francisco de Assis e Santa Clara.
Antônio
Mancini e Amata Serri, os pais de Rita, formavam um casal exemplar. Eram
conhecidos como “os pacificadores de
Jesus Cristo”, porque procuravam
harmonizar os conflitos locais.
Sua
felicidade ainda não era completa porque, mesmo passados muitos anos, a
Providência não lhes dera um filho. Amata tinha já 62 anos, mas nem por isso
deixava de confiar que Deus atenderia as suas preces.
Certo dia, um
anjo lhe apareceu e revelou que daria à luz a uma menina, escolhida por Deus
para manifestar os seus prodígios. Rita, diminutivo de Margherita, em italiano – foi o nome revelado pelo anjo, pelo qual
a menina seria conhecida em todo o mundo.
Assim, no dia
22 de maio de 1381, nasceu essa admirável criatura, sendo logo batizada na
Igreja de Santa dos Pobres, em Cássia.
As maravilhas começam...
O primeiro
episódio maravilhoso deu-se quando Antônio e Amata foram ao campo trabalhar e
colocaram a filhinha à sombra das árvores, num cestinho de vime. De repente, um
grande enxame de abelhas brancas a envolveu. Muitas delas entravam em sua boca
e aí depositavam mel, sem porém a picar.
Um lavrador
que havia se ferido com uma foice buscava socorro. Passando perto da criança,
viu a cena das abelhas e tentou afastar o enxame com as mãos. Espanto e
surpresa! Viu sua mão curar-se milagrosamente. As exclamações cheias de alegria
do lavrador atraíram a atenção dos pais de Rita, que correram na direção da
menina.
Aquelas abelhas se
dispersaram. Mas, muitos anos depois, quando Rita ingressou como religiosa no
mosteiro de Cássia, a colmeia foi alojar-se nas paredes do jardim interno.
A escalada para a santidade
A prática das
virtudes cristãs já se fazia notar nela desde a mais tenra idade, sendo
estimulada por seus pais. Embora não soubessem ler nem escrever, ensinavam a
Rita a fé em Jesus Cristo e a devoção a Nossa Senhora, como também lhe contavam
as vidas dos santos. Assim, o desejo de servir ao Senhor e imitá-los cresceu em
sua alma.
Através da
janela de sua casa via ela um rochedo escarpado, que escolheu como local de
oração. À noite, subindo os 120 metros, reclinava-se sobre uma rocha, que ali
havia, para orar. Diz a tradição que seus joelhos e cotovelos marcaram essa
pedra.
A pequena
Rita era muito caritativa com os pobres e dizia que tinha mais gosto no que
dava, do que naquilo que comia.
A Paixão de
Nosso Senhor Jesus Cristo despertou nela, desde cedo, o desejo de unir-se a
seus sofrimentos e reparar os pecados que feriram Sagrado Coração. Quis
confirmar definitivamente sua consagração a Jesus Cristo por meio do voto de
castidade e chegou a pedir licença a seus pais para se tornar religiosa.
Eles, porém,
tendo idade avançada e guiados pelo amor natural, resolveram casá-la com um
jovem.
A vitória da mansidão
Paulo
Fernando tinha aproximadamente 20 anos. Ele é descrito por seus contemporâneos
como aventureiro, irrequieto e colérico. Sua família possuía terras e um
moinho.
Quanto
padeceu ela ao longo dos 18 anos que viveu com seu esposo! Injuriada sem
motivo, não tinha uma palavra de ressentimento; espancada, não se queixava.
Mansidão e
docilidade, as virtudes da esposa, alcançaram a vitória desejada. Paulo
Fernando não pode resistir à graça que as súplicas de Rita obtiveram de Deus
para ele.
Agradecendo
aos céus por tamanho benefício, ela se alegrou também por poder educar nos
princípios da religião seus dois filhos, João Tiago e Paulo Maria.
Mas uma nova
amargura a aguardava. Sua felicidade foi passageira pois o marido morreu
brutalmente assassinado por inimigos. Ao mesmo tempo em que multiplicava suas
orações e penitências em sufrágio da alma de seu esposo, Rita praticou o ato
heroico de perdoar aqueles que o tinha matado. Sua alma nunca foi manchada pelo
menor rancor e ressentimento.
Novo
sobressalto! Ela percebeu que os filhos já não a escutavam e que talvez se
deixassem vencer pelo ímpeto de vingar a morte do próprio pai. Mas Deus tem
seus caminhos insondáveis! Ambos adoeceram e, com pequeno intervalo de tempo
também entregaram sua alma a Deus, um ano após a morte do Pai.
As portas do Convento se abrem
Desligadas
dos laços matrimoniais, reacendeu-se em sua alma o desejo de consagrar-se
exclusivamente ao serviço de Deus, no convento das agostinianas de Santa Maria
Madalena, em Cássia. Por três vezes bateu à porta do convento, pedindo para ser
recebida. E sempre a resposta foi negativa.
Em
Roccaporena, ela entregou-se resignada e confiantemente às orações no seu local
preferido: a “rocha da oração” (scoglia
dela preghiera). Até que chamam seu nome: “Rita! Rita!”. Olha e nada vê.
Mas, pouco depois, ouve novamente: “Rita! Rita!”. Ao sair, reconhece seus
protetores: São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino, que a
convidavam a segui-los.
Tomada
admiração, ela os seguiu, e em pouco tempo, estavam em Cássia, diante do
convento de Santa Maria Madalena. E embora as portas estivessem trancadas, os
santos a conduziram ao interior do convento.
Diante desse
milagre tão estupendo, a superiora e as irmãs se convenceram de que era a
vontade de Deus sua admissão.
A virtude brilha no interior do
Convento
As virtudes
de Santa Rita se desabrocharam no interior do convento. E as freiras foram
agraciadas por Deus com 40 anos de convívio com a santidade!
Um episódio
manifesta claramente sua vida exemplar. A superiora do convento eu ordem a ela
que regasse um tronco seco, de manhã e à tarde! Com admirável simplicidade,
Rita cumpriu essa tarefa durante um ano inteiro, sob os olhares admirados das
demais irmãs. E Deus premiou sua obediência, pois, para o assombro de todas, a
vida ressurgiu naquele ramo ressequido. Surgiram brotos, apareceram folhas e
uma bela videira se desenvolveu maravilhosamente, produzindo a seu tempo
deliciosas uvas. E essa videira ainda hoje está viçosa no convento.
Deus, porém,
queria premiá-la com uma graça ainda maior. Na Quaresma de 1443, São Tiago de
La Marca pregou, em Cássia, sobre a Paixão de Nosso Senhor. Profundamente
tocada de amor pelo Redentor, Rita se prostra ante um crucifixo e suplica
ardentemente: Amado Jesus, fazei-nos
participante, senão de toda a vossa Paixão, pelo menos de uma parte. Que eu
seja ferida por um dos espinhos que atravessaram vossa sacrossanta cabeça.
Eis que um
espinho se destaca da coroa do Crucifixo, e penetra profundamente em sua testa,
produzindo uma dor mortal e fazendo-a cair desmaiada.
Essa
milagrosa chaga se diferenciava das que marcaram São Francisco e outros santos,
pois tinha um aspecto purulento e fétido, de maneira que, para não incomodar às
outras freiras da casa, Rita teve de viver numa cela distante, onde uma
religiosa lhe dava o necessário para viver. E isso durante 15 anos.
Peregrinação a Roma e os primeiros
milagres
Em 1450 foi
celebrado o jubileu em toda a Cristandade e, como algumas irmãs estavam se
preparando para ir a Roma, Rita manifestou o ardente desejo de as acompanhar.
Mas seu
estado de saúde estava se agravando, devido à ferida que o espinho havia
deixado em sua testa.
Sendo assim,
as irmãs acharam que não era conveniente Rita ir.Ela então pediu a Deus para a
ferida desaparecer e foi, mais uma vez, atendida. Acompanhou as irmãs
agostinianas à Roma, com grande júbilo para sua alma. Mas logo que retornou da
viagem, a ferida reapareceu de novo.
Nesse período
ela chegou a ficar sozinha até quinze dias seguidos, absorta nos pensamentos do
céu. Porém, a fama de sua santidade logou espalhou-se nos arredores e chegou a
países longínquos, donde afluía muita gente para recomendar-se às suas orações
e pedir graças. Deus fazia ver quanto amava sua fiel serva.
Uma mulher de
Cásia recorreu a ela, pedindo que rezasse por uma de sua filhas gravemente
enferma. Voltando para casa, encontrou-a perfeitamente curada. Suplicaram que
orasse por uma mulher possessa do demônio. Rita rezou e o demônio teve de
deixar a mulher. A notícia dessas graças fez acorrerem ao convento pessoas que
necessitavam de conselhos, preces, amparo. Ninguém voltava sem ser atendido e
profundamente maravilhado com sua santidade.
Últimos anos – Milagre da rosa e dos
figos
Em 1453 Rita
foi acometida pela enfermidade que a fez padecer durante quatro anos e a levou
à morte. Incapaz de se alimentar, ela se nutria apenas da santa comunhão. Em
meio às dores que o atormentavam seu corpo, ela conservava sempre a alegria de
espírito e um sorriso angelical.
Em pleno
inverno, uma parente veio visitá-la. Antes de deixa-la, perguntou se ela
desejava algo. –Sim! Gostaria que me
trouxesse a rosa que desabrochou no meu antigo jardim. Pensando que Rita
delirasse, e para não entristecê-la, prometeu. Pelo caminho refletia: Nesse inverno colher rosas?! Qual não
foi sua surpresa ao entrar no jardim e encontrar uma rosa magnífica que
sobressaía em meio aos arbustos contraídos pela geada! Colheu-a e levou para
Rita que se alegrou e rendeu graças a Deus por ter sido tão bom para com ela.
Com confiança
redobrada, novamente pediu à sua parente: - Já
que foste tão amável em me trazer a rosa, gostaria que me trouxesses agora dois
figos frescos que nasceram na figueira do meu jardim... Desta vez, a dúvida
não a acometeu. Voltou ao jardim e colheu os figos perfeitamente maduros para
entregar a Rita.
A partida para o céu
Num dos
últimos dias de sua vida, uma luz iluminou sua cela e Jesus lhe apareceu,
acompanhado de sua santa Mãe. Rita, arrebatada em êxtase, disse: - Quando enfim, ó Jesus, poderei possuir-vos e
estar na vossa presença? – Em breve, respondeu Jesus - mas não ainda. Em três dias
estarás comigo no céu.
Rita sempre
confiante, soube esperar. Pediu para receber o santo viático e a unção dos
enfermos e, apertando contra o peito o crucifixo, dirigia-lhe afetuosas
súplicas. Era o dia 22 de maio de 1457, quando sua alma partiu para o céu.
Apenas
exalara o último suspiro, Deus quis manifestar por diversos prodígios sua
entrada no céu. O sino tocou sozinho e todos se encheram de admiração quando
perceberam que de seu corpo exalava um perfume de paraíso! A ferida estava
cicatrizada e o seu semblante era belo e sorridente. Uma das irmãs, Catarina
Mancini, que tinha um braço paralítico, quis abraçá-la e o conseguiu
perfeitamente, porque acabava de ser curada pela santa.
No processo
de beatificação lê-se que várias pessoas a viram subir à glória.
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