“Porque, qual é o bem (oriundo) dêle, e qual a sua formosura, senão o
pão dos escolhidos e o vinho que gera virgens?” (Zac IX, 17)
Deixei
para o final o ponto mais grave e temerário para alguém que permanece neste
erro, isto é, na heresia protestante, possuindo uma ignorância vencível[1].
Há pelo menos 50 anos o que muito se vê na Igreja e no mundo é o discurso de
tipo ecumênico[2]. Hoje fala-se mesmo em uma
“missa ecumênica”, em que o elemento principal do culto divino por excelência
desaparece; óbvio. No entanto, ao se definir dogmaticamente que Fora da
Igreja não há salvação[3],
um dos motivos para sua justificativa pode ser aqui – neste “elemento” – encontrado
com clareza e força argumentativa. Para discorrer sobre ele escolhi como
instrumento de auxílio a gramática, uma vez que possui, compreensivelmente, ligação
com o Verbo.
Mesmo
os que – sem deméritos – não foram muito além da assinatura do nome, ou ainda os
de inteligência aquém da média, quando ouvem pronunciar estes dois verbos sabem
se tratar de ações distintas. Por isso, se você perguntar a uma pessoa
medianamente de posse de suas faculdades mentais quem ela é, jamais dirá estar ali a mando de alguém ou interpretando qual
personagem teatral. Do mesmo modo, se se perguntar quem representa, não responderá seu nome,
tampouco acrescentará algum dado pessoal a seu respeito. Aqui temos, pois, dois
verbos distintos, o verbo representar e o verbo ser (que pode eventualmente
vir associado a outros como o “ter” ou o “tornar”). Muito simplesmente, o
primeiro é aquilo que não é e o segundo aquilo que é. E com eles intentarei expor (en passant, o que é a proposta deste
livro) um dos maiores e mais excelsos mistérios da fé católica, do Cristianismo
e mesmo de toda a Criação[4], possuidor
de uma característica única, que de forma especial diferenciará o Catolicismo
de toda e qualquer religião: a Transubstanciação do pão e do vinho.
Antes,
contudo, deixo a indicação de uma exposição em vídeo sobre a Eucaristia no
Judaísmo, que considero sine qua non à
compreensão deste tema. Com impressionante e mui inspirada precisão, o autor
retira “coisas novas e velhas” (Cf.
Mt XIII, 52) de
um baú de mais de cinco mil anos. O leitor encontrará a referência do vídeo na
nota de número 9 de meu artigo “As sutilezas de Deus ou a Confeitaria divina”[5].
Direto ao assunto
Nosso
Senhor Jesus Cristo, que é Deus com o Pai e o Espírito Santo, dirá de forma clara e explícita,
literal e categórica, horas antes de sua Paixão e morte[6] na
celebração da Quinta-feira Santa,
que o pão e o vinho
consagrados e repartidos com os apóstolos se tornariam – portanto seriam
(verbo ser) – o seu Corpo e o seu Sangue[7].
Fazendo
um pequeno exercício de raciocínio, suponhamos que pão e vinho fossem aqui tratados
por Cristo, segundo a interpretação protestante, como mera representação (símbolo),
portanto algo que representasse, não fosse. Como explicar então, convincentemente,
a necessidade de Cristo consagrar[8] estes alimentos? E que
necessidade teria São Paulo em alertar que quem os comesse e bebesse indignamente,
sem distinguir o que estivesse fazendo, se tornaria réu do corpo e do sangue de
Cristo? Como ainda poderia uma representação, um mero símbolo adquirir tamanha
dignidade a ponto de ser consagrado e se tornar responsável pela condenação de
uma pessoa? – notemos que o Apóstolo não se refere a um castigo qualquer, mas à
condenação eterna, que só ocorre quando
DEUS é direta e gravemente ofendido de forma consciente e espontânea. Por fim,
se o pão e o vinho não se tornassem (verbo ser) após a consagração o Corpo e o Sangue
de Cristo, que razão teria para Ele afirmar/alertar: “Se não comerdes
a carne do Filho do Homem, e
não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós... Porque a minha carne é verdadeiramente
comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo VI, 54ss)?
Não
resolverá apelar para o falso argumento das más traduções católicas ou de
metáforas e sentidos figurados, pois o grego e o latim trarão exatamente este
sentido, o mesmo que a Tradição e o Magistério bimilenar da Igreja (a mesma que
nos deu a Bíblia Sagrada[9])
sempre ensinaram. A maior prova de que Cristo falava realmente de comer a sua carne e beber o
seu sangue é dada ainda pelo próprio Evangelho, que nos mostra que a partir
desse momento, por entender o que estava sendo dito (e que não foi
retificado!), a maioria dos
discípulos o abandonaram, dizendo “Dura é esta linguagem; quem a
pode ouvir?” (Jo VI, 60)...
...
da mesma forma que outros tantos discípulos
o fariam, a partir de 1517, em coro aos judeus de outrora! Até hoje poucos são
os que permanecem, a exemplo dos apóstolos, ao lado de Cristo professando:
“Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna...”[10]. O
fato é que tampouco Lutero no
princípio de sua revolta negou a Eucaristia[11].
O fez especialmente depois de perder o poder de consagrar o pão e o vinho
após sua excomunhão. E posteriormente, ao entender de forma ampla que o Papado
dependia visceralmente da Missa como sacrifício é que ele, para derrubar o
Papado empreendeu o trabalho de deturpação do sentido eucarístico. Por que
Lutero quis derrubar o Papado? Para ser “papa”, como o demonstra mais uma vez
sua biografia. Mas, evidentemente, não só o Papado sobrevive da Eucaristia:
todo Catolicismo dela sobrevive. Que digo? Toda a Humanidade sobrevive, ainda
que rejeite ou não creia, da Eucaristia. Um só dia sem ela, dizem os Santos,
Doutores e Papas, e o mundo já não se manteria. Como então
querer salvar-se, ter a vida eterna sem comer “... a carne do Filho do Homem” e sem
beber “... o seu sangue”? E como fazer isto sem pertencer ao corpo de Cristo, a Igreja
Católica fora da qual não há salvação?[12]
As perguntas são nossas. O alerta, das Sagradas Escrituras e de seu Autor[13].
Concluindo
Sem
me deter demasiado, pois a compreensão se tornará simples aos de reta intenção,
proponho um pequeno exercício de reflexão. Apesar de pequeno, os resultados
poderão ser grandes. Para melhor aproveitamento e compreensão peço ao leitor que
siga como proposto, passo a passo (lembro que a tradução adotada às passagens
abaixo, como dito na Apresentação deste livro, será a do Pe. Matos Soares a
partir especialmente da Vulgata de S. Jerônimo[14]):
a)
pegue a Bíblia e procure o profeta Malaquias, capítulo I versículos 10, 11 e
12;
b)
leia uma primeira vez, com atenção;
c)
reflita sobre o que seria este “sacrifício”, esta “oblação pura”, oferecida a
Deus “do nascer do Sol até o poente”, todos os dias, 24h por dia, fruto não de mãos humanas, mas digno da própria
glória divina (cabe salientar que o texto aponta a um sacrifício por tempo indeterminado); e por que Deus se
indignaria demasiado pelo fato de se dizer que o que se oferece em cima da
“mesa do Senhor” (o altar do templo) é uma oferenda “comum”;
d)
após refletir leia novamente, com atenção, desta vez colocando a Cristo, o
“Cordeiro de Deus”, no lugar da “oferenda pura”, a “hóstia[15] pura”;
e)
agora compare com 1 Cor XI, 23s;
f)
pense então em um rito ou culto sagrado que aconteça todos os dias, 24h por
dia, no mundo inteiro (tendo em conta os fusos horários), oferecendo a Deus Pai
o próprio Filho, o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, vítima pura e
santa, para que os homens, comendo da carne e bebendo do sangue desse Cordeiro tenham a
vida eterna e sejam ressuscitados no último dia (cf. Jo VI).
g)
por fim, compare ainda com Mt XXVIII, 20.
Esta
é a Santa Missa católica, com a consagração/transubstanciação do pão e do vinho
no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a “hóstia
pura” colocada no lugar do animal impuro, que apesar de cordeiro não tirava o
pecado do mundo; e que é celebrada todos os dias em todos os lugares, “do nascer
do Sol até o poente”, há quase dois mil anos. Após as Missas, as Hóstias
consagradas, via de regra permanecem no Sacrário, dia e noite, todos os dias,
uma vez que a Verdade afirmou: “... eis que estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mt XXVIII, 20).
Em tempo:
1) Como poderão verificar
nas indicações de leitura, há centenas de milagres eucarísticos (feitos por Nosso
Senhor na forma de Hóstia Consagrada, também chamada Eucaristia ou Santíssimo
Sacramento) que falarão por si, mostrando que Deus não cansa de deixar os seus
sinais, como o fez entre o povo judeu. Lá eles viam Cristo e seus milagres. Não
negavam um e outro. Mas negavam que um e outro viessem de Deus. Hoje não vemos
corporalmente a Cristo, mas seus milagres, muitos dos quais a ciência há
séculos tenta desvendar e não consegue, como o de Lanciano (IT)[16],
que
tive o privilégio de testemunhá-lo in loco. Como exemplo, uma das maiores comprovações
da veracidade e realidade das Hóstias que muitas vezes sangram, reside no fato
de ao ser analisadas a posteriori quimicamente (tratam-se de amostras de
séculos e lugares distintos), verifica-se possuírem um mesmo fator RH, o AB
positivo, tido como “receptor universal” e, ao tempo em que raro na maioria das
raças, comum entre os judeus.
E como se não bastasse, estas amostras, que os cientistas, até que emitam os
resultados desconhecem ser as de uma Hóstia consagrada, dizem unanimemente, pertencer a uma parte
especifica do miocárdio e de uma pessoa ainda
viva. Para que não haja dúvidas: algumas Hóstias consagradas por sacerdotes
ao redor do mundo e em épocas diferentes transformaram-se – algumas na frente
de testemunhas – em sangue e também carne. Ao serem levados a laboratórios – às
vezes após séculos esperando a tecnologia adequada – verificaram ser sangue
humano do tipo acima. TODAS AS AMOSTRAS possuem o mesmo fator RH com suas
células – como não se sabe – ainda VIVAS, isto é, com glóbulos brancos ainda em
atividade. “Casualmente” tipo sanguíneo é o mesmo encontrado no Santo Sudário
de Turim, o objeto mais estudado no mundo todo e por cientistas não católicos,
que comprovaram pelas probabilidades matemáticas impossível ser este uma
fraude.
3) Por fim, como dito no
capítulo anterior e para fornecer agora uma triste comprovação desta realidade,
alguns exemplos de fatos que aos de boa vontade algo deveria ao menos chamar à
atenção de forma séria e menos negligente, afinal, ironicamente acabam por se
tornar provas concretas de que a Eucaristia é de fato Jesus Cristo. Enquanto muitos católicos tratam a “hóstia”
como um símbolo qualquer, a maioria sob influência protestante, há uma
categoria de pessoas que vêm demonstrando acreditar muito mais que nós mesmos
nesta verdade sobrenatural, e são os satanistas
(SIC!). Não por acaso, há muito se sabe que as Hóstias
consagradas são sorrateiramente roubadas de templos católicos ou simplesmente
levadas pelos que simulam comungar para depois levá-las aos cultos e rituais
satânicos e lá profanarem o Corpo de Cristo. Ora, não será preciso muito
esforço mental ou ser um PHD em Eucaristia ou Satanismo para perceber que se
estas pessoas se empenham e arriscam tanto para ir a uma Missa (jamais vão a um
culto protestante!) subtrair uma Hóstia, é mais do que certo que ali está mais
que um símbolo, uma mera representação. Portanto, que nos sirva de alerta, pois
aqui valerá a advertência de Jesus: “... a quem muito foi dado, muito será
pedido” (Lc XII, 48)
Os fariseus daquele e
deste tempo sofrem do mesmo e único pecado sem perdão, o pecado contra o
Espírito Santo, em que se atribui ao demônio ou aos homens as obras de Deus e
vice-versa. Para aqueles já não há mais solução. Para estes, contudo, ainda há
tempo. Mas... quanto?
†
[1] Termo explicado
nos capítulos II e XIII.
[2] Na verdade, de um
falso ecumenismo que distorce o sentido original deste termo ao nivelar toda e
qualquer religião sob o sofisma de que Deus está em todo lugar (em todo credo),
que toda religião leva a Deus e que por isso não há uma que seja “melhor que as
outras”, isto é, a verdadeira. O verdadeiro ecumenismo chama ao diálogo aos que
possuem reta intenção da Verdade, que só pode estar integralmente em um lugar
(como abordado no capítulo I), para que assim possa haver “um só rebanho e um
só Pastor” (Jo X, 16).
[3] Ver capítulo II
– Fora da Igreja não há salvação.
[4] Ao lado de
mistérios como os da Santíssima Trindade, a Encarnação e a Ressurreição de
Jesus.
[5] http://romadesempre.blogspot.com.br/2017/10/as-sutilezas-de-deus-ou-confeitaria.html
[7] Curiosamente o
protestantismo nega a esta passagem o que faz em tantas outras: interpretar ao pé da letra. Se
fará um malabarismo hermenêutico e exegético para não enxergar o pé da letra ou
o sentido literal de passagens como esta, confirmadas por outras como se verá a
seguir.
[8] O termo consagração
em sua primeira acepção, significa a separação de algo com o fim de torná-lo
sagrado. Este é o sentido aplicado nas Sagradas Escrituras, bem como às hóstias
na Missa, que veremos na sequência.
[11] Como podemos
perceber no dístico do capítulo I, ao falar no “Sacramento do altar”, e em sua
biografia. No próximo e último capítulo apresentarei um pequeno resumo dela.
[12] Referido aos que
possuem ignorância vencível.
[13] Ver o recente e mui interessante
artigo de GERMÁN MAZUELO-LEYTÓN “Missa ecumênica”, em: http://romadesempre.blogspot.com.br/2017/11/missa-ecumenica.html.
[14]
Que pode ser encontrada pela internet para download aqui:
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/12/obra-inedita-do-pe-matos-soares.html
[16] Sobre este milagre
ver na indicação de fontes (postagem final) e em vídeos no Youtube sob o título
“milagres eucarísticos”. Tais milagres curiosamente vêm se tornando mais
frequentes estes últimos anos (ver:
https://fratresinunum.com/2016/04/25/novo-milagre-eucaristico-na-polonia/.
Acesso em 01/05/2016). Este ano de 2017 só na Argentina já foram registrados
três, ainda em estudo.
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