quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Missa ecumênica




Tradução de Airton Vieira – Para comemorar o V Centenário da apostasia luterana, na calçada católica, as Comunidades de Base e o movimento «Somos Igreja», se constituíram nos abandeirados do progressismo católico para levar –desde a base-, a plena realização os objetivos do falso ecumenismo.

A denominada hospitalidade eucarística, que consiste na participação conjunta entre membros das igrejas protestantes históricas e católicos, na «ceia do Senhor», chega a seu apogeu estes dias, com a aberta participação destes grupos progressistas no culto luterano:
É de sobra conhecido que em nossos dias mais que em tempos do heresiarca Lutero, uma ideia obsessiva move aos modernistas para acercar-se aos protestantes: uma fórmula que encontre nestes aceitaçãoisto é, que para chegar a um acordo comum, a Igreja Católica deveria renunciar à integridade do depósito da fé. Mas como podemos fazer concessões no que à Eucaristia se refere? Ou há Presença Real de Cristo ou não a há.


I. Continuação perpétua da Paixão

Acudamos ao Cenáculo a tarde da Quinta Santa. Jesus se despede de seus Apóstolos na Ceia ritual, lhes oferece a lição básica de que a sua caridade há de ser operante, como o lavatório de pés que Cristo realiza com seus discípulos. Vai morrer, e vai ficar. Sua morte se prolongará através dos séculos. Antes de entregar-se a seus adversários, Jesus eterniza sua Paixão, deixando-a viva na Eucaristia.

Jesus prolongará sua Paixão pelas mãos de seus Apóstolos e seus sucessores, os sacerdotes, a quem dará faculdade para fazer-lhe descender realmente do Céu ao altar.
Quando finaliza a primeira Eucaristia do mundo, Jesus indicará, melhor mandará a seus Apóstolos: «Fazei isto em memória de mim», virtualizando a consagração através de todos os séculos e no cenário de todos os países do mundo.
Afirma São Paulo:
«Porque eu recebi do Senhor o que também transmiti a vós: que o Senhor Jesus na mesma noite em que foi entregue, tomou o pão; e tendo dado graças, o partiu e disse: Este é meu corpo, que será entregue por vós. Fazei isto em minha memória. E do mesmo modo (tomou) o cálice, depois de cear, e disse: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue; fazei isto quantas vezes o bebais, em memória de Mim. Porque quantas vezes comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciai a morte do Senhor até que Ele venha».[1]

Neste parágrafo o Apóstolo nos ensina as seguintes verdades como diretamente recebidas do Senhor:[2]
a) a Eucaristia é realmente o Corpo e o Sangue de Cristo (24 s.);
b) o Apóstolo e seus sucessores estão autorizados para perpetuar o ato sagrado (24-26);
c) a Missa é um sacrifício (25);
d) o mesmo da Cruz (26);
e) a Eucaristia deve ser recebida dignamente (27), isto é, com a plenitude da fé e humildade do que severamente examina sua consciência (28-31). [3]

A Eucaristia é a morte permanente de Jesus através dos séculos, uma morte que é vida, já que o mesmo que do Calvário saiu a Redenção, do altar onde se situa o Corpo e o Sangue de Jesus, segue manando abundantemente a vida.
Infelizmente a Eucaristia pode provocar a morte da alma, que não a recebe em condições de pureza interior de vida, assim São Paulo após anunciar-nos a grandeza da Eucaristia, acrescenta algo que causa terror:
«De modo que quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Mas examine-se cada um a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice; porque o que come e bebe, não distinguindo o Corpo (do Senhor), come e bebe sua própria condenação».[4]

A Paixão de Jesus começa no Cenáculo com a instituição da Eucaristia a tarde da Quinta Santa e permanece para sempre entre nós como morte de Jesus do que procede a verdadeira e eterna vida.
Santo Alfonso Maria de Ligório afirma que a Santa Missa é de todas as obras a mais santa e divina.[5] Em efeito, Deus não pode fazer algo maior que a Missa.

«A Santa Missa encerra todo o valor do sacrifício da cruz… Para ter ideia do que vale a Santa Missa, é preciso não perder de vista que o valor dela é maior que o que juntamente encerram todas as boas obras, virtudes e merecimentos de todos os santos que tenham existido desde o princípio do mundo ou existam até o fim, sem excluir os da mesma Santíssima Virgem Maria».[6]

Na Eucaristia, Jesus está realmente presente em CorpoSangueAlma e Divindade.

O Corpo e o Sangue de Nosso Senhor se fazem presentes sob a aparência do pão e do vinho pela conversão de toda a substância do pão e do vinho em toda a substância do Corpo e do Sangue do Senhor. Esta conversão admirável recebe o nome de transubstanciação.[7]

II. Paganização da Santíssima Eucaristia

Santo Alfonso Mª de Ligório disse: «O diabo sempre intentou, por meio dos hereges, privar o mundo da Missa, tornando-os precursores do Anticristo quem, antes de nada, intentará abolir e abolirá efetivamente o Santo Sacrifício do Altar, como castigo pelos pecados dos homens, segundo a predição de Daniel, “E se fez força contra o sacrifício perpétuo” (Dan. 8, 12)».[8]]

Era obvio que as Comunidades de Base, seriam a ponta de lança para a destruição da Missa Católica. A falsificação do Santo Sacrifício, não é o resultado destes últimos anos, é a consequência de meio século de silencioso e consistente ataque modernista ao Sacramento, mediante a agitada e sediciosa Teologia marxistóide da Libertação, ideologia desde a que tomou corpo a Igreja Popular, ou Comunidades de Base contaminadas pela luta de classes, em oposição à Igreja tradicional, e as que buscaram abertamente um novo conceito da Missa.
Adulteração do Sacramento Central da Fé Católica, que por meio século há penetrado na mente e na práxis litúrgica, até o ponto de que muitos se perguntam, se a Missa assim «celebrada» é válida ou não. Se consideramos o longo período deturpador, milhões têm participado desse tipo de eucaristias adulteradas e não conhecem outra celebração eucarística que essa.

Evidente destruição da Eucaristia, quando se põe o acento nos movimentos corporaisna incorporação de ritos pagãos, quando se muda o Sacrifício por uma espécie de motim para a «celebração das lutas do povo», ou, quando fica reduzido a um simples «impulso religioso», deixando assim de ser a perpetuação do sacrifício redentor de Cristo na Cruz e na Última Ceia, e consequentemente o Santo Sacrifício da Missa.

Instalar o culto pagão no lugar santo, é a abominação da desolação, que é o culto de Satanás mesmo.

III. Supressão do Sacrifício

Lutero, o heresiarca blasfemo odiava a Missa Católica, foi um dos que mais se ocupou da doutrina da Eucaristia. Há que recordar uma vez mais, que sua teoria consistia em substituir a palavra transubstanciação pela de consubstanciação. O prefixo trans denota um câmbio de substância, em troca con significa contrariamente que não há câmbio algum de substância.
O Sacrossanto Concílio de Trento definiu taxativamente a respeito condenando a fórmula luterana. A tese de Lutero não representava a Eucaristia.

Lutero negou raivosamente a natureza sacrificial da Missa declarando: «Esse Cânon abominável é uma confluência de esgotos de águas lodosas, que tem feito da Missa um sacrifício. A Missa não é um sacrifício. Não é o ato de um sacerdote que sacrifica. Junto com o Cânon, nós descartamos tudo o que implica uma oblação».
Chamou a Eucaristia de «abominação», «culto blasfemo e falso», e em sua tentativa de suprimir o culto eucarístico agitou diabolicamente a seus seguidores para «atacar aos idólatras».
«Eu afirmo –declarou- que todos os bordéis, os assassinatos, os roubos, os crimes, os adultérios são menos iníquos que esta abominação da Missa Papista».
Expressou seu desejo de que algum dia «quando a Missa tenha sido destruída, -creio que teremos destruído ao Papado. Creio que é na Missa, como sobre uma rocha, onde o Papado se apoia inteiramente tudo se colapsará por necessidade quando se colapse sua sacrílega e abominável Missa».

A Eucaristia é a pedra angular da fé e doutrina católicas, se se retira a Missa, colapsa com ela toda a fé católica. É difícil imaginar o que dela restaria. O Príncipe da Teologia, Santo Tomás de Aquino se refere à Eucaristia declarando que todos os outros sacramentos dependem dela, o mesmo batismo resulta é porque nos capacita para recebê-la, e se um batizado se nega conscientemente a recebê-la, essa atitude o separa da corrente da graça santificante.
A Eucaristia ademais de sacramento é sacrifício:
«A consagração do crisma ou de qualquer outra matéria não é sacrifício, como o é a consagração da Eucaristia».[9]
«Este sacramento tem sobre os demais a razão de sacrifício».[10]

Sem dúvida, a supressão do Santo Sacrifício da Missa, seria a maior abominação da desolação: «Este é o Sacrifício de nossos altares, que então, nestes terríveis dias, será proscrito, em todas as partes proibido; e, salvo os Sacrifícios, que poderão celebrar-se nas sombras subterrâneas das catacumbas, ficará interrompido em as todas partes».[11]

Se somente o participar do Santo Sacrifício, ali onde não se celebra a Missa Tridentina, no que se dão inumeráveis abusos litúrgicos, em um desprezo à Presença Real do Senhor, constitui para os fiéis ao redor do mundo, uma tortura espiritual insuportável que será o que nos espera, como se diz, se se promulgasse uma «Missa» sem transubstanciação para torná-la «ecumênica»?

Assim, a Missa Católica fica reduzida a nada. Talvez uma oração, uma celebração, um serviço religioso, mas não a Missa, por uma real ausência de Cristo.
As fórmulas que nos querem levar a construir uma ponte sobre o abismo de uma Missa sem Eucaristia, não são mais que artifícios para enganar a uma das duas partes, ou a ambas.
Deus não o permita, fiel a sua palavra: as portas do inferno não prevalecerão contra minha Igreja.

Pensemos no profeta Malaquias que falando em nome de Deus, quatro centúrias antes de Cristo se referia à Missa:
«Porque desde o nascer do sol até seu ocaso é grande meu Nome entre as nações; e em todo lugar se oferece a meu Nome um sacrifício de incenso e oferenda pura, pois grande é meu Nome entre as nações, diz Yahvé dos exércitos».[12]
Recordemos Santa Maria Goretti, quem para ir à Missa Dominical, viajava 15 millas. 

Pensemos em Santina Campana, que ia a Missa mesmo quando estava com febre. Pensemos em São Maximiliano Maria Kolbe, quem oferecia a Santa Missa quando sua saúde estava em estado tão lastimoso, que um de seus irmãos religiosos tinha que sustentá-lo no altar para evitar que caísse- E quantas vezes São Pio de Pietrelcina celebrou a Santa Missa, mesmo quando lhe sangravam as mãos e ardia em febre![13]

Santo Inácio de Antioquía, a caminho do martírio, no ano 110, escreve em sua carta aos Magnesios «Como poderíamos viver sem Ele?», ou seja, como poderíamos viver sem a Eucaristia?

Se chegar esse dia em que desde o cume da Igreja se verifique a completa destruição do Santo Sacrifício, os fiéis, junto aos grandes defensores da Eucaristia como Santo Tomás de Aquino, Santa Clara, São Norberto, São Pedro Julião Eymard, São Leonardo de Porto Mauricio, o Santo Cura de Ars, São Pio de Pietrelcina, e o exército de santos defensores da Eucaristia, teremos de dar se possível a vida, para que a Santíssima Eucaristia não seja pisoteada e aniquilada, seguindo o exemplo dos irlandeses que em tempos de perseguição arriscavam sua vida e as de suas famílias porque a Missa é o único que importa.

Germán Mazuelo-Leytón

Fonte: adelante la Fé - Misa ecuménica

[1] 1 CORINTIOS 11, 23-25.
[2] Cf. 15, 3; Ga. 1, 11, etc.
[3] Cf. Biblia Straubinger.
[4] 1 CORINTIOS 11, 27-29.
[5] Selva de Materias predicables P. 2, 1.
[6] EYMARD, São PEDRO JULIÃO, Obras eucarísticas.
[7] MAZUELO-LEYTÓN, GERMÁN, El milagro de la transubstanciación. http://adelantelafe.com/milagro-la-transubstanciacion/
[8] The Dignity and Duties of the Priest, o Selva (Londres: Benziger Bros., 1889), pág. 212.
[9] DE AQUINO, Santo TOMÁS, S. Th., III, 82, 4, ad. 1.
[10] Ibid., S. Th., III, 79, 7, ad. 1.
[11] BILLOT S.I., Cardeal.
[12] MALAQUIAS, 1, 11.

[13] Cf.: MANELLI F. I., Pe. Stéfano, Jesus nosso amor eucarístico.

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