sábado, 18 de agosto de 2018

O que a Igreja diz sobre o reiki?

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1. O reiki se apresenta como um método de cura através de energias e parte da base de que tudo o que existe é energia.

O reiki, criado no Japão por Mikao Usui (1865-1926), diz ser um método de cura que utiliza a “energia universal da vida” e uma conjunção de duas energias muito poderosas. A primeira energia seria guiada por uma consciência superior que alguns chamam “Rei” (Deus) ou seu próprio “ser superior”, ou seja, não seria produzida pelo curador mas pelo mesmo ser superior. A outra energia, a pessoal, a que moveria o ser humano, é chamada “Ki”.

Quem pratica reiki considera que tudo o que existe é energia, desde o pensamento até os elementos e nós seríamos portanto uma irradiação dessa energia. Segundo esta concepção, o “campo eletromagnético” que produz a energia que nos rodeia está composto por várias camadas que nos envolvem e ao longo de nossas vidas vai se nutrindo de traumas e problemas emocionais que ficam presos nele como em uma rede, produzindo bloqueios no fluxo da energia universal de vida. Esta energia supostamente essencial para a vida, e incluso mais importante que o ar e a água, se estabilizaria mediante a cura reiki, que ajuda o fluxo da mesma a desbloquear os problemas energéticos que seriam os indicadores da doença física.

O reiki tem cinco princípios que aparecem como um suposto guia para os “canais” (reikistas) e foram estabelecidos por Mikao Usui e outras pessoas como o Dr. Háashi e a Sra. Takata. São estes:


1-     Somente por hoje, não te enfades.
2-    Somente por hoje não te preocupes.
3-    Honra a teus pais, mestres, e anciãos.
4-    Ganha tua vida honradamente.
5-    Demonstra gratidão a todos os seres viventes.

2. O tratamento consiste na colocação das mãos sobre o corpo humano para que a energia flua, cure e inclusive conecte com guias espirituais.

Ao colocar as mãos sobre o corpo do paciente, o reikista permitiria que a energia mane entre duas ou mais pessoas com o único propósito de compartilhar a cura. O reiki também pode ser auto-aplicado. Ante uma zona considerada de interesse, as mãos podem ser mantidas sobre ela durante o tempo que se considere necessário.

Os sistemas variam de acordo com o reikista, mas na maioria das vezes se trabalha em uma primeira sessão chamada “limpeza dos 21 dias”, durante os quais se supõe que a energia trabalha limpando os chacras (centros de energia imensurável situados no corpo humano, segundo algumas culturas da Ásia) começando pelo chakra raiz e culminando pelo da coroa. Esta energia fluiria três vezes através dos chacras no transcurso de três semanas e depois se efetuaria um “alinhamento” no que a energia trabalharia a um nível maior.

Alguns reikistas consideram que além de curar, o reiki ajuda a conectar-nos com nossos “Guias Espirituais”.


3. Se baseia em uma cosmovisão espiritual orientalista panteísta e está influindo diversas religiões e práticas.

Antes da chegada da filosofia budista ao Japão, existia nessas ilhas um tipo de religiosidade primitiva, similar a outras de distintos povos arcaicos, que se denominou xintoísmo no século VIII para diferenciá-la do budismo. Surgiu do culto à natureza das religiões populares. Isto se reflete em cerimônias que invocam os poderes misteriosos da natureza. Em 1945, o xintoísmo estatal (que cria no imperador como descendente do Deus sol) perdeu seu posto oficial e na atualidade o culto é privado.

O budismo foi fundado por Gautama (563-483 a.C.) e é uma religião filosófica, ainda que em sentido estrito é mais uma filosofia, porque Gautama negou a utilidade de qualquer deidade. Baseia suas crenças em que o sofrimento (dukkha) é causado pelos desejos e se necessita eliminar o desejo para eliminar o sofrimento. Isto se obteria mediante a finalização das sucessivas reencarnações através da óctupla via e sua culminação no nirvana (desatar) ou a libertação espiritual.

A cosmovisão espiritual orientalista (hinduismo e budismo) é panteísta. O panteísmo é uma doutrina que ensina que Deus é a substância de todas as coisas, ou seja que “tudo é Deus” (imanência). A síntese desta doutrina aplicada às religiões orientais citadas é a crença no Átman ou alma espiritual do homem e o Brahma, Deus sem forma ou espírito do mundo. Ou seja, que para o conceito religioso orientalista, Deus seria uma energia e nós parte, reflexo ou pedaços materiais dessa energia cósmica.

Tanto nos Upanishads hinduístas como na crença vajrayāna, tântrica ou esotérica do budismo tibetano, se menciona e se crê na existência dos seis pontos energéticos localizados em distintas partes do nosso corpo chamados chacras (círculos). Estes formariam parte de um corpo de energia sutil e seriam mais sutis que o corpo físico. Seu estado de equilíbrio se refletiria em nossa saúde física e mental e a energia reiki estabilizaria esses centros energéticos.

Mikao Usui não foi alheio às influências destas religiões e práticas, e ademais foi um “monje cristão”. A utilização da técnica reiki como sistema de cura pode ter suas origens na época em que o Japão vivia a abertura cultural e na influência das religiões orientais já citadas mais as do “novo pensamento” ocidental (entre outras) que promoveram a criação de muitos novos movimentos religiosos japoneses (shinshūkyō) já desde fins do século XIX (7)

Manuel Guerra. Diccionario Enciclopédico de las Sectas. Tercera Edición – Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid.

4. O reiki não é uma ciência: seu conhecimento se alcança mediante uma certa forma de iluminação. Se apresenta como uma maneira para curar doenças físicas, mas seu tratamento não é comprovável.

O conhecimento científico se reúne em três qualidades: geral, social e legal. A geral se refere à validade da experiência, que pode repetir-se e nutrir-se de conhecimentos gerais e não individuais.

A social faz referência a que esse conhecimento possa ser comunicado de maneira que qualquer pessoa com capacidade e empenho possa aceder a ele. Esta característica distingue a ciência tal como se conhece no Ocidente dos conhecimentos que integram as doutrinas esotéricas, como o yoga ou o zen, os quais não poderiam comunicar-se através da linguagem, mas somente ser alcançado mediante uma certa forma de iluminação.

A terceira qualidade do conhecimento científico, a legal, faz referência às leis que integram as ciências e a aplicação prática das ciências que constituem a técnica.
Seguramente alguns reikistas e seus “pacientes” não atribuem ao reiki o carácter de ciência, mas afirmam que cura doenças físicas, e da ciência somente podem fazê-lo as médicas.

O reiki não é uma ciência, não é factual, não pode diagnosticar, seu tratamento não é comprovável, não previne e não aporta provas nem pode refutar outros resultados obtidos pela ciência.

Devido seu viés orientalista, possui determinismo filosófico, já que determina que as consequências são causais (causa-consequência) e nada ocorreria por azar.

Um ponto a mais a destacar é seu sobrenaturalismo, porque considera em sua prática a mediação de forças não pertencentes ao âmbito científico, o que o faria extrapolar seu campo pretendido.

Referências:
Introducción al conocimiento científico. Guibourg, Ghigliani e Guarinoni. Editorial Universitaria de Buenos Aires. 1985.

5. É uma prática mágica curandeira e como tal está aferrada na superstição e seus efeitos são inexistentes.

O ser humano primitivo alcançou uma etapa em que acreditou, mediante diferentes práticas, poder apaziguar e controlar as forças da natureza através da magia ou teurgia (feitiçaria).

O reiki diz administrar e dominar uma “energia universal de vida” que provém de uma consciência cósmica (a que muitos chamariam Deus) e que bem utilizada pode curar doenças físicas.

No estudo da mente religiosa primitiva será útil pontuar que em [determinadas] ocasiões se equipara religião e magia ao não haver evidências realmente demonstradas para determinar uma dissociação entre esse conceito religioso primitivo e a mesma magia.

Se tem manifestado que religião e magia são o mesmo, e que a dualidade magia-religião é posterior a um período mais primitivo no que ambas práticas se encontravam unidas.

Frazer sustentou que a magia seria mais antiga que a religião e alegou que aquela é um fenômeno mágico e não religioso. Assim, a religião envolve o homem em um vínculo de reciprocidade desigual com a divindade, manifestação própria do fato religioso, enquanto que a magia não se detém na adoração de nenhum ser.

A influência orientalista (budista) no reiki desloca toda deidade suplantando-a com essa força ou energia cósmica, essa consciência que se diz que atua mediante o reiki.

O reiki não se diferenciaria por demais de uma prática “xamânica” ou “druídica”, excetuando que não utiliza nenhuma medicina ou mistura alucinógena. Ainda assim diz não ser nem querer substituir a medicina tradicional ou alopata.

A medicina alopata é a terapêutica cujos medicamentos provocam no organismo são fenômenos distintos dos que caracterizam as doenças em que são empregados e é científica porque é conhecimento verdadeiro das coisas por seus princípios e causas (corpo de doutrina ordenado e formado com sujeição a um método que constitui um ramo particular do saber humano).

Considerando que não é e diz tampouco querer substituir a medicina tradicional ou alopata e carecer de sustentação científica (ainda que afirme sanar e considerar-se terapia alternativa) nem tampouco uma religião (apesar de que atribua seus resultados a uma energia sobrenatural à qual alguns conheceriam como Deus ou seu próprio “ser superior”), se conclui que o reiki encaixaria então na definição de uma prática mágica curadora.

O reiki diz administrar e transmitir uma suposta energia sobrenatural para um benefício, e o suposto controle de uma força de igual natureza para diversos fins se conhece como magia.

A magia é concebida no pensamento do homem primitivo e das crianças. Se encontra aferrada na superstição popular e mesmo que seja levada à prática e crida por algumas pessoas, seus efeitos são inexistentes.

Seu pretendido efeito curativo dista muito do conceito cristão de cura pela graça, por imposição sacramental ou a oração.

6. O aproxima-se da prática do reiki induz ao abandono da adoração a Deus. A magia é superstição e esta é alheia à fé (e à ciência) desviando a crença por um caminho equivocado.

Com respeito ao pretendido efeito de cura do reiki, o conceito cristão de “cura pela graça divina”, por imposição sacramental ou a oração, também dista muito da “energia universal de vida” que o reiki diz administrar de maneira individualista e confusa sobre a proveniência dessa suposta energia.

A superstição nasce da ignorância e essa ignorância também pode levar ao afastamento da “cura por poderes naturais” (medicina tradicional) podendo a pessoa utilizar o reiki não somente como terapia alternativa complementar, mas como terapia única, pondo em risco (talvez ainda mais) sua saúde. Vários bispos da Igreja têm dito que o reiki “não seria apropriado para as instituições católicas”.


Fonte: Aleteia - Que dice la Iglesia sobre el reiki


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