Em 2019 se cumpre um século da morte deste grande cientista e médico
generoso
Reconstituição de como poderia ser o doutor Gregório no contexto de um
hospital atual... há doentes que asseguram tê-lo visto
13 dezembro de 2018
Nota do Tradutor: interessante observar a semelhança cronológica e
biográfica deste com outro José, também médico, mas italiano e já elevado aos
altares: São José Moscati (1880-1927).
Tradução de Airton Vieira – Para
beatificar uma pessoa, é necessário constatar um milagre por sua intercessão,
que quase sempre é uma cura cientificamente inexplicável. Mas
no caso do doutor José Gregório Hernández (1864-1919), um médico venezuelano
exemplar, os médicos querem estar ainda mais seguros de que o caso seja
contundente.
El doutor Gregório é o tipo de possível
santo que poderia ser declarado, com o tempo, patrono dos médicos de seu país ou
incluso do continente.
A busca do milagre se acelera. Há
pressão porque em 2019 se cumprem cem anos desde sua morte (morreu
atropelado por um carro 1uando tinha 55 anos). Devido ao centenário, muitos queriam
poder confirmar um milagre e anunciar a beatificação deste homem que se
destacou na ciência e na fé.
Mil e duzentos casos notificados... 8 em estudo
Rafael Espinosa, membro da Associação
Civil de Trujillanos na Região Capital e integrante da comissão que trabalha
para acelerar o processo, explicou em El Universal alguns números. Em 2014, ao cumprir
150 anos do nascimento do médico, a Igreja venezuelana difundiu com mais
esforço seu chamado a que quem pudesse testemunhar um milagre atribuível
ao doutor Gregório o comunicasse. Desde então, nestes 4 anos foram recolhidos
1.248 casos comunicados de cura assombrosa, dos que 103 se
consideraram milagres potenciais e 8 são os que atualmente estão sendo estudados sob
sérios critérios médicos. A comissão não divulga mais dados sobre estes casos.
O processo exige que a cura seja inexplicável
cientificamente, isto é, não atribuível a causas naturais, além de instantânea
e duradoura no tempo (o que obriga a esperar alguns anos em diversas
enfermidades para constatar sua total desaparição).
O médico venezuelano já foi declarado
Servo de Deus em 1949, mas seu processo se estancou e quase foi esquecido. O arcebispo
Arias Blanco, de Caracas, o repropôs em 1957, ratificando sua categoria de
Servo de Deus e em 1986 João Paulo II constatou suas virtudes heroicas que
o consolidam como Venerável. Falta, pois, o milagre.
Devoção em uma Venezuela empobrecida
ao máximo
Cada 29 de junho, data de sua morte, sua
devoção se dispara na igreja da Candelária, em Caracas, onde descansam seus
restos. Em pleno século XXI, na pobríssima Venezuela rica em petróleo, muitos
devotos acodem a rezá-lo mas não têm dinheiro nem para comprar velas.
Genoveva Pérez, uma vendedora com mais
de 25 anos no lugar, o contava em um diário local: “Alguns vêm, perguntam quanto
custa uma vela e se vão querendo comprar. E eu, que não tenho coração para dizer
não ao povo, as dou”, admite. No verão de 2018, uma vela custava
300.000 bolívares [aproximadamente R$ 4,65] e um velão, 3 milhões[aproximadamente R$ 46,50], o mesmo que um vale alimentação.
Também tenta vender 'milagres', isto é, ex-voto, pequenas imagens de chumbo que
representam partes do corpo que foi curado e que o devoto compra como agradecimento,
para expor. O Servo de Deus cura a muitos, mas constantemente não há
dinheiro para comprar os ex-voto.
Um homem poliglota, intelectual e grande mestre
José Gregório Hernández nasceu em
Trujillo (Venezuela) e era filho de um colombiano e uma espanhola. Falava francês,
alemão, inglês, italiano, português e conhecia bem o latim. Era também músico e filósofo. Formou toda
uma escola de discípulos pesquisadores em medicina, vários dos quais foram
pioneiros em seus campos.
Publicou 13 ensaios científicos e foi um
dos fundadores da Academia Nacional de Medicina da Venezuela. A
Arquidiocese de Caracas apontou, no campo médico, que "sua especialização
nas melhores escolas do mundo, a modernização das técnicas médicas e seu esforço
por melhorar os estudos de medicina na Venezuela, o fazem um pioneiro na
construção do país”.
Tentou ser religioso ou sacerdote, sem
êxito
Mas o doutor Gregório fracassou
em um empenho: tornar-se religioso, algo que tentou três vezes.
Em 1908 tentou ser monge cartuxo em
La Farneta (Lucca, Italia). Provou durante 10 meses, mas o trabalho na horta e o
artesanato foram mal e seu corpo respondia mal ao clima europeu. Saiu da cartuxa
chorando. Em 1909 tentou ser sacerdote diocesano, mas se sentia
inquieto e saiu. E em 1913 tratou de entrar como seminarista no Colégio
Pio Latinoamericano de Roma: sua má saúde o tirou do seminário, o que não deixa
de ser paradoxo em quem ajudaria a tantos doentes.
De volta a Venezuela, tornou a trabalhar
como médico e docente. Era franciscano secular: orava, fazia penitência,
sacrifícios e vivia com austeridade e pobreza. Cobrava pouco de todos
por seus serviços, tanto de ricos como de pobres. A estes últimos lhes dava
alimentos e não raro também os remédios que lhes prescrevia. O povo, já em
vida, o considerava um homem de Deus.
Se subisse aos altares, seria o quarto
beato venezuelano, despois de Maria de São José Alvarado (1995), Candelária de
São José (2008) e Carmem Rendiles Martínez (2018). Estas três beatas pertenciam
a congregações religiosas. O doutor Gregório seria o primeiro leigo,
primeiro homem e primeiro cientista nos altares da Venezuela.
OBS.: vale a pena ainda ver os vídeos
postados na página abaixo. [ndt]
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Fonte:
https://www.religionenlibertad.com/ciencia_y_fe/170516886/Buscando-contra o
tempo-los-milagros-del-Dr.-Gregório-de-mas-de-100-curas--se-estan-estudando.html?utm_source=boletin&utm_medium=mail&utm_campaign=boletin&origin=newsletter&id=31&tipo=3&identificador=170516886&id_boletin=679684735&cod_suscriptor=470572829
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