quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Observações filológicas e hermenêuticas ao Oremus et pro Iudaeis


Por Guillermo-C-H Pérez Galicia
Tradução de Airton Vieira – Perfidus se aplica àquele que trai a confiança (fides) ou que rompe suas promessas.
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Perfidus está formado pela preposição per, que se acrescenta para reforçar o significado da palavra, seja em sentido positivo (como permagnus ou permolestus), ou em sentido negativo (como periurusperfidus).
A terminação -idus designa uma propriedade ou estado em relação com a raiz da que deriva o adjetivo que a contém: neste caso há que colocá-lo em relação com o verbo semi-depoente fido (fiar-se em alguém, ter confiança).
A palavra FIDES está unida aos “laços de clientela“, os laços de hospitalidade e amicitia, e os juramentos solenes ante a divindade; tem a ver com a relação que entabulam um grande senhor, justo e poderoso, com seus servos ou com colaboradores de menor status que se ajudam mutuamente, cada um segundo sua função. Ou seja, se relaciona com os compromissos de amizade, fidelidade, compromisso e confiança por laços de um indivíduo ou mais rumo a outro que tem uma influência ou um peso preponderante na sociedade. Ou, dito de outro modo, seu sentido fundamental se refere a pactos de colaboração existentes entre alguém simples de um baixo estamento e uma figura poderosa que lhe brinda seu apoio e selam uma lealdade mútua, com frequência por razões políticas; o outro sentido faz alusão ao compromisso de fidelidade e confiança peculiar existente entre o amante e a amada, como o expressam poetas como Catulo.
Assim pois, perfidus é aquele com quem não se devem selar pactos porque é indigno de confiança, pois não cumprem com sua parte em um trato, ou então aquele indivíduo que não é apto para uma relação de matrimônio porque está inclinado a ter deslizes e não é sincero em sua entregaO Cristianismo veio unificar ambos sentidos romanos de FIDES em sentido figurado para expressar o compromisso existente entre a alma do fiel e a amante da alma (Cristo), e a relação entre Deus e sua Igreja, identificando FIDES com o conceito grego PISTIS. De Fides deriva a palavra .
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Se consultamos “Pro Quinctio” de Cícero (6, 26), veremos que a palavra perfidus se refere a quem é falso, ardil, traidor e falto de honradez. A ode 27 do terceiro livro das Odes de Horácio é também suficiente demonstração para dar-se conta de que perfidus alude àquele que é traidor, indigno de confiança e propenso a romper os pactos importantes.
O termo adequado que serve para referir-se a quem não é fiel à religião verdadeira é infidelis, enquanto que infidus é um termo mais equívoco, porque pode aludir duplamente tanto àquele que não é digno de confiança como àquele que é inconstante ou infiel a algo.
Os judeus se entende perfeitamente que sejam chamados perfidi, porque os judeus atuais são talmúdicos, isto é, são os herdeiros dos fariseus, a quem Cristo chama mais de uma vez hipócritas, lhes dedica uma série de recriminações que bem merece a pena ler, analisar e seguir tendo-as em conta para estar sempre alerta (Mt 23, 13-36).
E não só aos fariseus em particular, mas Nosso Senhor também se refere em algumas ocasiões aos judeus em geral, como quando lhes acusa de ser filhos do Diabo, que seu pai é pai da mentira e homicida desde o princípio, dando a entender que eles são assim (Jo 8, 31-48). Além disso acusa os judeus em mais de uma ocasião de tentar matá-lo, coisa que jamais fez, por exemplo com os romanos.
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“Os judeus haviam tramado a morte de Jesus muito antes de ser levado a Pilatos, sem que exista, em troca, nenhuma passagem dos Evangelhos que indique alguma intenção ou plano dos romanos tendente a realizá-la”

Se vê então, que os judeus haviam tramado a morte de Jesus muito antes de ser levado a Pilatos, sem que exista, em troca, nenhuma passagem dos Evangelhos que indique alguma intenção ou plano dos romanos tendente a realizá-la.
As seguintes palavras de Santo Tomás de Aquino demonstram uma vez mais a que se refere o Catolicismo falando dos pérfidos:
Pois os judeus viam nele todas os sinais que os profetas disseram que haveria […] pois viam com evidência os sinais de sua Divindade, mas por ódio e inveja para com Cristo, as tergiversavam; e não quiseram confiar nas palavras dEste, com as quais se confessava Filho de Deus” (cf. Summa Theologica, 3 p., qu. 47, art. 5).
Mas, mais claro do que está na seguinte parábola, como Cristo o expressa, não pode estar:

 E começou a contar ao povo esta parábola: um homem plantou uma vinha e a arrendou a uns lavradores e saiu de viajem por bastante tempo. E no momento adequado enviou aos lavradores um servo para que lhe dessem do fruto da vinha. Mas os lavradores, após abatê-lo, o despediram sem nada. E tornou a enviar a outro servo; mas eles, abatendo-o e ultrajando-o, o despediram sem nada. E tornou a enviar-lhes um terceiro, mas eles também a esse, após feri-lo, o lançaram fora. Mas disse o Senhor da vinha: ‘que vou fazer? Enviarei a meu Filho o amado; talvez a Ele o respeitarão’. No entanto, ao vê-lo os lavradores, refletiam entre si dizendo: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo para que a herança seja nossa.’ E lançando-o fora da vinha, mataram.
Que fará, pois, com eles, o Senhor da vinha? Virá e fará perecer esses lavradores e entregará a vinha a outros.” (Lc 20, 9-16)

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Extraído de: https://iotaunum.wordpress.com/tag/oremus-et-pro-perfidis-judaeis/

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