quarta-feira, 3 de abril de 2019

FALAM OS EXORCISTAS – PARTE I


Nota do tradutor – Com as postagens a seguir, intituladas “Falam os exorcistas”, pretende-se proporcionar aos leitores informação sobre um tema cada dia mais premente, o da influência demoníaca na vida do ser humano, responsável pela quase totalidade dos males hodiernos. O intuito é o de entender como o satanismo especialmente a partir das últimas três centúrias, vem dominando praticamente todas as esferas da vida humana, da religiosa à civil, trazendo consequências a nível individual, familiar e coletivo; isto dito por quem lida direta e indiretamente com os “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef VI, 12). As informações, altamente necessárias a todos, crentes e não crentes, servirão para nos colocar diante da verdade: sobre nós e sobre os que nos cercam; tendo em conta o revelado à Santa Brígida da Suécia, que a Igreja utiliza em sua liturgia: “(...) Suplico-Vos, meu Salvador, livrai-me de todos os meus inimigos visíveis e invisíveis e fazei-me chegar, com vosso auxílio, à perfeição da salvação eterna”. É disto que se tratará nas postagens a seguir, vindas em boa hora para que a Verdade possa de fato libertar os – cada vez crescentes – milhões de cativos mundo afora, mesmo fora das prisões institucionais; portanto, eu, você, e muitos mais.

«O exorcista» e São Miguel Arcanjo
Por
 Germán Mazuelo-Leytón

12/03/2019

Tradução de Airton Vieira – O filme «O exorcista» de 1973, levado às telas sobre um roteiro de William Peter Blatty, se inspirou em um fato verídico de possessão diabólica em um menino de 13 anos, conhecido pelos pseudônimos Robbie Mannheim ou Roland Doe. Os detalhes do exorcismo foram registrados no livro Possessed de Thomas Allen.
I. Setenta anos atrás: Dominus
Robbie, era filho único. Em janeiro de 1949 uma tia, espiritista, com a que possuía um trato próximo lhe ensinou a usar o tabuleiro Ouija.
Pouco depois os pais de Robbie se deram conta que em torno a seu filho sucediam coisas estranhas como ruídos inexplicáveis em sua habitação, som incessante de gotejamento de água e mais tarde um ruído de arranhões como garras raspando madeira, movimento de mesas e objetos, alguns dos quais eram lançados pelos ares. Quase ao mesmo tempo sua tia Harriet morreu e Robbie começou a usar durante horas e horas a Ouija como um meio para contatá-la. Sucessivamente se deram anormalidades físicas alarmantes no corpo de Robbie: marcas de arranhões, vermelhidões e contusões, aparecidas sem nenhuma razão aparente.
Mais inquietante ainda foi a transformação de sua pessoalidade. O adolescente retraído e taciturno, se tornou repentinamente agressivo com frequentes arroubos de ira e birras violentas dirigidas a seus pais. Robbie começou a falar em latim, uma língua que não tinha como tê-la aprendido. Foi então quando seus pais decidiram que necessitavam ajuda. Tentaram quase tudo sem resultados. Como protestantes acudiram a seu pastor, quem considerava o exorcismo uma relíquia da Idade Média.
Finalmente acudiram à paróquia católica próxima a sua casa. O sacerdote Albert Hughes foi escolhido para ajudar os angustiados pais, mas resultou ser totalmente inadequado para a tarefa. Ao fracassar em sua tentativa de liberar o adolescente da possessão, lhes sugeriu que o hospitalizassem.
Transferiram sua residência a Saint Louis, Missouri, onde um familiar lhes animou a falar com o Padre Raymond J. Bishop, quem por sua vez o fez com o Padre William Bowdern S.J. Ambos visitaram a casa da família onde foram testemunhas dos fenômenos. Este último indicou o Padre Bishop que tomara nota do que estava sucedendo com o rapaz, graças ao qual se tem conhecimento detalhe a detalhe de como foi o exorcismo de Robbie.
O Pe. Bowdern, finalmente foi designado pelo arcebispo de Saint Louis para realizar o exorcismo, o sacerdote que foi descrito por um companheiro jesuíta como totalmente intrépido, foi assistido pelos sacerdotes Walter Halloran e William Van Roo.
Desde sua primeira visita à casa em 11 de março de 1949, o Pe. Bowdern pôs Nossa Senhora de Fátima no centro de sua luta,[1] e foi justamente esse dia quando o sacerdote exorcista contou a Robbie acerca de como três meninos de sua idade receberam o privilégio especial de ver a Mãe de Deus cujo nome é Maria. Isto ajudou a explicar a Ave-Maria ao menino, que não era católico.
A história de Fátima fascinou o adolescente e o padre Bowdern a repetiu várias vezes durante os seguintes trinta e oito dias. Isto levou a Robbie a perguntar mais sobre a fé católica que finalmente o levou a sua conversão e mais tarde à de seus pais.
Em 23 de março começou sua preparação à recepção do Batismo, sacramento que recebeu em 1 de abril e no dia seguinte a Primeira Comunhão.
Depois de seu batismo, os demônios que possuíam Robbie se tornaram mais violentos. Trasladado o menino a um sector do Alexian Brothers Hospital, foi possibilitado ao sacerdote exorcista privacidade e proximidade com ele.
O Irmão Diretor do Hospital pôs uma estátua de Nossa Senhora de Fátima cerca próximo ao quarto, e posteriormente outra de São Miguel Arcanjo na própria habitação.
O Pe. Bowdern durante todo o processo do exorcismo havia refletido sobre algo que o diabo tinha pronunciado no início com voz gutural: não me irei até que se pronuncie certa palavra, e não permitirei que este menino o diga.
Durante as semanas seguintes, o exorcista e seu assistente suportaram indizíveis insultos, blasfêmias, linguagem suja e violência dos demônios que possuíam o menino, incluso a fratura do nariz do Pe. Halloran.
Cada vez que o espírito maligno se manifestava em Robbie, a voz do menino se distinguia por seu tom cínico, áspero e diabólico, no entanto, na segunda-feira de Páscoa às 22:45, a voz do rapaz mudou-se em tons claros e dominantes que não causaram temor. Um augusto personagem disse: Satã! Satã! Sou São Miguel e te ordeno a ti e aos outros espíritos malignos, que abandonem imediatamente este corpo em nome de Dominus, Agora, agora, agora!»[2]
Em seguida Robbie teve as mais violentas convulsões de todo o exorcismo, ao final se acalmou e disse aos que rodeavam sua cama: se foi.


II. O tentador
Este ano marca o septuagésimo aniversario desse único exorcismo documentado meticulosamente nos Estados Unidos de América, pelos sacerdotes jesuítas que o realizaram.
Isto é importante porque uma das maiores mentiras do diabo é convencer a humanidade de que não existe.
Diz Sertillanges que a obra prima de Satanás foi fazer com que os homens acreditassem que ele não existe.[3]
A existência de Satanás é dogma de fé. Está definido no IV Concílio de Latrão. O Pe. Justo Collantes, S.I.,diz que as palavras utilizadas neste capítulo são «uma profissão de fé».[4]
Diz o IV Concílio de Latrão: «Cremos firmemente e confessamos sinceramente que (…) o diabo e demais demônios foram criados por Deus bons, mas eles, por si mesmos, se tornaram maus».[5] «Portanto não se pode negar a existência real de um ser criado por Deus».[6]
«Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos lutavam com o dragão… e não foi encontrado seu lugar no céu» (Apocalipse 12, 7). «Foi precipitado na terra, e seus anjos foram com ele precipitados» (Apocalipse 12, 9).
Seus ofícios são: enganar aos homens, ainda com aparências de anjo de luz. Está como leão rugidor tentando devorar-nos (1 Pedro 5, 8). Assim o sublinha Santo Inácio de Loyola: «Próprio é do anjo mau, que toma a aparência de anjo de luz,[7] entrar com a anima [alma] devota, e sair consigo; a saber, trazer pensamentos bons e santos conforme a tal anima justa, e, depois, pouco a pouco, procurar retirar-se, atraindo a anima a seus encobertos enganos e perversas intenções».[8]
O relato da «tentação de Jesus» (Lucas 4, 1-13), é rico em ensinamentos sobre a natureza do diabo e, antes de tudo, sobre seu poder, que se opõe ao de Deus (Hechos 26,18). Em efeito, Satanás mostra a Cristo «todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe diz: «Tudo isto te darei se prostrando-te me adorares» (Mateus 4, 8-9). Os homens estão submetidos a Satanás em razão do pecado (1 João 3,8: «Quem comete o pecado é do diabo»), estão submetidos a Satanás que possui um império imenso (Mateus 12,26; Apocalipse 13,2). Desta forma, sua dominação é universal; tal como expresso em Romanos 6,16: «vos tornais escravos daquele a quem obedeceis» e em 2 Pedro 2,19: «o homem se torna escravo daquele que lhe vence». Jesus qualificará Satanás com o título de «Príncipe deste mundo» (João 12, 31; 14, 30; 16,11) e são Paulo com o de «deus deste mundo» (2 Coríntios 4,4; cf. Efésios 2,2). Mais ainda, Satanás é o «Príncipe dos demônios» (Mateus 9,34), isto é, o primeiro de todos os anjos caídos. Com o fim de expressar sua autoridade suprema, o Apocalipse o representa como um dragão sentado em um trono (2,13), possuidor de «poder e… grande poderio» (13, 2), com a cabeça coroada de diademas (12,3) e recebendo a adoração de todos seus súditos (13,3; 16,2).[9]
Suas obras são: a possessão diabólica, a doença e a morte. Satã luta continuamente com o homem, atacando-lhe de cobiça, de cólera, de soberba, de maledicência, com os que deseja arrastá-lo à perdição.
O diabo é o tentador por excelência, exatamente como o havia sido em figura de serpente, enganando a Eva com sua astúcia (Gênesis 3,1 e ss.; cf. Coríntios 11,3; 1 Timóteo 2,14), e como seguirá fazendo com os discípulos do Salvador (1 Coríntios 7,5; Apocalipse 2,10). Sempre se esforçará em «descarrilar» os fiéis, em subtraí-los do Senhorio de Cristo para arrastá-los consigo (1 Timóteo 5,15). Sua arma é sempre a mesma, a que empregou em Jesus: a astúcia (2 Coríntios 2,11). É um mentiroso (João 8,44; cf. Apocalipse 2, 9; 3, 9) que adquire as melhores aparências para seduzir suas vítimas. Lobo com pele de cordeiro (Mateus 7,15), este anjo das trevas inclusive se dissimula em anjo de luz (2 Coríntios 11,14). Eis aí por que sua atividade é constantemente apontada como enganosa e de extravio para as nações ou a terra inteira (Apocalipse 12, 9; 20, 2, 7, 10). Por estas razões, se opõe tão radicalmente como a noite ao dia (cf. 2 Coríntios 6, 5; João 8, 44) a Cristo, que é a Verdade (João 14, 6; 18, 37: 2 Coríntios ll,10) e a Luz (Mateus 4, 15; João 1, 4, 9; 8,12; 9,15; 12,46).
Satanás oferece a nossa vista, figuras atrativas e prazeres fáceis de conseguir, para destruir por meio da vista, a virtude da castidade. Tenta a nossos ouvidos com doces melodias, para deleitar e amenizar o vigor cristão por meio de plácidos ouvidos, excita a língua com as injúrias, instiga as mãos quando estas ferem, empurram até o homicídio, para que alguém seja defraudador lhe propõe lucros injustos, para cativar uma alma com o dinheiro, sugere-lhe a ideia de poupanças perniciosas. Promete honras terrenas para privar das celestiais, luze o falso para arrebatar o verdadeiro, e quando não pode enganar oculta e insensivelmente, ameaça às almas tentando excitar o terror das tribulações para assim derrocar os servos de Deus, inquieto sempre e inimigo durante a paz, é doloroso e violento na perseguição.
Assim Satanás, e como quer que os dardos que nos lança com dissimulo são os mais frequentes, e seu modo de acometer é oculto, consegue passar inadvertido e ferir-nos grave e frequentemente, o qual nos obriga a vigiar, para conhecer e rejeitar suas acometidas.
Quantas pessoas sentem estas tentações, estas inclinações, estes apetites e estes desejos e não querem se dar conta de que são obra do Demônio. Aí está precisamente o perigo principal da atuação de Satanás, em que logra que a vítima não se aperceba de que é ele quem está atuando e assim não dá importância alguma a suas insinuações malévolas.
A alma está dormida em seu sono do pecado, para que despertá-la? afirma Satanás, enquanto permaneça nesse estado é minha, não sente temor de sua condenação nem interesse algum em safar-se de minhas garras.
III. «Jesus derrotado pelo diabo»
Recentemente no impudico e repugnante carnaval do Rio de Janeiro, uma escola de samba apresentou uma representação intitulada «Saliva dos Santos e o Veneno da Serpente», com alusões aos demônios e uma encenação na que Jesus era «derrotado» por Satanás em uma «batalha entre o bem e o mal».
Quatro dias depois, foi informado que o personagem que fez o papel do diabo vencendo a Jesus, morreu carbonizado em um violento acidente de trânsito [de fato trata-se de fake news, como ventilado sua possibilidade pela própria fonte aqui citada. O que não impede de lembrar inúmeros outros casos semelhantes em que de fato protagonistas e/ou participantes de sacrilégios e blasfêmias tiveram ou um fim trágico ou a vida em declínio, como sói ocorrer com todos os grandes inimigos da Igreja e do Sagrado – ndt] [10]
A suprema importância do relato da «tentação de Jesus», consiste em opor Nosso Senhor Jesus Cristo (Dominus) ao diabo como dois personagens que têm uma soberania própria e um papel a jogar na salvação do mundo. Satanás é considerado desde agora como o «anticristo», assim como Jesus, por seu lado, acaba por apoderar-se do reino do diabo: «O Filho de Deus se manifestou para desfazer as obras do diabo» (1 João 3,8). A autoridade dAquele sobre este aparece absoluta; Jesus, ao ser de uma inocência perfeita, não oferece nenhum suporte em si; nada há em sua pessoa que possa servir de base para vencê-lo ou acusá-lo; é, sem pecado (Hebreus 4,15) nem cumplicidade alguma com o mal: «o Príncipe deste mundo. Sobre mim não tem nenhum poder» (João 14,30). Ademais, seu poder é muito superior ao de seu adversário, expressando-se na ordem: «Aparta-te, Satanás» (Mateus 4,10), vai-te! Jesus triunfa, ali onde o primeiro homem havia sucumbido. Certamente, não se trata senão de um primeiro enfrentamento, e sobretudo no Calvário, pela ignomínia e as torturas —e não pela glória e o êxito— é onde o Salvador destronará o Adversário. Este, até o fim dos tempos, continuará atacando os discípulos, mas estes se agruparão e se protegerão em uma Igreja contra a que serão vãos os assaltos do inferno (Mateus 16,18). Satanás por isso é o grande vencido.[11]
Prestemos atenção -se alguém quer- porque Deus a ninguém quer privar de sua vontade, mas que escolha seus próprios caminhos para que em seguida não fale de desagradáveis surpresas nem de inesperados castigos. Aí está o segredo de cada um em sua eleição totalmente voluntária, ninguém se condena se não o deseja, claro que no fundo não o deseja, mas tampouco evita essa condenação enquanto lhe seja possível gozar torpemente da vida, e quando se apercebe do perigo, talvez seja definitivamente tarde.

[1] ALLEN, THOMAS, Possessed: The True Story of An Exorcism.
[2] GARRISON, CHAD, The True Story of the St. Louis House That Inspired The Exorcist.
[3] Cf.: CREUS VIDAL, LUIS, Introducción a la Apologética.
[4] COLLANTES S.J., P. JUSTO, La fe de la Igreja Católica, nº 208.
[5] DENZINGER: Magisterio de la Igreja, n.428.
[6] ANGELO SCOLA: Sectas Satãicas y fe cristã.
[7] 2 Cor 11, 14.
[8] E.E., 332.
[9] Cf.: SPICQ O.P., Fr. CESLAS, La existencia del Diabo pertenece a la revelación del Nuevo Testamento.
[11] Cf.: SPICQ O.P., Fr. CESLAS, La existencia del Diabo pertenece a la revelación del Nuevo Testamento.
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Fonte: https://adelantelafe.com/el-exorcista-y-san-miguel-arcangel/

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