terça-feira, 13 de agosto de 2024

Um breve exame crítico à Missa Nova de Paulo VI

 


Pastores protestantes Georges, Jasper, Sephard, Konneth, Smith, e Thurian com o Papa Paulo VI.


Passemos agora em revista em termos gerais as principais inovações filo-protestantes introduzidas na Missa de Paulo VI, tanto na arquitetura litúrgica como no próprio rito.

Naturalmente, trataremos apenas daqueles que são mais fáceis de serem observados pelos próprios fiéis, para que todos possam ter uma ideia clara da falta de acordo entre o novo rito e o tradicional.

 

Mudanças arquitetônicas nos templos

 

1) Eliminação sistemática das grades que separavam os fiéis do espaço sagrado do presbitério. Este último, reservado aos sacerdotes e outros ministros sagrados, é agora acessível a todos. Consequência: o conceito de lugar sagrado desapareceu, o sacerdote foi dessacralizado e o clero é progressivamente equiparado, na prática, aos leigos.

2) No altar é celebrado de frente para o povo. O sacerdote já não se volta para Deus para oferecer o Santo Sacrifício em favor dos fiéis, mas olha para as pessoas que participam numa simples reunião para rezar.


3) O altar quase sempre é desenhado em forma de mesa, como um móvel feito para comer. A Missa deixa de ser o Sacrifício expiatório e passa a ser uma espécie de jantar fraterno. Na realidade, enquanto o altar sugere um sacrifício oferecido a Deus, a mesa dá a ideia de uma refeição normal no contexto de uma simples comemoração. Por isso, nos templos protestantes utiliza-se uma mesa, quando existe, nunca um altar.

4) Segundo as novas rubricas da Missa de Paulo VI, ele não precisa ocupar posição central no presbitério. Disposições recentes, como as da Conferência Episcopal Italiana, aperfeiçoaram o funcionamento, prevendo a transferência gradual para uma capela lateral para esse fim. É para não irritar os protestantes; Assim, a Presença permanente de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacrário não será mais um obstáculo ao caminho ecumênico irreversível.

5) No centro do presbitério, e geralmente no local onde ficava o Tabernáculo, fica a cadeira do sacerdote celebrante. O homem ocupa o lugar de Deus e a Missa transforma-se num simples encontro fraterno da assembleia com o seu presidente, ou seja, o antigo sacerdote, cuja função foi reduzida à de simples encenador ou animador litúrgico da nova Igreja conciliar antropocêntrica.

Neste ambiente festivo introduz-se, com a aprovação entusiástica dos bispos, a onda pop de grupos de música paroquial mais ou menos juvenil, pretendendo criar um ambiente com ritmos de dança diversos (em muitas eucaristias conciliares as pessoas já dançam para todos os efeitos).

 

Alterações dogmático-litúrgicas no rito da Missa

 

1) Foram eliminadas as orações ao pé do altar no início da Missa, ao final da qual o sacerdote se reconhecia indigno de entrar no Santo dos Santos para oferecer o Santo Sacrifício e invocava a intercessão dos santos para purificar-se de todo pecado.

Em vez disso, na nova missa antropocêntrica, o presidente da assembleia faz um discurso de boas-vindas, um prelúdio à criatividade litúrgica mais ou menos anárquica à qual dará livre curso.

2) Elimina-se o segundo Confiteor (o primeiro era rezado apenas pelo celebrante e o segundo pelas pessoas de baixo), que estabelecia uma distinção entre o padre e os paroquianos, que se dirigiam a ele como pater, pai.

Na nova Missa, em que o “eu pecador” é rezado apenas uma vez por todos juntos, o sacerdote não é mais o pai dos fiéis, mas sim outro irmão em igualdade de condições. Democrática e protestante, está afogada – nem mais nem menos – na corrente “Confesso a Deus Todo-Poderoso e a vocês, irmãos…”. Agora somos todos irmãos.

3) As leituras bíblicas também podem ser feitas (e quase se poderia dizer que é sempre assim) por simples leigos, tanto homens como mulheres.

Tudo isto contraria o mandato (que remonta aos primeiros séculos da Igreja) que reservava tal função aos titulares de ordens sagradas, de leitor para cima. O leitorado era justamente uma das ordens menores, através da qual ele acessava o diaconado. Os protestantes não têm clero, mas meros ministros e ministérios (por isso a reforma de Paulo VI eliminou as ordens clericais menores, instituindo em seu lugar... ministérios: leitorado e acólito). Agora qualquer pessoa, independentemente do sexo, tem acesso ao púlpito.

4) No ofertório da Missa anterior, o sacerdote ofereceu Cristo como Vítima ao Pai como propiciação e expiação pelos pecados com palavras que não deixavam espaço para ambiguidades: «Recebe, santo Padre, esta Hóstia imaculada, que eu, servo indigno teu , ofereço-te […] pelos meus inúmeros pecados […] e também por todos os cristãos fiéis, vivos ou falecidos […] para que beneficie a mim e a eles para a salvação e a vida eterna.>>

Ao enfatizar tão abertamente o aspecto propiciatório da culpa e o aspecto expiatório da punição na Missa, os protestantes ficaram descontentes. A tal ponto que Lutero suprimiu precisamente as orações do Ofertório da Missa.

Atualmente, no Ofertório da Missa nova de Paulo VI, o presidente da assembleia, anteriormente denominado sacerdote, limita-se a oferecer pão e vinho para que se tornem pão de vida indeterminado e bebida de salvação um tanto vaga. A própria ideia de sacrifício propiciatório e expiatório está totalmente excluída.

5) Na Missa de Paulo VI o Cânon Romano foi certamente mantido para salvar as aparências, mas mutilado. Naturalmente, foram acrescentadas três novas orações eucarísticas mais atualizadas (II, III e IV), com o claro propósito de suplantá-la gradualmente, fruto da colaboração de seis especialistas protestantes, nas quais, para que nos entendamos, o  presidente da assembleia dá graças a Deus “te agradecemos porque nos tornas dignos de te servir na tua presença” (oração II), misturando assim a sua missão com a dos simples fiéis num único sacerdócio comum de sabor luterano. Ou pior ainda, dirige-se a Deus louvando-o porque, diz ele, “reúnes o teu povo sem deixar de oferecer [...] um sacrifício irrepreensível desde o nascer até ao pôr do sol” (oração III) em que o povo, e não só o sacerdote, parece ter se tornado um fator determinante para que a consagração acontecesse.

Na segunda fase do plano de protestantização, outras quatro orações eucarísticas que vão ainda mais longe foram incluídas no missal de Paulo VI.

Na verdade, afirma-se mesmo que somos “convidados à Ceia do Senhor” (conceito e terminologia inteiramente protestantes), enquanto o sacerdote-presidente conciliar já não pede que o pão e o vinho se tornem Corpo e Sangue de Cristo (como ainda era feito nas orações II, III e IV), mas simplesmente que Ele as faça “para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo Nosso Senhor”. Não há mais Transubstanciação ou Sacrifício expiatório e propiciatório. Sem isso, nem é preciso dizer, não há mais missa.

Obs: Aqui o blog Roma de Sempre não está em acordo com a afirmação destacada com fonte vermelha. Evidentemente a Missa Nova de Paulo VI é um rito falso, humanista, elaborado em comunhão com inimigos da Igreja para destruir a noção de sacrifício, porém, a matéria e forma, ou seja, pão e vinho (matéria) e as palavras da consagração “Tomai, todos, e comei: isto é o meu Corpo que será entregue por vós...”foram mantidas, assim sendo, não dá para afirmar em absoluto que não houve transubstanciação e que não houve missa.

O sacrifício de que fala a seguir na mesma oração eucarística deve ser entendido, portanto, como um mero sacrifício de louvor, algo que Lutero e seus seguidores ainda aceitaram, que por outro lado rejeitaram qualquer ideia de sacrifício expiatório e propiciatório.

6) No novo rito de Paulo VI, os dois pontos que precediam as palavras da Consagração desapareceram de todas as orações eucarísticas (incluindo a primeira). No antigo Missal Romano, estes pontos obrigavam o sacerdote a interromper a simples comemoração da Última Ceia para começar a agir, ou seja, a renovar o Santo Sacrifício de forma incruenta mas real.

O sacerdote-presidente conciliar encontra agora uma vírgula que acabará por levá-lo, psicológica e logicamente, a continuar a limitar-se à evocação, com a qual pronunciará a fórmula da Consagração com uma intenção puramente comemorativa (nem mais nem menos como em a Santa Ceia dos Protestantes).

7) Foi suprimida a genuflexão que o sacerdote fazia imediatamente após a consagração de cada uma das duas espécies. Ao se ajoelhar, ele expressou sua fé de que a Transubstanciação havia ocorrido através das palavras que acabara de dizer. Isto era totalmente inaceitável para os protestantes, que, como se sabe, negam o sacerdócio conferido pelo sacramento da Ordem, juntamente com os poderes espirituais que ele acarreta.

Agora, pelo contrário, na nova Missa de Paulo VI o presidente da assembleia ajoelha-se apenas uma vez, e não o faz imediatamente após a consagração, mas depois de ter elevado as duas espécies para mostrar aos fiéis algo que é plenamente aceitável para os protestantes, para quem Cristo está presente (sem a menor transubstanciação) à mesa da Santa Ceia graças exclusivamente à fé da assembleia.

É evidente que, não nos cansaremos de repetir, o novo rito dos conciliares satisfaz pelo menos em parte as exigências dos irmãos separados.

8) A aclamação dos fiéis no final da Consagração, embora retirada do Novo Testamento, é naquele momento totalmente inadequada e enganosa: introduz ainda outro elemento de ambiguidade ao apresentar um povo “enquanto aguardamos a sua vinda gloriosa”, quando o Senhor estiver verdadeiramente presente no altar como Vítima do Sacrifício expiatório e propiciatório que acaba de ser renovado.

Tal como as outras modificações e alterações, isto torna-se mais evidente no contexto geral de todas as outras mudanças.

9) No antigo Rito Romano, na hora da Comunhão os fiéis ajoelhavam-se repetindo humildemente como o Centurião: “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa, mas uma palavra tua bastará para me curar”. Esta frase expressava claramente a fé na Presença Real do Senhor nas espécies sagradas.

Pelo contrário, na Missa de Paulo VI, os fiéis limitam-se a dizer: “Não sou digno de participar da tua mesa” [na versão italiana da Missa Novus Ordo, N. del T.], com uma expressão perfeitamente vago aceitável em ambientes protestantes.

10) Na missa romana antiga era obrigatório receber a Eucaristia de joelhos, na língua e tomando todos os cuidados para evitar que fragmentos caíssem no chão (com recurso a uma bandeja).

Por outro lado, na Missa de Paulo VI, graças às táticas modernistas furtivas, a mera possibilidade de a Comunhão poder ser tomada de pé começou a ser admitida ad experimentum. Não demorou muito para que receber a Comunhão se tornasse nada menos que obrigatório. Mais tarde, através das diversas conferências episcopais, foi introduzido o costume de recebê-lo na mão, propagandeado com entusiasmo por um clero conciliar que havia perdido a fé e era totalmente indiferente aos inevitáveis ​​sacrilégios, voluntários ou não, a que são submetidos naquelas circunstâncias o Corpo de Cristo. Com a pandemia de 2020, a Comunhão na mão acabou sendo praticamente obrigatória em todos os lugares.

11) A distribuição da Sagrada Eucaristia não está mais reservada ao sacerdote ou ao diácono, como estava estabelecido desde o tempo dos Apóstolos; Com a autorização do Bispo, as religiosas e até os simples leigos passam a gozar dos mesmos poderes.

 

Conclusão

 

Recordemos finalmente a grave advertência feita pelo grande estudioso da Sagrada Liturgia, Dom Prospero Guéranger: «O que distingue sobretudo a heresia antilitúrgica é o ódio à Tradição nas fórmulas do culto divino. Todo sectário que deseja introduzir uma nova doutrina encontra-se inevitavelmente na presença da Liturgia, que é a Tradição no seu mais alto nível, e não se acalma até silenciar aquela voz e arrancar aquelas páginas que sintetizam a Fé dos séculos passados.>>


 

Fonte: adelante la fé - El breve examen crítico de la nueva Misa de Pablo VI

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