domingo, 8 de novembro de 2015

O divórcio é uma moléstia






 


O divorcismo é uma moléstia: moléstia da inteligência, moléstia da vontade e moléstia do coração.  A verdade tem os seus extremos: é o otimismo exagerado, ou o pessimismo desastrado. O divorcista ou pessimista vê tudo através do prisma negro de suas tendências mórbidas.


Para ele, o casamento não é um ato sagrado, em busca de uma felicidade alegre; é o prazer do animal, a nevrose sensual, é a podridão da lama.


E o coração? Pobre coração! Ele tem inúmeras moléstias, tem, sobretudo, a volúpia, o delírio da paixão... Não é o amor, pois o amor é nobre e a paixão é aviltante... A paixão é uma moléstia. O divorcista sofre dessa moléstia; é um tríplice doente... tudo está enfermo nele.


 
O paraíso terrenal


 
A sociedade reformada pelo divórcio seria o paraíso terrenal dos divorciados, a Jerusalém beatífica dos mercantes de mulheres.


A sociedade corre perigo, se dissolve, morre, porque a união entre os esposos é coisa sagrada, indissolúvel, amando-se nas dores e nas felicidades, e separando-se apenas à beira do túmulo.


Segundo os reformadores o homem não deve ligar-se à mulher nem a mulher ao homem. O homem deve amar hoje, odiar amanhã e depois separar-se ou meter uma bala na cabeça da consorte. Isto, sim,  rompe a monotonia da vida, dá satisfação, prosperidade e felicidade; é o paraíso terrenal!...


 
O conceito romano


 
Os divorcistas professam talvez a religião de Epicuro ou de Maomé. Não se sabe: o certo é que tem raiva de Roma. Será a Roma dos césares, ou Roma dos papas? Não o sei; mas suponho ser da segunda, pois, a primeira era divorcista, e o divorcista se faz copista da moralidade da Roma decaída no tempo dos imperadores pagãos.


A Igreja católica, seguindo a lei natural, social e divina, deve servir de base a toda instituição que pretende o aperfeiçoamento da sociedade, declara que o casamento não é simples contrato de compra e venda de carne humana, como praticamente ensinam os divorcistas, mas, sim, uma lei da natureza, uma lei social e uma lei divina.


Se fosse apenas uma lei social, os governos poderiam votar o divórcio, pois, sendo apenas, neste caso, um simples contrato bilateral, nascido do consentimento das partes, este contrato poderia findar pelas causas que lhe deram a existência.


Mas o matrimônio não é contrato como os outros: Seu fim é determinado pela natureza, assim como o regime necessário para alcançar este fim.


Desde já poderemos dizer que o matrimônio, como ensina a Igreja, embora não se trata de conceito, mas de lei fundamental, o matrimônio, digo, é indissolúvel, pela lei da natureza, pela lei social, e pela lei divina, de modo que o divórcio é uma aberração, uma violência contra essas três leis, e como tal é uma aberração, contra o bom-senso, a moral, o progresso e a felicidade. É um crime de lesa-humanidade, de lesa-sociedade e lesa-divindade.


A religião de Jesus Cristo ensina que o estado deve ser o prolongamento da família. Boas famílias formam bons estados. Famílias indissolúveis formam estados indissolúveis, como famílias nômades, vacilantes, versáteis, formam estados vacilantes, sem firmeza e sem duração. Isso é um princípio de simples sociologia.


 
A felicidade do povo


 
Em que consiste a felicidade do povo, dos indivíduos? Para o homem sadio é a satisfação estável de suas faculdades e tendências racionais. Para o desequilibrado é o prazer que é sempre mais ou menos fugidio e superficial. A felicidade é, pois, muito distinta do prazer. Até o animal sente o prazer; só o homem é capaz de felicidade.


Aqui, mais uma vez, o divorcista revela-se de uma ignorância incrível, em noções de psicologia e sociologia. A felicidade do indivíduo não depende do prazer que experimenta, mas da satisfação duradoura e permanente de suas faculdades. E, mais elevadas são essas faculdades, maior é a felicidade que o seu exercício lhe dispensa.


Há no homem uma felicidade no espírito: É a do sábio. Há nele uma felicidade da vontade: é o homem virtuoso, o santo. Há nele uma felicidade do coração: É o amor racional, puro e honesto. No homem há também o prazer: o prazer lícito e o prazer infame; o primeiro é oriundo do espírito, da vontade e do coração.; o segundo é oriundo do vício lamacento.


O que o homem procura no casamento? Será só o prazer dos sentidos? Neste caso não passa de um animal.


Será a felicidade? Neste caso, é um homem racional. Mas a felicidade exige, essencialmente, que o estado em que procura esta felicidade seja estável, permanente, indissolúvel enquanto viver. Ora, o divórcio é a separação, a desunião, a cessação, ou prevista ou imprevista realizada deste estado. É, pois, essencialmente oposto à felicidade do homem.


Felicidade e divórcio são dois elementos opostos e isso essencialmente. O divórcio, por motivos quase sempre fictícios, rompendo o vínculo da união, rompe o vínculo da felicidade, porque não há felicidade numa união precária, passageira; pode apenas haver prazer.


Os indivíduos felizes, e não os gozadores, formam uma família feliz. As famílias felizes formam um estado justiceiro, firme, progressista, que mantêm e assegura a felicidade de seus componentes.


 
Casamento e divórcio


 
Aproximemos agora estes dois termos da palavra – divórcio – e veremos o antagonismo, a oposição radical na ideia e na expressão. Estes termos são opostos um ao outro, como são opostas as palavras branco e preto, construir e destruir.


O casamento é a união do homem e da mulher, para, no regime do lar, atingir a finalidade deste ato que é o amor mútuo e a procriação.


O divórcio é a separação do homem e da mulher, para lançar o primeiro no crime e o segundo na prostituição: sem amor e sem procriação.


 
Conclusão


 
O casamento é um ato livre, porém, uma vez aceito, deve ser indissolúvel tanto em virtude da lei natural, como da lei social e da lei divina; enquanto o divórcio, destruindo, destruindo o vínculo desta indissolubilidade, ofende a lei da natureza, a lei social e a lei divina: é, pois, um ato imoral.


A cultura moral ou virtude, limita, pois, o divórcio e pugna em favor do casamento indissolúvel. A cultura moral é um progresso: o divórcio é um regresso aos costumes pagãos e selvagens.


Sim, é preciso cultura moram para casar: a prova está na história, que nos mostras os povos incultos, selvagens e apodrecidos evitarem o casamento, para lançarem-se no amor livre.


É a falta dessa cultura que faz descasar, como mostra a vida e as aberrações dos boêmios de todos os tempos. Tal é o sentido dos princípios do divórcio.


 
O Anjo das trevas – Pe. Júlio Maria

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