O divorcismo
é uma moléstia: moléstia da inteligência, moléstia da vontade e moléstia do
coração. A verdade tem os seus extremos:
é o otimismo exagerado, ou o pessimismo desastrado. O divorcista ou pessimista
vê tudo através do prisma negro de suas tendências mórbidas.
Para ele, o
casamento não é um ato sagrado, em busca de uma felicidade alegre; é o prazer
do animal, a nevrose sensual, é a podridão da lama.
E o coração?
Pobre coração! Ele tem inúmeras moléstias, tem, sobretudo, a volúpia, o delírio
da paixão... Não é o amor, pois o amor é nobre e a paixão é aviltante... A
paixão é uma moléstia. O divorcista sofre dessa moléstia; é um tríplice
doente... tudo está enfermo nele.
O paraíso terrenal
A sociedade
corre perigo, se dissolve, morre, porque a união entre os esposos é coisa
sagrada, indissolúvel, amando-se nas dores e nas felicidades, e separando-se
apenas à beira do túmulo.
Segundo os
reformadores o homem não deve ligar-se à mulher nem a mulher ao homem. O homem
deve amar hoje, odiar amanhã e depois separar-se ou meter uma bala na cabeça da
consorte. Isto, sim, rompe a monotonia
da vida, dá satisfação, prosperidade e felicidade; é o paraíso terrenal!...
A Igreja
católica, seguindo a lei natural, social
e divina, deve servir de base a toda instituição que pretende o
aperfeiçoamento da sociedade, declara que o casamento não é simples contrato de
compra e venda de carne humana, como praticamente ensinam os divorcistas, mas,
sim, uma lei da natureza, uma lei social e uma lei divina.
Se fosse
apenas uma lei social, os governos poderiam votar o divórcio, pois, sendo
apenas, neste caso, um simples contrato bilateral, nascido do consentimento das
partes, este contrato poderia findar pelas causas que lhe deram a existência.
Mas o
matrimônio não é contrato como os outros: Seu
fim é determinado pela natureza, assim como o regime necessário para
alcançar este fim.
Desde já
poderemos dizer que o matrimônio, como ensina a Igreja, embora não se trata de
conceito, mas de lei fundamental, o
matrimônio, digo, é indissolúvel, pela lei da natureza, pela lei social, e pela
lei divina, de modo que o divórcio é uma aberração, uma violência contra essas
três leis, e como tal é uma aberração, contra o bom-senso, a moral, o progresso
e a felicidade. É um crime de lesa-humanidade, de lesa-sociedade e lesa-divindade.
A religião de
Jesus Cristo ensina que o estado deve ser o prolongamento da família. Boas
famílias formam bons estados. Famílias indissolúveis formam estados
indissolúveis, como famílias nômades, vacilantes, versáteis, formam estados
vacilantes, sem firmeza e sem duração. Isso é um princípio de simples
sociologia.
Aqui, mais
uma vez, o divorcista revela-se de uma ignorância incrível, em noções de
psicologia e sociologia. A felicidade do
indivíduo não depende do prazer que experimenta, mas da satisfação duradoura e
permanente de suas faculdades. E, mais elevadas são essas faculdades, maior
é a felicidade que o seu exercício lhe dispensa.
Há no homem uma felicidade no espírito: É a do sábio. Há nele uma
felicidade da vontade: é o homem
virtuoso, o santo. Há nele uma felicidade do coração: É o amor racional, puro e honesto. No homem há também o prazer: o prazer
lícito e o prazer infame; o primeiro é oriundo do espírito, da vontade e do
coração.; o segundo é oriundo do vício lamacento.
O que o homem
procura no casamento? Será só o prazer dos sentidos? Neste caso não passa de um animal.
Será a
felicidade? Neste caso, é um homem
racional. Mas a felicidade exige,
essencialmente, que o estado em que procura esta felicidade seja estável,
permanente, indissolúvel enquanto viver. Ora, o divórcio é a separação, a desunião, a cessação, ou prevista ou
imprevista realizada deste estado. É, pois, essencialmente oposto à felicidade
do homem.
Felicidade e
divórcio são dois elementos opostos e isso essencialmente. O divórcio, por
motivos quase sempre fictícios, rompendo o vínculo da união, rompe o vínculo da
felicidade, porque não há felicidade numa união precária, passageira; pode
apenas haver prazer.
Os indivíduos felizes, e não os
gozadores, formam uma família feliz. As
famílias felizes formam um estado justiceiro, firme, progressista, que mantêm e
assegura a felicidade de seus componentes.
O casamento é
a união do homem e da mulher, para,
no regime do lar, atingir a finalidade deste ato que é o amor mútuo e a
procriação.
O divórcio é
a separação do homem e da mulher,
para lançar o primeiro no crime e o segundo na prostituição: sem amor e sem
procriação.
A cultura
moral ou virtude, limita, pois, o divórcio e pugna em favor do casamento
indissolúvel. A cultura moral é um progresso: o divórcio é um regresso aos
costumes pagãos e selvagens.
Sim, é
preciso cultura moram para casar: a prova está na história, que nos mostras os
povos incultos, selvagens e apodrecidos evitarem o casamento, para lançarem-se
no amor livre.
É a falta
dessa cultura que faz descasar, como mostra a vida e as aberrações dos boêmios
de todos os tempos. Tal é o sentido dos princípios do divórcio.
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