sábado, 17 de junho de 2017

Em três anos o número de exorcismos triplica e dispara o número de exorcismo

Os bispos franceses oferecem números e mostram sua preocupação

Em somente 10 anos o número de exorcismos se triplicou e disparou as petições de auxílio


En sólo 10 años el número de exorcismos se ha triplicado y disparado las peticiones de auxilio
Os exorcistas alertam continuamente dos perigos de abrir a porta ao demônio como por exemplo com a ouija, muito popular entre os jovens




Javier Lozano - Traduão: Airton Vieira de Souza

O número de exorcismos não para de aumentar na França e a cifra de pessoas que acode à Igreja pedindo ajuda ante possíveis casos de possessão ou influência demoníaca se multiplica. Quem faz esta análise é o sacerdote Emmanuel Coquet, secretário geral adjunto da Conferência Episcopal francesa, de onde também coordena a Oficina Nacional de Exorcistas.

Em todas as dioceses francesas, mais de 90, existe já ao menos instalado um exorcista cuja missão o foi encomendada pelo bispo. Neste momento, há 120 sacerdotes desempenhando este ministério. Há não mais de 30 anos não superavam os 30, havendo dezenas de dioceses nas que não tinham exorcistas.

“Há um reconhecido aumento. Os exorcistas são golpeados por um fenômeno que se está tornando cada vez mais importante”, assegura este sacerdote ao diário
Le Figaro, enquanto explica que cada exorcista é assistido por uma equipe de leigos e religiosos.

50 exorcismos e 2.500 petições ao ano só na zona de Paris, Coquet dá cifras desta evolução pondo como exemplo a Ilha de França, a região que alberga a cidade de Paris e seus arredores, zona que soma mais de 12 milhões de habitantes. Esta região está conformada por oito dioceses: Creteil, Evry, Meaux, Nanterre, Paris, Pontoise, Saint-Denis e Versailles, nas que há mais de 7 milhões de católicos e cujo arcebispo metropolitano é o cardeal Vingt-Trois.



Emmanuel Coquet deixa claro aos leitores de Le Figaro que o demônio é real, não algo "simbólico"



Há dez anos se produziam na Ilha de França um máximo de 15 exorcismos ao ano. Na atualidade se realizam mais de 50. As cifras se dispararam em algumas dioceses tendo chegado ano passado a mais de 2.500 petições. Se produz um exorcismo por cada 143.000 católicos e um pedido de ajuda à Igreja por cada 2.800 católicos. E os bispos se estão vendo obrigados a nomear mais exorcistas pois os que há não podem fazer mais.

"Tudo é real", advertem desde a Conferência Episcopal francesa

O sacerdote assegura que o demônio não é algo “simbólico” mas a gente está realmente afetada pela influência do “mal”. Mas para isso, assegura, primeiro há que fazer uma “verdadeira obra de discernimento” pois nem todo “está sujeito a um exorcismo, nem muito menos”. Antes a Igreja Católica utiliza exames psiquiátricos e médicos para determinar se a pessoa necessita de um exorcista ou de um profissional.

Coquet fala do que tem visto e lhe têm contado os exorcistas franceses: pessoas que mostram uma força sobre humana, que falam línguas que não conhecem, ódio a tudo que é religioso. “Tudo isto é real, não se pode inventar”, agrega o secretário geral adjunto dos bispos franceses.

Atende a mais de 10 pessoas ao dia

Na Ilha de França há ao menos quatro exorcistas mas nem de todos se conhece sua identidade. A Oficina Nacional de Exorcistas só publica dois nomes para estas dioceses: Jean Pascal Duloisy e George Berson.

O primeiro deles temanos como exorcista. O padre Duloisy mostrava em uma entrevista em
Vice seu atarefado dia a dia. “Mais ou menos recebo 10 pessoas ao dia, todo o ano. Trabalho com uma equipe de 15 pessoas, tanto religiosos como leigos, quem me ajudam a fazer um diagnóstico para determinar se é necessário um exorcismo. Em realidade, os exorcismos são muito raros. Somente 1 ou 2% necessita um exorcismo”, assegura este sacerdote que realiza seu trabalho na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Paris.


Nesta sala da paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro se realizam os exorcismos em Paris



"O mal é concreto e inteligente"

Ademais, explicava que “a maioria das pessoas que vêm ver-nos cresceram em famílias marcadas por feridas psicológicas profundas e perdas graves, que são portas de entrada para o Diabo. Vejo muitas vítimas de violação, incesto e violência. Recebo tanto a homens como mulheres, de todas as idades e de todos os estratos sociais. O que têm em comum é que todos sentem um sofrimento enorme, as vezes reprimido durante anos, que nem a psicologia, as medicinas ou os bruxos têm podido aliviar”.

O exorcista de Paris insiste uma e outra vez em todos os âmbitos aos que pode chegar que o demônio existe e é real. “Devo deixar claro que o exorcismo não é magia. Não estamos falando de algo hipotético. O mal é concreto e inteligente. Se mete pouco a pouco e nunca o faz ao azar. O Diabo se manifesta por meio da sugestão: a proposição do mal. Depois vem o deleite: o prazer de aceitar a proposição. E ao final, o consentimento: a determinação de fazer o mal. Os três domínios de tentação são as três atividades principais do homem: o poder, o dinheiro e o sexo”.

"Uma vez vi um homem que não falava, rugia!"

Por tudo isso, este religioso francês adverte que “há que pôr um guardião nas portas do coração”. Assim, explica que “há que evitar as drogas, o álcool e a pornografia. Tampouco devemos invocar espíritos, nem sequer por diversão. O espiritismo, os videntes, os bruxos e a magia negra favorecem a ação do Diabo”.

O outro exorcista, o padre Berson, avisa que “o demônio está ao encalço” e por isso assegura que o melhor remédio é amar a Cristo, levar uma vida de piedade e praticar os sacramentos. Mas para os que pensam que o demônio é algo do imaginário do homem conta um fato que viveu em um exorcismo: “uma vez vi um homem que não falava, rugia! Suas expressões faciais mostravam a cara de um leão”.


Um fenômeno global

O fenômeno que se está vivendo na França com o aumento de casos de possessão não é algo isolado mas antes comum em toda a Igreja universal. Em março passado, exorcistas dos Estados Unidos falavam do alarmante número de casos que lhes chegavam. “O problema não é que o demônio tenha aumentado seu jogo mas, que mais pessoas estão dispostas a jogar”, assegurava o padre Vincent Lampert.

Além disso, em numerosas dioceses estão tendo que multiplicar o número de exorcistas. Algo que ocorreu por exemplo em Madri quando em 2013 o então arcebispo, o cardeal Rouco, 
nomeou oito exorcistas ante a avalanche de casos.Também Milão multiplicou o número de sacerdotes encarregados de lutar contra o demônio. E como estas, muitos bispos tratam de frear os ataques do demônio em suas dioceses.


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