sábado, 22 de julho de 2017

Capítulo III – TUDO, MENOS CATOLICISMO! [A rejeição católica]


“... Se êles me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a vós, se êles guar­daram a minha palavra, também hão de guardar a vossa. Mas tudo isso vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquêle que me enviou.”

(Jo XV, 20s)

No capítulo anterior vimos por que “Fora da Igreja não há salvação”. Antes, porém, que Cristo é um só. Sendo um só, só poderia haver um Esposo com sua única Esposa, pois Deus, apesar de em determinadas situações tolerar a poligamia, nunca foi poligâmico. Aqui, contudo, a questão que deve ser retomada seriamente é: se Cristo então fundou/edi­ficou[1] uma Igreja, qual seria?
A resposta, o próprio Lutero e os demais pais do protestantismo como Melanchton, Carlostadt, Cal­vino, Zuíglio, Henrique VIII, Wesley, Knox etc a sabiam e nunca puseram dúvidas. A única Igreja fundada/edificada por Cristo foi a Católica Apostólica Romana. E por que nenhum deles jamais duvidou? Porque seria assinar um atestado de analfabetismo lógico e histórico, uma vez que só ela possui comprovação factual de seu nascimento bimilenário. Comecemos por onde a pendenga protestante geralmente inicia: pelo nome. O nome católico o pesquisou bem um ex protestante[2]:

Ele vem do termo grego “katholikós“, o qual é a combinação de duas palavras: “kata” – concernente – e “holos” – totalidade; por conseqüência, “concernente à totalidade” ou “integral, abrangente”. De acordo com o Dicionário Oxford de Etimologia Inglesa, o termo católico surge de uma palavra grega cujo significado é “relativo à totalidade” ou mais simplesmente, “geral ou universal”.

E prossegue[3]:

Universal é originado de duas palavras gregas: “uni” – um – e “vetere” – giro; por conseqüência, “girando ao redor de um” ou “transformado em um“[1]. A palavra igreja deriva do grego “ecclesia“, a qual significa “aqueles chamados para socorrer”, como se convocados a serem sublimados e libertos do mundo para formar uma sociedade distinta. Então, a Igreja Católica é feita destes que foram convocados e reunidos numa visível e universal sociedade fundada por Cristo. (negrito meu)


Cristo quis, portanto, que Sua Igreja visível e universal fosse “a todos os povos”, sendo assim uma Igreja a se fazer presente por todo o planeta, o que, diga-se de passagem, só se dá com a Igreja Católica. Depois de dar-se conta (os de maior integridade intelectual) que a igreja de Cristo não poderia ser uma subjetiva “união dos fiéis”[4], o que sobrou ao protestantismo como tábua de salvação para afastar as ovelhas do rebanho foi o capcioso pseudo-dilema: como pode uma igreja que se diz fundada por Cristo cometer tantos erros, ser tão pecadora? Sem se dar conta, com esta pergunta admitem que de fato a Igreja de Cristo não poderia cometer erros. Mas geralmente não sabem como isto deve se dar. O mesmo, infelizmente, ocorre também com a maioria dos católicos atuais.
Já nos diz o dito que de fato o pior cego é o do tipo “não quero ver e tenho raiva de quem vê”. Para tal pessoa nada improvável que se o próprio Cristo aparecesse atestando a Igreja Católica como sua única igreja, o perguntaria: “Senhor, com licença, mas onde está na Bíblia?”. É que aprenderam (onde? com quem?) que tudo vale, mesmo uma “Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior” (?!), uma “Igreja Batista Floresta Encantada” (apropriada aos míticos tempos atuais!), uma “Igreja Evangélica Muçulmana Javé é Pai” (espécie de Frankenstein evangélico) ou (SIC!) uma “Igreja Evan­gélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados”[5]. Tudo vale, menos...
A lógica e o bom senso nos foram dados para usá-los, sem olvidar de que a inteli­gência foi feita para estar a serviço da verdade (cf. Sab VIII, 6. 21; Eclo I, 26 e Rom I, 18-23). Cientes disto, serão suficientes algumas reflexões e indagações para se resolver a aparente dificuldade, recordando sempre ao leitor que meu objetivo aqui é o de “dar a linha e o anzol”, ensinando algo de pescar. Somente.
a) uma Religião só pode errar quanto à sua doutrina. E quanto à doutrina só pode haver dois tipos: uma completamente verdadeira e outras parcialmente verdadeiras. A primeira é a doutrina de Cristo, aquele que é a Ver­dade perfeita, imutável e completa. E se Cristo, verdade completa, constituiu um Corpo (a Igreja) do qual é a Cabeça, nada mais coerente que tal Corpo possua a verdade desta Cabeça, também de forma integral. E por que só uma? Porque se existissem duas ou mais simplesmente TUDO o que fosse ensinado por uma teria de ser ensinado por todas, ou seja, teriam de falar a mesma língua para que houvesse unidade. Sendo assim, na verdade não teríamos duas ou mais, mas uma só Igreja. Se há duas doutrinas cristãs diferentes, uma terá de estar necessariamente errada em algum ponto, deixando, portanto, de ser a verdadeira, ou detentora da verdade integral, a menos que existam dois ou mais Cristos. Aqui vale ressaltar que ao contrário do que (ainda) se pensa, só existe uma igreja Católica Apostólica Romana, conduzida por um único pastor, o Papa – palavra que tem por significado: Pai na fé –, sucessor direto de S. Pedro, a pedra na qual Cristo fundou a sua Igreja e que recebeu autoridade sobre os demais para representá-lo (cf. Mt XVI, 18s; Jo XXI, 15ss e Lc 22, 31s), e isto há quase dois mil anos[6]; o protestantismo, porém, com 500 anos já possui mais de 38.000 (TRINTA E OITO MIL)[7], dividindo-se a cada dia, com o mesmo número de “papas” querendo que seus fiéis os sigam, infalivelmente.
b) em contrapartida, podem existir doutrinas completamente erradas? Pra­ticamente impossível porque o demônio, primeiro e maior pai do erro e da men­tira, pode ser figurado como serpente, dragão, porco etc, menos burro. Inspirando uma doutrina completamente errada nenhum ser humano em sã consciência as adotaria, logo, não teria (in)fiéis. Por isso inspira os soberbos e/ou maliciosos a criarem seitas e religiões seguidas na maioria por ignorantes e/ou covardes (de boa ou má fé) com base no que em filosofia chamamos sofisma, que pode ser resumido como um todo contendo partes verdadeiras e falsas, sendo assim mais fácil de se cair no laço dos caçadores[8].
“Então se a Igreja Católica é a certa, por que até os Papas já pediram perdão de seus erros? por que existem padres pedófilos? e a Inquisição, as Cruzadas, os escravos?...” etc etc. Aos que apesar das dificuldades desejam sincera e hones­tamente a verdade, destacamos alguns pontos que poderão auxiliar, ao menos parcialmente.
Um papa jamais pede perdão pelos erros da Igreja no sentido de se pedir perdão por sua doutrina, que como vimos e ainda veremos, não tem e não poderia conter erros, pois seria o mesmo que dizer que Cristo pode errar, que a Verdade pode se en­ganar, e enganar-nos. O que fez são João Paulo II e alguns outros papas foi pedir perdão pelos erros na Igreja, de alguns filhos, portanto, de pessoas da Igreja, tal qual faria uma mãe com relação aos seus, mesmo estando segura da boa educação que deu e que por algum motivo não a seguiram como deveriam. Daí que quando esses erros ocorrem é porque ou não se compreendeu bem a doutrina ou se fez o contrário do que ela manda e ensina. Se a culpa for do fiel (leigo) que relaxou no conhecimento ou na prática, ou se for da autoridade (clero) que não ensinou direito ou não deu o devido exemplo, o problema é outro e não tem a ver com a doutrina, a “boa educação materna”[9].
Neste ponto será útil um pequeno esclarecimento sobre o dogma da Infa­libilidade papal.
O dogma da Infalibilidade papal, definido no Concílio Vaticano I (1869-70), afirma que um papa só é infalível quando ensina toda a Igreja, oficialmente, sobre um tema ligado a Fé e a Moral e não quando expressa uma opinião, um ensino sobre temas diversos, ou comete determinados atos pessoais. Usemos o exem­plo acima: se São João Paulo II pedisse perdão pelos pecados da Igreja estaria equivocado, mas este erro não afetaria em nada sua infalibilidade como Papa porque não estaria ensinando oficialmente toda a Igreja sobre Fé ou Moral[10]. Em resumo, é nisto que consiste o dogma que fala da impossibilidade de um papa errar. E por que Deus assim o dispôs? Simples. Porque se o Papa pudesse errar nestes casos ele estaria fazendo com que a doutrina da Igreja errasse. Errando a doutrina, qualquer um (religioso ou não) poderia afirmar com razão que a Igreja não possui a verdade completa, não é o Corpo de Cristo, e também que a verdade absoluta não existe, pois não poderíamos encontrá-la inteiramente em lugar algum; como conclusão, qualquer “placa de Igreja” salvaria. Acontece que se assim fosse não haveria razão para Cristo ter vindo ao mundo e fundado uma Igreja, afirmando: “O que crer e fôr batizado será salvo; o que, porém, não crer, será condenado” (Mc XVI, 16). Tampouco afirmar: “Eu sou a videira e meu Pai é o agricultor. Tôda a vara que não dá fruto em mim êle a cortará...” (Jo XV, 1s). E principalmente: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo XIV, 6). Ocorre que o próprio Cristo que disse estas palavras também disse: “Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.” (Lc X, 16); “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes serão perdoados, aqueles a quem os retiverdes, serão retidos” (Jo XX, 23); e “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt XXVIII, 19). Entender, portanto, com honestidade estes pontos já será um passo significativo.
Mas sigamos.
Com relação a temas que até hoje geram confusão nas mentes como, p. ex., as Cruzadas e a Inquisição, comecemos por usar de honestidade e admitir que a grande maioria nunca estudou tais assuntos. Estes, muito se assemelham ao lou­ro que repete o que não sabe e gralha sobre o que desconhece. Outros estudaram ao nível do “ctrl-c ctrl-v”, buscando fontes tão confiáveis quanto o Partido dos Trabalhadores em suas políticas a favor da vida e da família, ou certa autori­dade deste partido diante de um Chivas: estes muito se assemelham aos abutres.
Para tornar o quadro ainda mais sombrio, quando alguém chega com al­guma fofoca ou calúnia em relação à Igreja, ainda que a mais desprovida de coerência e coesão, não se exige nenhuma categoria de provas, crendo os crentes, por assim dizer, “de olhos fechados”. Quando, ao contrário, são apresen­tadas provas claras de erros doutrinais, morais e históricos das seitas e de seus líderes, os mesmos passam a achar que não passam de calúnias e perseguições. Aqui deixam de ser crentes, correm atrás de justificativas para tapar o sol com a peneira, como os que se habituaram a empurrar a sujeira para debaixo do ta­pete. A estes são dirigidas as palavras do Senhor: “porque o coração dêste povo tornou-se insensível, e os seus ouvidos tornaram-se duros, e fecharam os olhos para não suceder que vejam com os olhos e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam e eu os sare” (Mt XIII, 15).
Tudo isso nos mostra que a questão de fundo é que os protestantes, como todo aquele que não está de posse da verdade, tem por mestres figuras como Caim e Esaú. O ódio disfarçado, oriundo do ciúme, da soberba e da ganância, fez com que criassem uma “imagem” da Igreja que já não lhes permitisse conhecer a sua essência. Não são capazes (salvo louváveis exceções) de se pôr diante do problema, colocando-se a séria questão de que não há como existir sequer duas igrejas de Cristo. Para não darem o braço a torcer de que Esta não é a sua, criam argumentos que não resistem a uma análise aprofundada, mas que a eles basta. Como disse Nosso Senhor, já não querem ver ou mesmo sarar, salvo as louváveis exceções cuja busca da verdade vale mais que a “sua” verdade. A Igreja então passa a ser para aquelas a pessoa que antes mesmo de chegar ao novo ambiente já “pegou a fama”, sem mesmo a merecer. Por isso só se aproximam da Igreja quem não tem pré-conceitos, pois que lhes importam os conceitos. A “feia com óculos fundo de garrafa e aparelho nos dentes” pode esconder uma beleza inimaginável, então vale a pena conhecer.
Porém, se reconhecendo a perfeição da doutrina católica ainda assim insistirem em protestar com a usual desculpa de que não se é católico “porque os católicos são...”, “porque os padres fazem...”, é o caso de perguntar se na sua igreja há alguém em condições de atirar a primeira pedra, se há de verdade algum “Paulo Andrade-sem-pecados”. E nesse caso lembrar-lhes o que diz o profeta Jeremias (XVII, 5). Nesta hora certamente os veremos se retirar um a um, “... começando pelos mais velhos”[11].

Em tempo: 1) nas fontes de pesquisa fornecidas ao final das postagens o leitor poderá estudar temas como a Inquisição, as Cruzadas e tantos outros, de forma honesta e desapaixonada, o que lhe trará muitas surpresas, sendo de grande valia sua leitura. Tais leituras ainda trarão outra vantagem, a de fazer com que se entenda que os verdadeiros católicos não estão na Igreja pelo “padre tal” ou “bispo tal”, mas por seu Fundador, sendo, como diz as Escrituras, sua doutrina a que nos mantêm unidos a Ele, a “Cabeça da Igreja”.
2) Com relação a um dos temas acima, o das Cruzadas, me limito a apontar um único motivo pelo qual elas existiram e que atualmente, infelizmente, é fácil de entender: se elas não tivessem existido, hoje: ou as pessoas seriam islâmicas, ou pagadoras de impostos ao Islã, ou exiladas, ou já estariam simplesmente mortas pelas mãos dos seguidores de Alá. O que os muçulmanos fazem hoje nos lugares onde ganham força e espaço é o que fizeram no passado. Adivinhem o que os impediu?


Apresentação do livro

Introdução do livro


[1] Um dicionário ou um engenheiro poderão comprovar a sinonímia.  
[2] https://carloslopesshalom.wordpress.com/2010/08/23/quando-surgiu-o-termo-%E2%80%9Ccatolica%E2%80%9D-para-a-igreja-fundada-por-cristo/. Acesso em 15/02/2017.
[3] Ibid.
[4] Ver capítulo I.
[5] Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u660688.shtml (Acesso em 27/07/2015). Graças a esta matéria, muitos sites fizeram uma lista de nomes bizarros de seitas protestantes sob o título “Vou abrir minha igreja e já volto”, que pode ser verificado pela Internet.
[6] Na Igreja sempre haveria joio, disse Cristo. Às vezes vieram vestidos de papas, na verdade, antipapas (em torno de 37). Ainda assim a Igreja nunca deixou de navegar rumo ao seu porto seguro, pois sempre teve a assistência de seu Fundador, que mesmo parecendo dormir jamais permitiu que o Navio afundasse com as tempestades, prometendo que estaria com ele “até o fim do mundo”. Sobre este ponto em especial veremos no capítulo destinado à sucessão apostólica.
[7] Ver nota 4, cap. II.
[8] Sal XC, 3.
[9] Não podemos esquecer ou negligenciar o fato de que muitos erros vieram de parte de pessoas que se infiltraram na Igreja para sabotá-la, implodi-la, destruí-la desde dentro. Estes, ainda que travestidos de leigos dirigentes, padres, bispos e mesmo cardeais ou papas, foram ou são maçons, comunistas, ateus etc (muitos escritos maçônicos e comunistas não nos deixam mentir), que a Providência permite que façam seus estragos a fim de purificar os verdadeiros católicos e a própria Igreja (cf. Mt XIII, 24-30.36-43), o que servirá ainda para ratificar a pureza e a perfeição de sua doutrina.
[10] Como ocorreu com o próprio S. Pedro sendo já Papa, ou seja, colocado por Cristo à cabeça da Igreja, merecendo assim a repreensão de S. Paulo (cf. Gal II, 11-21), mas nem por isso deixando de ser Papa.
[11] Jo VIII, 1-9.



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