“Quem não crê como eu é destinado ao inferno. Minha doutrina e a
doutrina de Deus são a mesma coisa. Meu julgamento é o julgamento de Deus” (M. Lutero)
Na versão impressa deste
livro denominada “Evangélico, graças a Deus!(?)”, o presente apêndice estava
ausente por considerar que tanto as colocações ao longo do trabalho como as
indicações de leitura (última postagem) seriam satisfatórias. Como a realidade
nos mostra que às fontes já quase não se bebe, uma vez que, como li
recentemente, na vida de “internautas” há muito face e pouco book,
resolvi acrescentar nesta versão digital, como rabeira, umas notas sobre o autor
mor da heresia protestante, o homem que pretendeu destruir o Catolicismo
substituindo o Altar Mor sacrifical por suas festivas mesas de bate-papo[1]. Sem
abandonar o objetivo a que me propus com este estudo, também aqui as
informações serão concisas, retiradas de algumas fontes que logo serão
fornecidas, para quem tiver a reta intenção da verdade e não tiver preguiça de
encontrá-la.
Sei que isto não é um
começo politicamente correto, afinal, qualidades neste inimigo não faltaram, a
começar pela sagaz inteligência e firme determinação, exemplo a muitos
católicos de bodas ou sétimo dia. Mas como muito será pedido a quem muito se
conferiu, graças à soberba que da inteligência retira ou impede toda a
sabedoria, pode-se, ainda hoje, cobrar desse distinto alemão a propagação de
sua confusão individual à coletividade, pois antes ficasse trancafiado livre e
espontaneamente em sua torre[2]
colhendo dela, a exemplo de outro confinado[3],
frutos de verdade e justiça.
Mas também há um segundo
intuito a este apêndice, o que mais abaixo será explicitado.
Direto ao ponto
Martinho Lutero, de
família católica, foi posteriormente um monge alemão pertencente à ordem dos
agostinianos (de Santo Agostinho), que viveu nos séculos XV e XVI. Após
intensas crises de ordem moral e espiritual, em que não se pode descartar uma
série de fatores sócio-político-culturais, especialmente religiosos, ao longo
de mais de um século, resolve criar uma doutrina que justificasse seu desespero
unido ao medo de não lograr sua salvação. Por que? Porque, entre outros
motivos, não havia se tornado monge católico por vocação, mas também por medo e
malícia.
De temperamento dominantemente
colérico e sanguíneo, desde novo distinguiam-se nele traços de revolta e
inconformidade. Da infância à adolescência passará por alguns percalços que
deixarão marcas em seu ser adulto. Ao lograr entrar em um convento de
religiosos, obtendo dele a ordenação sacerdotal e, mais à frente uma cátedra
para lecionar, vale-se de sua inteligência e alguma erudição para iniciar todo
um processo de independência da Igreja, através da revolta e ódio que foi,
passo a passo, adquirindo do Papado: via natural de todo filho pródigo. O fundo
de sua revolta, como sói ocorrer com as revoltas, foi a soberba, a mesma já
presente nos primeiros contestadores, humanos ou angélicos. Em suma, Lutero
queria ser Papa. Queria mandar, como deixa alguma coisa de claro no dístico
acima e em grande parte de sua obra e biografia. Para o que estava latente,
tomou como princípio uma aparente causa justa. Ocorre que os meios utilizados
para quaisquer batalhas, ao decorrer dos acontecimentos demonstrarão de que
lado estamos. Não se descarta, como em alguns biógrafos, uma boa intenção
inicial em combater erros que via – e eram fatos – nos filhos da Igreja seus
irmãos. Mas justamente por se tratar de “algo em família” foi, com seus atos,
demonstrando não pertencer a Ela, por isso nunca reformou nada, ao revés,
construiu outra família. O provam ainda suas leituras já nos tempos de
seminarista, ao se identificar com a literatura e posturas heréticas e
heterodoxas renascentistas[4].
Ao seu intento obsessivo
(e infantil) de destruir a Igreja não poupou esforços: matou, traiu,
contradisse, mentiu, desmentiu, caluniou, corrompeu, ameaçou, até terminar
suicidando[5].
Lutero possuía, como todos
os hereges, uma má doutrina, em que pese alguns católicos desavisados tentando hoje
provar o contrário. Me refiro aos católicos – entre eles parte do clero –
porque dos protestantes isso é o mínimo que se espera: que defendam seu pai na fé. Tais católicos, levados pelo
“prurido de ouvir”[6], vêm inflando a figura
daquele que ao morrer quase estoura como um sapo, literalmente o digo. Tentando
santificar a quem a Igreja anatematizou, e ainda por cima pela autoridade de um
Concílio[7]. A
única maneira então de lográ-lo não poderia ser outra que a mentira. Sendo o
pai de Lutero o Demônio, se explica perfeitamente o expediente. E dá-lhe
páginas e mais páginas de sofismas para defender o indefensável, sendo o triste
desta história é que agora vem contada pelos filhos da Igreja (sic).
Desgraças desta natureza à
parte, o fato curioso é que hoje, enquanto esses filhos da Igreja se preocupam
com esse pai alheio, seus próprios filhos sequer já o conhecem, bem como a sua
doutrina. É mesmo verdade que grande parte dos protestantes hodiernos sequer
ouviu falar de Lutero, ou o conhecem com a mesma profundidade da de uma poça
d’água. E aqui um outro intrigante fato a este associado, sobre o que escrevi
no início do ano[8]: o protestantismo atual, graças
à sua ignorância doutrinária própria da maioria do mundo, ao tempo em que se
engaja em lutas, por exemplo, contra a ideologia de gênero, o fazem sem o
reconhecimento (consciente ou inconsciente?) de que a raiz desta e de outras
similares contradições ideológicas se encontra em sua própria base de
sustentação, a doutrina luterana do livre
exame, nada mais que suporte para o relativismo, subjetivismo e
antropocentrismo liberal e anárquico[9],
fazendo, na menos pior das hipóteses, que acabem atirando no próprio pé a cada
luta travada.
E com isso, e para
encerrar, aqui o outro intuito deste apêndice, que é o de – novamente – tentar
chamar a atenção para um ponto crucial e inconteste. Os protestantes, por
sofrerem da cegueira espiritual, castigo a todo o que opta pelo caminho da
heresia, acabando por viver da lavagem dos porcos como de um banquete, não dão-se
conta daquele que quiçá seja o aspecto de prima
relevância ao se ter em conta quando se fala contra a Igreja de Cristo ao
tempo em que defende-se heresias. Pergunte a qualquer protestante, de berço ou
não, o porquê dele ser um protestante e não um católico. Via de regra as
respostas convergirão a um mesmo ponto inicial, tal como todos os caminhos que
levam a Roma. E o ponto é que em um dado momento esta que era a Igreja de Cristo (assumem portanto que já foi um dia!), a
Católica Romana, ao deixar de ser foi que Deus enviou (1.500 anos depois?!) um homem (SIC!), Martinho Lutero, para
resgatá-la, em outras palavras, resgatar a
fé e a verdade perdidas.
Ocorre que ao mesmo tempo
em que proferem tal discurso, repetindo ao modo do papagaio sua ladainha, ao
vir com uma verborreia difamadora contra os católicos especialmente no tocante
ao culto dos Santos e de Nossa Senhora, não dão-se conta da incoerência ao
invocar Jeremias, o profeta: “Maldito o homem que confia em outro homem,
que da
carne faz o seu apoio” (XVII, 5). Após reconhecer que a Igreja um dia foi a Igreja de Cristo, passam a desconhecer,
pela autoridade de um homem, que essa
o deixou de ser (como se isto fora possível!); que por isso esse homem reformou, após século e meio de silêncio do Espírito Santo, sua Igreja; que esse homem, apesar de todas as contradições de sua doutrina e
pessoa, deveria ser seguido em sua reforma, que por seu turno não foi uma
reforma posto que o que houve foi uma nova construção.
Dizem... mas a verdade é
que Deus não escolheu outra Igreja, mesmo já sabendo desde toda a eternidade de
todos os pecados que cometeriam os seus filhos, e que até hoje cometem. Da
mesma forma que seria contraditório escolher outro Povo Escolhido, outro
Israel, pelos pecados cometidos em seu meio, que por ser constituído de seres humanos
pecariam em todo e qualquer lugar e tempo.
E como vêm sendo enganados
os pobres protestantes desde então...
Concluindo
Não há, diante de um reto olhar
da biografia de Lutero (como de qualquer herege) e de um debruçar honesto sobre
sua doutrina, bem como da história factual, quem, em sã e honesta consciência,
não rejeite de imediato e definitivamente o Protestantismo (como qualquer
heresia).
Para concluir, dois pequenos
exemplos o temos vindo de ex protestantes sobre toda esta questão. Dois ex
anglicano e ingleses. O primeiro, o Cardeal John H. Newman[10]: “Como
protestante, a minha religião parecia-me miserável, mas não a minha vida. E
agora, como católico, a minha vida é miserável, mas não a minha religião”. O segundo,
o (multi)escritor G.K. Chesterton: “A dificuldade em explicar ‘Por que eu sou Católico’
é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o
catolicismo é verdadeiro”[11].
Ecce homo! Martinho Lutero, ainda que venha sendo
hoje incensado por membros da Igreja, do “alto e baixo clero”, e do mundo, foi,
pelo santo Concílio ecumênico e dogmático de Trento, por sua vez ainda por
inúmeros santos e doutores antes e depois deste Concílio, oficialmente
declarado herege; e sua doutrina herética. Como não se retratou até sua morte,
assim continuará, queiram ou não os homens, mesmo os da Igreja. Ponto.
[1] Alusão à obra Conversas à mesa, de Lutero.
[2] Alusão à “sua ‘Experiência da Torre’ (ou “do banheiro”, como
o expressou Lutero, cf. Conversas à mesa, 3232c)”. Extraído de Lutero.
Profeta ou Revolucionário? Pontos chave sobre um pensamento surpreendentemente
atual. Em http://romadesempre.blogspot.com.br/2017/11/lutero-profeta-ou-revolucionario-pontos.html.
[3] Santo Tomás de
Aquino, que por dois anos foi encarcerado por sua família em uma torre afim de
ser dissuadido de sua vocação a monge dominicano. O resultado foi uma vocação
ainda mais determinada, humilde e obediente, o que rendeu frutos de verdadeira
reforma moral e doutrinal dos quais até hoje não somente os católicos como toda
a humanidade deles se beneficiam.
[4]
Como Mestre Eckhart, Guilherme de Occam (quem considerará seu mestre), John
Wycliffe, John Huss etc.
[5] Em que pese não
se possuir comprovação oficial desta, uma análise desapaixonada dos fatos a apontará
como a mais provável causa de sua morte. Em todo o caso, e isto é certo,
morrerá horrendamente tal como a quase totalidade dos grandes perseguidores da
Igreja e/ou negadores de sua doutrina. Em O
Diabo, Lutero e o Protestantismo (fontes), o Pe. Julio Maria nos narra
fatos mui significativos de sua morte com base em pareceres credíveis da época.
Um deles merece destaque: o da Providência ter querido que o principal inimigo
do Papado fosse, devido a circunstâncias alheias à sua vontade, enterrado “no
mesmo dia em que o povo católico celebrava a festa da ‘Cathedra Petri’, dia
comemorativo da fundação da primazia do Papa... data em que a Igreja canta as
palavras do Salvador a Pedro: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela’ (São
Mateus 16, 18).” (versão digital pg. 84). Em: http://www.portalconservador.com/livros/Pe-Julio-Maria-O-Diabo-Lutero-e-o-Protestantismo.pdf.
[6] Cf. 2 Tim IV,
3s.
[8] Artigo: De Deus ou de César? – I.
[10]
Sobre Newman, aqui um excelente e muito bem fundamentado testemunho de
conversão de um protestante graças à leitura deste Santo: http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/protestantismo/845-como-newman-me-convenceu-a-tornar-se-catolico.
[11]
Sobre Chesterton e sua conversão, ver o mui elucidativo artigo Gilbert Keith Chesterton, em
http://www.sociedadechestertonbrasil.org/chesterton/.
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