domingo, 17 de março de 2019

O caso de Pell e as finanças vaticanas




Nota do tradutor: fiz uma pequena pausa em meu jejum (internético) quaresmal para traduzir esta matéria: questão de justiça, caridade e amor à verdade. Rezemos por mais este mártir de nossos tempos obscuros, e sujos.

Tradução de Airton Vieira – O caso do cardeal George Pell, prefeito de Economia da Santa Sé até uns dias, tem desconcertado muita gente. Condenado na Austrália em 27 de fevereiro passado por abusos sexuais supostamente perpetrados há duas décadas, o cardeal permanece na prisão, até hoje à espera de apelação, plenamente isolado durante 23 horas ao dia e sem possibilidade de celebrar missa.
Por que digo que ‘tem desconcertado muita gente’? Porque as acusações vertidas contra ele são inverossímeis. Há algo estranho em todo o processo, algo que não encaixa. Assim o entende, por exemplo, o prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Gerard Müller: ‘As acusações contra ele são absolutamente incríveis, impossíveis. Carecem de provas; estão contra toda evidência’.
Esta opinião do cardeal Müller, relegado por Francisco a um segundo plano, é compartilhada por alguém que hoje goza de grande influência no Vaticano, um membro do famoso G9. Em um encontro, há uns meses, um importantíssimo cardeal, muito próximo ao Papa Francisco, me transmitiu suas suspeitas sobre o caso: segundo ele se poderia tratar de um ardil da máfia vaticana para frustrar as reformas econômicas que Pell estava impulsando eficazmente em seu cargo.
Me refiro a esta questão em InfoVaticana: “Pell y las malditas finanças vaticanas”
O passado, infelizmente, reforça o fundamento das suspeitas sobre o processo ao cardeal. Muitas das pessoas que procuraram sanear as finanças vaticanas tem sofrido a mesma sorte. Por um motivo ou outro, seu empenho se viu frustrado.
Pensemos em Gotti Tedeschi, Vallejo-Balda e Libero Milone. O primeiro foi destituído em 2012 sem o beneplácito de Bento XVI – a quem, entretanto, atribuíram a decisão de destituí-lo –; o segundo foi submetido a uma feroz caçada, prisão incluída, e o terceiro foi ameaçado pelo establishment vaticano até que o empurraram a se demitir.
Poderíamos sustentar que tudo é fruto de uma terrível casualidade, que todas estas pessoas que trataram de purgar as finanças da Santa Sé, os quatro com extraordinária eficácia em seu campo, segundo todas as fontes, compartilham uma irreprimível tendência ao vício. O problema é que, para sustentar isto, faz falta muito mais fé, visto com perspectiva como vão decaindo as acusações contra Gotti Tedeschi ou Vallejo Balda, que para sustentar que há uma série de pessoas às que não convém a transparência das contas vaticanas (e que atuam em consequência).
Minha conclusão é a que já expus em InfoVaticana. Tudo aponta a que, por trás do processo contra Pell, há exatamente o mesmo que por trás da demissão forçosa de Milone, a surrealista destituição de Gotti Tedeschi da que o Papa se inteirou pela televisão, e a perseguição contra Vallejo Balda: o intento de manter intacta a atual opacidade e putrefação das finanças vaticanas.
Um forte abraço
Gabriel Ariza Rossy


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