Nota do tradutor: fiz uma
pequena pausa em meu jejum (internético) quaresmal para traduzir esta matéria:
questão de justiça, caridade e amor à verdade. Rezemos por mais este mártir de
nossos tempos obscuros, e sujos.
Tradução
de Airton Vieira – O caso do cardeal George Pell, prefeito de Economia da Santa
Sé até uns dias, tem desconcertado muita gente. Condenado na Austrália em 27 de
fevereiro passado por abusos sexuais supostamente perpetrados há duas décadas, o
cardeal permanece na prisão, até hoje à espera de apelação, plenamente isolado
durante 23 horas ao dia e sem
possibilidade de celebrar missa.
Por
que digo que ‘tem desconcertado muita gente’? Porque as acusações vertidas
contra ele são inverossímeis. Há algo estranho em todo o processo, algo que não
encaixa. Assim o entende, por exemplo, o prefeito emérito da Congregação para a
Doutrina da Fé, o cardeal Gerard Müller: ‘As acusações contra ele são
absolutamente incríveis, impossíveis. Carecem de provas; estão contra toda evidência’.
Esta
opinião do cardeal Müller, relegado por Francisco a um segundo plano, é compartilhada
por alguém que hoje goza de grande influência no Vaticano, um membro do famoso G9.
Em um encontro, há uns meses, um importantíssimo cardeal, muito próximo ao Papa
Francisco, me transmitiu suas suspeitas sobre o caso: segundo ele se poderia
tratar de um ardil da máfia vaticana para frustrar as reformas econômicas
que Pell estava impulsando eficazmente em seu cargo.
O
passado, infelizmente, reforça o fundamento das suspeitas sobre o processo
ao cardeal. Muitas das pessoas que procuraram sanear as finanças vaticanas tem sofrido
a mesma sorte. Por um motivo ou outro, seu empenho se viu frustrado.
Pensemos
em Gotti Tedeschi, Vallejo-Balda e Libero Milone. O primeiro foi destituído em
2012 sem o beneplácito de Bento XVI – a quem, entretanto, atribuíram a decisão
de destituí-lo –; o segundo foi submetido a uma feroz caçada, prisão incluída, e
o terceiro foi ameaçado pelo establishment vaticano até que o empurraram a
se demitir.
Poderíamos
sustentar que tudo é fruto de uma terrível casualidade, que todas estas pessoas
que trataram de purgar as finanças da Santa Sé, os quatro com extraordinária
eficácia em seu campo, segundo todas as fontes, compartilham uma irreprimível
tendência ao vício. O problema é que, para sustentar isto, faz falta muito mais
fé, visto com perspectiva como vão decaindo as acusações contra Gotti Tedeschi
ou Vallejo Balda, que para sustentar que há uma série de pessoas às que não
convém a transparência das contas vaticanas (e que atuam em consequência).
Minha
conclusão é a que já expus em InfoVaticana. Tudo aponta a que, por trás do processo
contra Pell, há exatamente o mesmo que por trás da demissão forçosa de Milone,
a surrealista destituição de Gotti Tedeschi da que o Papa se inteirou pela
televisão, e a perseguição contra Vallejo Balda: o intento de manter
intacta a atual opacidade e putrefação das finanças vaticanas.
Um forte abraço
Gabriel
Ariza Rossyhttps://preview.mailerlite.com/d3h0x9/1110600258074710781/g9n2/
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