Por
Airton Vieira*
... é
um ponto no tempo onde as pessoas precisam fazer uma ruptura dura, de algumas
dessas ferramentas...
O trecho acima foi
extraído do vídeo indicado ao final, que fala sobre como já estamos enredados
na tarrafa da tecnologia infernal, que dos singelos jornais e periódicos chegou
ao 5G, essa coisa com nome de monstro tipo Godzilla. O vídeo traduz muito do
que muitos de nós estamos não só vivenciando, o que é evidente, mas percebendo
e sentindo [e nisso concordes], embora permitindo-nos enredar por este moderno monstro,
ou vício. É que o vício, segundo o Alexander Pope, é “um monstro de aspecto tão
horrível que basta vê-lo para detestá-lo. Mas olhá-lo por demais acostuma-nos
com seu rosto. Tolerado inicialmente, em seguida nos dá pena, por fim se o
abraça”.
E é onde estamos com o
monstro da tecnologia, isso, quem a ele tem acesso e está, como eu ou quem me
lê, em seu raio de alcance.
E raio de alcance lembra
Santo Agostinho, para quem o diabo é um cão raivoso, no entanto atado à corrente,
e que por isso morde só quem a ultrapassa. Mas, raios!, é justo como estamos: já
bem mordidos, de curiosos e futriqueiros que somos..., que digo?, devorados!,
porque o diabo é também leão que ruge buscando a quem devorar. E como tem
devorado...
Há coisa pior, porém, e
é determinado tipo de masoquismo romântico já entranhado.
Estraçalhados que vamos ficando, sentimos prazer não ao modo de S. Inácio, que quis ser trigo de Deus[1]. Gostamos de oferecer nosso abraço amigo, ao inimigo. Dar a vida a quem nos quer mortos, eternamente. Morrendo antes de morrer, mortos vivos como os zumbis, ou as crianças desta ilustração, anos luz distantes e dissociados da dignidade com que nos dotou o Criador, que nos fez “... pouco inferior aos anjos...” (Sl VIII). Desta dignidade já nem sombra...
Estraçalhados que vamos ficando, sentimos prazer não ao modo de S. Inácio, que quis ser trigo de Deus[1]. Gostamos de oferecer nosso abraço amigo, ao inimigo. Dar a vida a quem nos quer mortos, eternamente. Morrendo antes de morrer, mortos vivos como os zumbis, ou as crianças desta ilustração, anos luz distantes e dissociados da dignidade com que nos dotou o Criador, que nos fez “... pouco inferior aos anjos...” (Sl VIII). Desta dignidade já nem sombra...
E sombra lembra ocaso, tal
qual o atual, como há duas centúrias já o dizia S. Antônio Maria Claret, o
santo arcebispo de Cuba, que se por lá não passasse uma centena de anos antes
de Fidel, Cienfuegos e el Che, o
estrago seria maior. Já em meados de 1800 nos fala sobre este ocaso da história em um livrinho pouco conhecido, mesmo dos claretianos,
que fiz o favor graças ao favor de Deus de traduzir: A época presente considerada como provavelmente a última do mundo[2].
Isto para que o leitor o leia e o faça ler, pois a vida pode ser que não seja a mesma após sua leitura; para melhor, o digo. Mesmo como ato de caridade a fim de tirar, a si e ao próximo das garras do leão, ou da boca do lobo, que é outro bicho símbolo do diabo, e da tecnologia. Não por acaso também dos maus pastores, que hoje abundam...
Isto para que o leitor o leia e o faça ler, pois a vida pode ser que não seja a mesma após sua leitura; para melhor, o digo. Mesmo como ato de caridade a fim de tirar, a si e ao próximo das garras do leão, ou da boca do lobo, que é outro bicho símbolo do diabo, e da tecnologia. Não por acaso também dos maus pastores, que hoje abundam...
Voltando ao título,
vejo, apesar da miopia e o astigmatismo avançados, que o tsunami tecnológico varre
já a quase totalidade das almas; e isso é apocalíptico; no mais estrito, posto
que é letra, palavra, linha, parágrafo, capítulo e livro inspirado. Por Quem
sabe aonde vai dar tudo isso, e o sabe desde sempre.
Ciente, como católico,
do que o futuro primeiro santo jornalista[3] dizia
sobre a Bíblia não falar nada, mostro não somente o que vai escrito, mas inda escorreitamente
interpretado. Há quase dois milênios o apóstolo, também evangelista e epistolar,
mas sobretudo santo, João, o Boanerges, trovejava (Ap XIII, 16ss):
E fará que
todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tenham um sinal
na sua mão direita, ou nas suas frontes; e que ninguém possa comprar ou vender,
exceto aquêle que tiver o sinal ou o nome da bêsta, ou o número de seu nome. É
aqui que está a sabedoria. Quem tem inteligência, calcule o número da bêsta.
Porque é número de homem; e o número dela é seiscentos e sessenta e seis.
Hoje é senso comum que
esse negócio de marca tenha a ver com
tecnologia, do contrário, impossível se impedir de comprar ou vender, tendo em vista
a proibição prevista em escala mundial. Ainda que para tal tenham de reduzir a
humanidade, que é o que vêm aprontando, das formas as mais diabolicamente
criativas, os cabalistas e gnósticos “pérfidos judeus” donos do mundo.
E “pérfidos judeus” lembra
pérfidos judeus. Salientando que estes aqui estão nem tanto porque alguns
querem acabar com a quase totalidade do resto (para eles) do mundo, mas afim de
permitir-me, sob concessão literária, uma indagação/digressão exegética. E esta
é: ao ser retirado da súplica litúrgica o sapiente e caridoso perfidis Iudaeis[4],
não se terá retirado do meio o katejon
de que fala o Apóstolo[5],
ou ao menos uma sua parte, que impede o Anticristo de estrear os seus 7 anos de
fama?...
Como não pretendo, como
dito, navegar pelas águas turvas do livre exame, deixo a credenciada exegese
para quem de direito. É de S.A.M.C, no opúsculo acima, uma mui singular
interpretação do mistérico 666[6]
que, espero, seja de serventia para o aqui tratado:
Muito têm
trabalhado os expositores para explicar este nome, e eis aqui como discorrem:
Os números usados pelos gregos (em cujo idioma escreveu são João o Apocalipse)
não são outros que suas mesmas letras. Estas letras numerais, juntas e
combinadas entre si, devem formar alguma palavra, pois são letras. Em seguida a
palavra que, composta de letras gregas, dá o número 666, deve por sua vez
expressar um nome, e esse será precisamente o nome, ou o caráter, ou o
distintivo próprio da besta, ou seja, do Anticristo.
Uma destas combinações dá pontualmente a palavra grega Arnoume ou Arnouma, que
corresponde e equivale à latina Abrenuntio,
e à espanhola Reniego (Renego).
Assim, pois, do
mesmo modo que para passar do poder de Satanás ao de Jesus Cristo e ser seu filho, o cristão diz no Batismo: Abrenuntio Satanae; assim para apostatar, para passar-se ao partido da
emancipação, da independência, do Anticristo,
proferirá em sentido contrário esse mesmo Abrenuntio,
dizendo essas horríveis palavras: Renego o Criador do céu e da terra, e sua
lei; renego a Jesus Cristo, sua
doutrina e seus Sacramentos... Nesta apostasia formal da religião católica que
antes se professava, consiste precisamente o solvere Jesum de que
em outra parte fala são João. Diz o sagrado Texto que os apostatas levarão em
sua fronte ou em suas mãos o nome ou caráter da besta, para denotar a
publicidade e descaro com que professarão o Anticristianismo. As mãos e a
fronte são o que há de mais visível e público no homem, e ao mesmo tempo são
dois símbolos dos mais expressivos do modo de agir o primeiro, e do modo de
pensar o segundo. Rompidos, pois, os laços da fé, da esperança e da caridade;
desatadas de Jesus, da verdade e
sabedoria eterna, as mãos e a fronte, não há dúvida de que os pensamentos e as
operações serão postos em uma suma e escandalosa liberdade, imprópria e indigna
de filhos de Deus e ainda de
racionais, e unicamente digna e própria de brutos insensatos e bestas ferozes Homo cum in honore esset non intellexit;
comparatus est jumentis insipientibus, et similis factus est illis (Sl
XLVIII, 13).
Brutos insensatos e bestas ferozes! Não será acaso esta exatamente a imagem do homem
atual, outrora imagem e semelhança de Deus e “pouco inferior aos anjos”? Aos
porcos [bestas] foi desaconselhado atirar pérolas, porque as calcam e
despedaçam, se voltando contra os que as lançaram. Assim anda o homem atual
bestializado: renegando em cartório (sic!) sua certidão batismal, enquanto profana
e blasfema a Eucaristia.
Em que podemos
considerar outras interpretações abalizadas da Tradição e o Magistério, não se
pode negar que a tecnologia, como se conhece e utiliza, já é o grande
instrumento de sedução e negação da Fé e da Moral, por atrair as
concupiscências dos olhos e da carne, bem como a soberba da vida, difundindo o
que não presta como se prestasse, fazendo chamar doce ao amargo, certo ao
errado, ao ponto de já se conferir, oficialmente!, cidadania a máquinas e igualdade de direitos entre animais
racionais e irracionais. Sem falar em gente que, enamoradas de construções
civis, já pleiteiam o direito ao “matrimônio” com as mesmas[7].
Seguindo com o Boanerges,
tremendo o desfecho dos que se embrenham por esta senda:
E seguiu-se a
êstes um terceiro anjo, dizendo em alta voz: Se alguém adorar a bêsta e a sua
imagem, e receber o sinal dela na sua testa ou na sua mão, também êste beberá
do Vinho da ira de Deus, lançado puro no cálice da sua ira, e será atormentado
em fogo e enxofre diante dos santos anjos, e na presença do Cordeiro; e o fumo
dos seus tormentos se levantará pelos séculos dos séculos, sem que tenham
descanso algum, nem de dia nem de noite, aquêles que tiverem adorado a bêsta e
a sua imagem, aquêle que tiver recebido a marca do seu nome. (Ap XIV, 9-11)
Por isso o vídeo
abaixo, mais algumas matutadas, fez-me comprovar com um dos entrevistados, que
também eu o quanto antes devo chegar ao meu ponto de inflexão, “... um ponto no tempo onde as pessoas precisam fazer
uma ruptura dura, de algumas [quiçá de muitas!] dessas ferramentas...” da New World Order, que nada mais é que a retomada
do projeto da Babel primeira: falso, ilusório e enganoso reordenamento da ordem
estabelecida pelo Criador, arquitetado pelos pérfidos renegadores da Pedra
Angular.
Crux sancta sit mihi lux, non draco sit mihi dux!
Na
Quaresma do ano da Graça de 2019!
***
Vídeo: A verdade da qual estamos sendo distraídos:
In: <https://www.youtube.com/watch?v=sBD7uk7LmME>. Acesso em 20 de fev. 2019.
_______________________
* É autor e
tradutor de textos publicados pela internet, bem como tradutor dos livros Os Sermões de São Vicente Ferrer sobre o
Anticristo e o Juízo Final e A época
presente considerada como provavelmente a última do mundo, ambos pela Ed.
Martyria (2018).
[1] “Eu suplico a vocês: Não mostrem
comigo uma caridade inoportuna. Permitam-me ser pasto das feras, pelas quais me
será possível alcançar a Deus. Antes, excitem os leões, para que se convertam
em meu sepulcro. Assim serei um verdadeiro discípulo de Cristo. Sou trigo de
Deus. Quero ser triturado e moído pelos dentes das feras, a fim de me converter
em pão puro de Cristo”. (Inácio de Antioquia. In: Carta aos Romanos)
[2] CLARET, S.A.M. A época presente considerada como
provavelmente a última do mundo – segundo os dados que sobre esta nos
fornecem as Sagradas Escrituras, os Santos Padres e expositores daquelas.
Matias Barbosa, MG: Martyria, 2018 [primeira edição quase esgotada].
[3] Ele (o protestante)
não acredita, convencionalmente, no que a Bíblia diz, pela simples razão de que
a Bíblia não diz nada. Você não pode colocar um livro no banco das testemunhas
e perguntar o que ele quer dizer. (G. K.
Chesterton).
[4] Locução latina, constante na liturgia da
Sexta-Feira Santa desde o século VI até o pontificado de João XXIII, quem a
suprimiu. Para melhor compreensão desta postagem é imprescindível a leitura de Observações
filológicas e hermenêuticas ao Oremus et pro Iudaeis. Em: <romadesempre.blogspot.com/2019/02/observacoes-filologicas-e-hermeneuticas.html>.
Acesso em: 20 fev. 2019.
[5] Katejon. Do grego: obstáculo; mencionado em 2 Tes 2, 3-7, que também recomendo a
(re)leitura.
[6] CLARET. Op.
cit., pgs. 58s.
[7] Patologia por nome objetofilia. Sobre a mesma, ver: <https://romadesempre.blogspot.com/2018/11/casou-com-uma-estacao-de-trem-e-garante.html>.
Acesso em 25 fev. 2019.
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