sexta-feira, 26 de abril de 2024

A falta de caridade nos funerais

 






Certamente qualquer leitor terá tido uma, ou muitas mais, experiências de assistir a Missas fúnebres de familiares ou entes queridos. Falo tanto dos funerais sem Missa quanto da própria  Missa pelo descanso eterno dos falecidos. Em todos os casos há um momento obrigatório para o sermão do sacerdote e é nesse momento, a homilia, onde há muitos anos (já décadas) se verifica uma falta de caridade muito notória para com a alma daquele a quem se destina o sacrifício eucarístico.

 

A fé já se perdeu no purgatório? A ideia de pecado já desapareceu até entre os sacerdotes? Será que a duvidosa “empatia” com os assistentes é priorizada em detrimento do bem moral para com o falecido?; São questões que surgem das mesmas respostas que devemos ter a coragem e a humildade de reconhecer.


Isso acontece da maneira generalizada: o padre canoniza o falecido desde o primeiro minuto. Afirma-se que ele já está no céu, que nos observa desde a glória eterna, feliz por nos ver naquele “encontro” que a Santa   Missa parece ter se tornado. O sacerdote desenvolve um enorme louvor às virtudes do falecido como trabalhador, membro da comunidade, da sua família, do seu país, das suas relações sociais...etc; depois aderirá ao clichê de que “todos já estamos destinados à salvação, façamos o que fizermos…”; Ele até ousará, às vezes o faz, ignorar a cor roxa (o preto quase nunca aparece) para substituí-la pelo branco da “evidente” ressurreição dos falecidos. Pode ser que em breve seja anunciada a ressurreição do seu corpo, embora o fim do mundo ainda não tenha chegado... ao mesmo tempo.

Então, como efeito imediato: ninguém vai rezar pelo descanso eterno daquela alma, ninguém vai considerar que ela possa está no purgatório (se estiver no inferno, a   Missa não serve para nada) e que todas as orações, as   Missas... representam a maior obra de amor ao próximo (da qual parece que tanto se fala hoje) ao confortar aquela alma naquele estado de purificação que, realisticamente, é o destino da grande maioria das almas que têm pena de salvação já que nada minimamente impuro pode entrar no céu….e quem pode afirmar que a sua vida está completamente purificada?…se mesmo em revelações privadas aprovadas pela Igreja temos mensagens de almas que passaram algum tempo no purgatório e hoje são veneradas como canonizadas.

Devemos recuperar o autêntico sentido sobrenatural e caritativo. O louvor, se for sincero e não lisonjeiro, deve ser dado durante a VIDA dos entes queridos, mas não esperar que morram, pois, tal louvor NÃO contribui em NADA no julgamento de Deus. E o que contribui para a alma que se purifica são os sufrágios, as orações, os terços, a pregação das indulgências, as   Missas (sobretudo): e nesse sentido devem ir as homilias dos sacerdotes, e não no sentido profano de buscar o brilho perante os assistentes e, quem sabe, fortalecendo a “carreira” eclesiástica para aspirar a cargos, mitras ou capelos…..e as almas do purgatório na solidão e sem sentir o verdadeiro AMOR dos seus familiares, amigos, nem de aqueles de nós que têm a obrigação muito séria de encorajar orações por eles e não se afundar em elogios completamente vãos.

 

Padre Ildefonso de Asís

 

Fonte: adelante la fé: La falta de caridad en los funerales

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