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Luís XVIII
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A Restauração corresponde ao período em que reinaram Luís
XVIII (1815-1825) e Carlos X (1825-1830), irmãos de Luís XVI.
Desmoronado o império, a França julgou que somente
aqueles que a tinham construído poderiam, após tanta desordem e tanta ruína, reerguê-la
e fazê-la reentrar em seus caminhos. Ela voltou, pois, os olhos para os filhos
de São Luís. Já em 1799 seu coração os chamava. A Franco-Maçonaria teria
querido, se o regime monárquico se impusesse novamente, entregarnos a príncipes
estrangeiros. Mirabeau tinha adiantado a candidatura do duque de Brunswick e,
desde 1791, Carro tinha proposto ao chefe dos jacobinos a candidatura do duque
de York, filho do rei da Inglaterra. Mas a seita sentia tão bem que o desejoda
nação pedia o retorno dos Bourbons, e que um dia ou outro esse desejo
irresistível venceria, que ela quis tomar a dianteira e assenhorear-se do
movimento para dominálo e dirigi-lo. Dois maçons eméritos, os generais Malet e
Oudet, fundadores da sociedade dos Filadelfos em Besançon, entabularam
negociações com Luís XVIII. Eles foram preteridos por Sieyès e aqueles que,
como ele, preparavam a ditadura que foi inaugurada com o golpe de Estado de 18
do Brumário.
O que maçonaria queria, por um meio ou outro, era, mesmo
sujeitando-se às necessidades que se impunham, salvar a Revolução, manter
seu espírito e resguardar o mais possível suas conquistas. A seita obtivera isso de
Napoleão pelo despotismo;de Luís XVIII ela pretendia obter pelo que ela chamava de
“liberdade”. O que Malet e Oudet tinham querido negociar com Luís XVIII era, fato
que se deu quinze anos mais tarde, o
estabelecimento do regime constitucional, do mecanismo parlamentar que permitiria
continuar a guerra contra a Igreja.
Em 1799 Luís XVIII teria podido se livrar mais facilmente
do aperto maçônico. Ele teria sido mais livre para restaurar a antiga
constituição nacional, despojada de seus abusos. O restabelecimento do culto católico se impunha,
já o vimos, a ponto de Napoleão não ver nada de mais urgente do que negociar com
o Papa. Se Luís XVIII, em vez de Napoleão, tivesse negociado a Concordata, ela
teria sido outra. Ele mostrou bem isso através das negociações cuja iniciativa
ele tomou junto à Santa Sé após a segunda Restauração, com o objetivo de melhorar
aquela que Napoleão lhe havia legado; e, livre, a Igreja de França, purificada
pelo martírio, desembaraçada das manchas do jansenismo, teria podido recolocar a nação
cristianíssima nas vias da verdadeira civilização.