A imagem que estará associada com a abertura do Jubileu extraordinário da Misericórdia não será a cerimônia antitriunfalista celebrada por Francisco na manhã do dia 08 de dezembro, mas o estrondoso espetáculo Fiat lux: iluminação da nossa casa comum, que pôs fim à jornada inundando de luz e sons a fachada e a cúpula de São Pedro.
Junto à fundação
patrocinada pelo Grupo do Banco Mundial, imagens de
leões, tigres e leopardos sobreposto de proporções gigantescas se sobrepunha à fachada
de São Pedro, que significa precisamente sobre as ruínas do Circo de Nero, onde
os animais selvagens devoravam cristãos. O jogo de luz parecia que a basílica
foi colocada a baixo, e foi dissolvida, submerça. Sobre a fachada passavam
peixe-palhaço e tartarugas marinhas, fazendo pensar na liquefação das
estruturas da Igreja, desprovida de qualquer elemento que poderia trazer-lhe
força. Uma enorme coruja e animais estranhos aéreos voavam em torno da cúpula, e
monges budistas passavam caminhando fazendo entender que existe uma forma
alternativa de salvação ao Cristianismo. Em
momento nenhum se mostrou qualquer símbolo religioso ou qualquer alusão ao Cristianismo;
a Igreja deu lugar à natureza soberana.
Andrea Tornielli escreveu que não deveríamos estar escandalizados
porque, como documentado pelo historiador de arte Sandro Barbagallo em seu
livro Gli animali nell'arte religiosa. La Basílica di San Pietro (Libreria
Editrice Vaticana, 2008), ao longo dos séculos, tem havido muitos artistas que
representaram uma fauna exuberante ao redor do túmulo de São Pedro. Mas se a
Basílica de São Pedro é um zoológico sagrado, como definiu irreverentemente o
autor desse trabalho, não é porque os animais representados na basílica estão
reunidos em um lugar sagrado, mas porque
é sagrado, ou seja ordenado uma ordem transcendente, o significado
atribuído a arte de tais animais.
De fato, no Cristianismo
os animais não se divinizam. Eles são
valorizados pela sua finalidade, que foi destinado por Deus para servir o homem. O salmista
diz: “Deste [ao homem] poder sobre as obras das suas mãos, e tudo colocaste debaixo de seus pés: todas as ovelhas e bois,
e até mesmo os animais selvagens, os pássaros e os peixes do mar” (Sl. 8, 7-9).
Deus colocou o homem no vértice da
criação, como rei da criação, e tudo tem de ser ordenado a ele para por sua
vêz ordenar tudo a Deus como um representante do universo (Gênesis 1: 26-27). O objetivo final do universo é Deus, mas o
fim imediato do universo físico é o homem. “De certa forma, somos também o fim de todas as coisas”, diz São
Tomás (II Sent., d. , q.2, a. 4 sed contra), porque “Deus criou tudo para o
homem” (Super Symb. Apostolorum, art. 1).
Além disso, a simbologia cristã atribui a animais
significado emblemático. O Cristianismo
não está preocupado com a extinção de animais nem em seu bem-estar, mas no sentido
último e mais profundo de sua presença.
O leão é um símbolo da força e o cordeiro da bendignidade, para recordarmos da
existência das virtudes e de várias perfeições, que apenas Deus possui
inteiramente. Na Terra, uma gama prodigiosa de seres criados a partir de
matéria inorgânica até que o homem tem uma essência e uma perfeição íntima que é
expressa através da linguagem dos símbolos.
O ambientalismo é
apresentado como uma cosmovisão de mundo que perturba essa escala hierárquia,
eliminando a Deus e destronando o homem. Este último é
colocado em igualdade plena com a natureza em uma relação de interdependência
não só com animais, mas mesmo com os inanimados componentes do meio ambiente:
montanhas, rios, mares, paisagens, cadeias alimentares, ecossistema ... Essa cosmovisão
de mundo tem por objeto excluir qualquer linha divisória entre o homem e o
mundo. A Terra forma junto com sua biosfera uma espécie de unidade geo-ecológica
unitária. Torna-se mais do que apenas uma “casa comum”: representa uma divindade.
Cinqüenta anos atrás, quando o Concílio Vaticano II foi
encerrado, o tema dominante naqueles momentos históricos se manifestava como
certo um “culto do homem” contido na fórmula do “humanismo integral” de Jacques
Maritain. O livro desse filósofo francês foi publicado em 1936, mas a sua maior
influência foi principalmente quando um leitor entusiasta de sua obra, Giovanni
Battista Montini, uma vez eleito Papa com o nome de Paulo VI queria fazê-lo
como a bússola de seu pontificado. Em sua homilia durante a missa no dia 7 de
dezembro de 1965, ele lembrou que no Vaticano II o encontro entre “a religião
de Deus feito homem” e a “religião (porque é) do homem que se fez Deus”.
Cinquenta anos
mais tarde, vemos a passagem do humanismo integral para a ecologia global; da carta
internacional dos direitos humanos para os direitos da natureza. No
século XVI, o humanismo havia rejeitado a civilização cristã medieval em nome
do antropocentrismo. A tentativa de construir a Cidade do Homem sobre as ruínas
da Cidade de Deus tragicamente falharam no século XX, e não valeu de nada tentar
cristianizar o antropocentrismo com o nome do humanismo integral. A Religião do
homem é substituída pela da Terra: o
antropocentrismo, criticado por seus desvios, é substituída por uma nova visão
de mundo ecocêntrica. A Ideologia de gênero, que dissolve toda a identidade e
toda essência, foi inserida nesta perspectiva panteísta e igualitária.
Este é um
conceito radicalmente evolutivo que coincide em grande parte com o de Teilhard
de Chardin. Deus é a “auto-consciência” do universo que evoluindo
torna-se consciente da própria evolução. Não é nenhuma coincidência a citação
de Teilhard no parágrafo 83 da Laudato
Si, a encíclica do Papa Francisco em que filósofos como Enrico Maria Radaelli e
Arnaldo Xavier da Silveira destacaram pontos que discordam da Tradição
Católica. E o show Fiat Lux é retratado como um manifesto ambiental que tem o propósito
de expressar em imagens a encíclica Laudato Si.
No jornal Libero, Antonio Socci, ele definiu como “uma encenação gnóstica e neo-pagã com uma mensagem ideológica claramente
anticristã” e observa que “em São
Pedro preferiram, na festa da Imaculada
Conceição, em vez de celebrar a Mãe de Deus foi celebrada a Mãe Terra, para
espalhar a ideologia dominante, a (religião do clima e da ecologia) a religião
neo-malthusiana e neo-pagã, apoiado pelos poderes do mundo. É uma profanação
espiritual (e também porque esse lugar, não esqueçamos, é um lugar de martírio
cristão)”.
Portanto escreveu por sua parte Alessandro Gnocchi em
Ricossa Cristana não foi o Estado islâmico que profanou o coração da cristadade,
ou extremistas laicos que zombava da fé católica, nem artistas blasfemadores os
quais estamos acostumados a ultrajarem a fé de muitos cristãos. Não há
necessidade de revistar visitantes e fazê-los passar pelo detector de metais
para impedir a entrada de vândalos para a cidadela de Deus: já haviam penetrado
na fortaleza e ativado bomba multicor
ante a televisão mundial a salvo desde a sala de controle.
Fotógrafos,
ilustradores e editores que fizeram o Fiat
Lux sabe o que é a Basílica de São Pedro para os católicos, a imagem
Material do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Os conjuntos de
iluminação projetados na basílica tinha uma intençõ simbólica, antítese do que representavam
todas as luminárias, lâmpadas e fogo, que passaram ao longo dos séculos o
significado da luz divina. Essa luz se apagou em 8 de dezembro. Entre as
imagens e luzes projetadas na Basílica faltava a de Nosso Senhor e da
Imaculada, cuja festa foi celebrada no mesmo dia. A Praça de São Pedro estava
imersa na falsa luz que leva o anjo rebelde, Lúcifer, o príncipe deste mundo e
das trevas.
Dizer luz divina não é uma metáfora, mas uma realidade,
assim como também a escuridão real que envolve o mundo de hoje. E nestas
vésperas de Natal, a humanidade espera o momento em que a noite se iluminará
como o dia “sicut morre illuminabitur nox” (Salmo 11) e as promessas feitas em
Fátima pala Imaculada serão cumpridas.
Adelante la fé - La Basílica de San Pedro
profanada
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